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Editorial JC: Pernambuco no imaginário coletivo

Roteiros turísticos baseados em cenas de filmes produzidos no Recife chamam atenção para o potencial de atração da cultura pernambucana

Por JC Publicado em 30/11/2025 às 0:00 | Atualizado em 01/12/2025 às 7:17

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A cultura cinéfila é uma das maiores forças propulsoras da curiosidade das pessoas para visitar lugares que não conhecem, e voltar àqueles carimbados no passaporte visual como retornos obrigatórios. A indústria de filmes de Hollywood explora esse filão para a cultura dos Estados Unidos há décadas.

Mas também se pode perceber esse tipo de indução em filmes europeus – italianos, franceses, alemães, ingleses, etc. – e asiáticos. A repetição de imagens dos locais por ângulos diferentes cria cartões postais cinematográficos que se espalham pelo tempo e pelo espaço, onde o filme alcançar um olhar.

O Recife tem encantado olhares vidrados nas telas no mundo inteiro, com filmes premiados que evocam paisagens do passado e do presente da capital pernambucana. Em matéria de Emmanuel Bento publicada no JC do último sábado, o turismo cinematográfico recifense foi abordado, tendo como referência, em especial, a produção do diretor Kleber Mendonça Filho, um apaixonado pela terra natal que faz questão de mostrar e cultuar o Recife em seus filmes.

Um edifício em Boa Viagem que ganhou fama em “Aquarius”, de 2016, ou o Cine São Luiz, que também já foi palco para obra do diretor, e mais recentemente, a paisagem urbana exibida em “O agente secreto”, destacando bairros como Santo Antônio e Boa Vista, são roteiros cada vez mais procurados por turistas que chegam à cidade.

Do Capibaribe de João Cabral de Melo Neto à Casa Forte de Lenine, não faltam indicações para atiçar o desejo de vir ou voltar a Pernambuco. Sem esquecer as estações clássicas do Carnaval e do São João, sobram motivos de passeios inesquecíveis no território pernambucano, do mar avistado no Marco Zero entre as esculturas de Francisco Brennand e a rosa dos ventos de Cícero Dias, até o sertão irrigado de Petrolina, passando pelo clima ameno do Agreste.

O que Kleber Mendonça faz no Recife, poderia ser realizado em diversos pontos de nosso território. Assim como há estímulo para facilitar filmagens no Recife, pode haver mais investimento e incentivo para transformar Pernambuco em um destino cultural em qualquer dia do ano, a partir da disseminação da história, da cultura e das paisagens através de roteiros relacionados ao cinema, à música e à literatura.

Na esteira do passeio cinematográfico, a capital e outras cidades contam com potencial para o desenvolvimento de roteiros culturais que dizem muito das raízes e da formação do povo pernambucano. A identidade que se transmite, na tela grande, no frevo, nos livros, no teatro, no artesanato e outras manifestações, constitui um manancial de atrativos para o imaginário coletivo, que tem tudo para ser aproveitado como chamariz do turismo, tanto para viajantes estrangeiros, quanto para brasileiros de outros estados.

O cinema que desfilou em Cannes e pode fazer festa no Oscar faz parte de uma pernambucanidade que tem, na sétima arte, uma de suas expressões, com muitas histórias pra contar, e belezas para mostrar.

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