O mundo em guerras
Ataques da Rússia na Ucrânia e de Israel em Gaza, deslocamentos dos Estados Unidos e reforço das defesas em vários países, mostram um cenário sem paz

Clique aqui e escute a matéria
De pouco adiantam os alertas e reclamos de entidades globais, de líderes de grandes países, das populações nacionais, ou mesmo do Papa. Quanto maior é a indignação contra a destruição e a matança de inocentes, parece vir em dobro a obstinação dos arautos das guerras. Como nos últimos dias, em campanhas que duram anos, deixando um rastro de ruínas, mortes, feridos, famintos e muito medo na Faixa de Gaza e na Ucrânia, alvos dos ataques de Israel e da Rússia, respectivamente.
A derrubada de prédios tem sido ocorrência constante, na estratégia do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu contra o grupo terrorista Hamas. As mortes e a geração de uma legião de milhares de famintos não passam de efeitos colaterais, na visão belicista de que a perseguição ao terrorismo tem um preço a ser pago – no caso, pelos palestinos espremidos entre o Hamas e as bombas e drones de Israel. O mesmo vale para o território ucraniano devastado pelos russos. Em novo ataque aéreo, a Rússia lançou mais de 800 drones e mísseis na Ucrânia, causando a morte de cidadãos, incluindo um bebê, e deixando dezenas de feridos. Um prédio público foi atingido, na vizinhança de onde fica o presidente Volodimir Zelenski. Ao que sinaliza a ofensiva, o presidente russo, Vladimir Putin, decidiu mudar de fase, ampliando os bombardeios e reduzindo a margem para conversas de cessar-fogo e pacificação.
Enquanto a Europa planeja enviar forças de paz para defender a Ucrânia, Putin avisa que qualquer tropa estrangeira será vista como alvo legítimo. Depois do encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Alasca, semanas atrás, o russo demonstra menos temor ainda por represálias, especialmente as sanções econômicas que estariam na mesa de Trump, à espera da aplicação. A postura de reverência do ocupante da Casa Branca ao ditador do Kremlin, foi interpretada por alguns analistas como permissão tácita para a continuidade das investidas militares dos russos nas fronteiras da antiga União Soviética.
Para piorar o cenário de escalada das armas e da violência em âmbito internacional, Trump vem ameaçando a Venezuela de Nicolás Maduro com idêntica naturalidade, surgindo como terceiro possível agente oficial em prol das guerras na atualidade. Ao posicionar navios e aviões perto da América do Sul, o presidente norte-americano passa mais do que um aviso, revelando a intenção de copiar o que está sendo feito em Gaza ou na Ucrânia. Ao enxergar os navios dos EUA no horizonte, o presidente venezuelano oscila entre a ameaça de revide e o apelo ao diálogo que evite o confronto entre os dois países.
O aumento dos gastos com armas e equipamentos bélicos vem batendo recordes sucessivos nos últimos anos. Ao redor de zonas de conflito há anos, o Oriente Médio e a Europa investem no incremento da defesa. E os Estados Unidos, país campeão das despesas, pode renovar o ímpeto bélico, caso Trump incorpore o uso da potência armamentícia ao discurso da “América grande novamente”.