Atrás do prejuízo
Único do país com índice de desempregados acima de 10%, o nosso estado segue em busca de melhores condições para o crescimento econômico

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou números animadores a respeito da retomada da criação de empregos no país. De acordo com os novos dados, em 18 das 27 unidades da federação houve recuo do desemprego, ou seja, a economia reage com a geração de postos de trabalho, elevando a distribuição de renda e melhorando a qualidade de vida da população. A média nacional no segundo trimestre foi de 5,8%, a menor registrada desde 2012. Para chegar na média, a estatística variou do menor índice de desemprego, em Santa Catarina, com apenas 2,2%, ao maior – infelizmente, em Pernambuco, que apontou 10,4% de desempregados no período.
A tendência de recuperação fez com que 12 estados apresentassem o menor desemprego em suas séries históricas, a exemplo de Minas Gerais (4%) e São Paulo (5,1%), mas também do Rio Grande do Norte (7,5%) e da Paraíba (7%). Nota-se que não se trata, portanto, de fenômeno restrito à região mais rica, encontrando bons desempenhos no Nordeste. Até mesmo em Pernambuco: o índice anual de desemprego foi de 15,9% em 2022, de 13,4% em 2023, chegando a 10,8% em 2024, menor taxa desde 2015. O problema é que o desemprego no estado era – e continua sendo – muito alto.
De maneira geral, um fator cuja constatação repete a importância de políticas públicas inclusivas, é que a educação importa: o desemprego foi mais alto as pessoas com ensino médio incompleto ficaram em maior número relativo de desemprego (9,4%) do que as que possuem ensino superior completo (3,2%). O desemprego de longo prazo no país vem diminuindo, e o rendimento médio dos brasileiros, aumentando, embora ainda seja menor que R$ 3,5 mil, cerca de metade do valor indicado por pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) como o salário mínimo necessário para o último mês de junho.
Em Pernambuco, o segundo trimestre de 2025 significa leve alta em relação ao último trimestre de 2024, quando o desemprego estava no patamar de 10,2%, menor taxa trimestral em uma década. O rumo das políticas publicadas em execução pelo governo estadual, para se manter na direção da geração de postos de trabalho, pode precisar de avanços estruturais que não se alcança rapidamente. E depende, quase sempre, de altos e contínuos montantes de investimento. Foi o que se viu em Pernambuco durante o boom dos empregos da Refinaria Abreu e Lima. Mas ao invés de um único empreendimento de porte, os pernambucanos aguardam a abertura de oportunidades variadas, em todas as regiões e polos regionais, a partir de melhores condições estruturais espalhadas pelo território – ou que façam a sua integração.
Enquanto corre atrás do prejuízo no desemprego que vem de longe, o estado se defronta com uma ameaça de fora – o tarifaço aos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. Mesmo que não represente percentual expressivo da economia pernambucana, o tarifaço incide sobre setores estratégicos, como a fruticultura do Vale do São Francisco, e a tradicional produção de açúcar.