Editorial | Notícia

Concessões fazem diferença

Mesmo com as estações de BRT como polos de criminosos, integrações sob concessão já dão bons resultados em serviços para a população

Por JC Publicado em 28/07/2025 às 0:00

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Dentre os inúmeros e cansativos problemas do transporte coletivo em Pernambuco, a degradação das estruturas existentes, ao longo de vários anos, contribuiu para a fuga de passageiros e o crescimento do transporte alternativo de mototáxis e motos de aplicativos. O afundamento do Metrô do Recife é a maior evidência do sucateamento. Mas no transporte de ônibus, além das deficiências acumuladas em desconforto, insegurança e falta de manutenção e renovação da frota, o maior exemplo de mau serviço para os cidadãos são as estações de BRT. Sem ar-condicionado há cinco anos, o ambiente que não é propício à espera dos passageiros – função para a qual foi criado – estimula a ocupação de invasores e bandidos, à espreita de quem chega para se deslocar. Uma triste mostra de como o direito ao transporte pode se tornar um martírio, e uma boa ideia, como o BRT, é desvirtuada.
Das 44 estações na Região Metropolitana, 41 não contam com refrigeração. Os aparelhos foram roubados, as estações, vandalizadas, e nenhuma solução surgiu para garantir a integridade dos espaços e a segurança dos cidadãos. Para completar, passageiros insatisfeitos aproveitam para não pagar a tarifa, gerando evasão de receita no sistema. A condição precária das estações de BRT comprometem a concessão privada que detém a responsabilidade de manter os sistemas de ar-condicionado, e não instalar novos sistemas. O governo de Pernambuco deveria ter reinstalado o que foi roubado e danificado, mas há cinco anos não o faz. A expectativa é que essa questão seja em breve resolvida. Segundo a atual gestão no Campo das Princesas, problemas na licitação que vem da gestão passada, atrasaram a reinstalação. Eis um ponto cego recorrente na administração pública brasileira: a protelação burocrática suspende o atendimento à população, que paga duplamente o preço da demora, sendo diretamente prejudicada sem que as providências ao benefício coletivo – que deveria ser prioridade – aconteçam.
Matéria especial no JC mostrou que as estações de BRT configuram o nó da concessão para a iniciativa privada de 26 terminais integrados de ônibus e metrô, e do conjunto de estações de BRT, que está em vigor há três anos. Nesse período, como constatou a reportagem, os terminais foram reformados, a operação foi organizada, e quiosques e áreas comuns, modernizados, oferecendo mais conforto e serviços aos usuários. A desordem reinante no TI Joana Bezerra até 2022, por exemplo, ficou no passado. A opção pela concessão se apresenta como certa, quando o retorno à população ocorre e contrasta com as limitações enfrentadas pela gestão pública.
E os resultados precisam, de fato, vir sem demora. Num contrato acima de R$ 100 milhões, com a duração de 35 anos, os cidadãos devem cobrar os direitos demandados, repassados do poder público à iniciativa privada. No caso do transporte, além de conforto e segurança, a oferta de informações sobre as viagens e a sinalização nos espaços são essenciais para melhorar a percepção da eficiência. É o que vem sendo visto em Pernambuco, nesses primeiros três anos.

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