Editorial | Notícia

Do Recife a Caruaru de trem

Expectativa sobre a viabilização da expansão do transporte sobre trilhos em Pernambuco surge por iniciativa de estudo da SUDENE e da UFPE

Por JC Publicado em 26/07/2025 às 0:00

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Todos os caminhos da estratégia econômica para o desenvolvimento mais rápido no Nordeste passam pela reformulação do sistema de transportes e mobilidade, restaurando a alternativa dos trilhos com a tecnologia disponível atualmente. Na direção do incremento do turismo, ou do fortalecimento das cadeias produtivas locais, a instalação de trilhos continua sendo o que já representou no Brasil e noutros países, séculos atrás: a abertura de fronteiras para o povoamento, e mais, a consolidação de destinos que sofrem estagnação, ou crescem mais lentamente do que poderiam crescer, sem adequadas ligações por terra para o deslocamento de pessoas e mercadorias.
Neste sentido, uma boa notícia chega aos pernambucanos. Em parceria com a UFPE, a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) analisa a possibilidade de revitalização da malha rodoviária do estado. Não apenas no contexto de ramificações da Transnordestina, mas em aplicações de interesse da população, como seria o caso de uma linha de trilhos entre o Recife e Caruaru. Uma iniciativa do governo federal que deve contar com o entusiasmo da governadora Raquel Lyra, tanto por envolver seu berço político, como por tratar de um renascimento para o sucateado sistema de transporte sobre trilhos, do qual a situação decadente do Metrô na Região Metropolitana é o principal retrato.
Imagine-se o impacto sobre o polo têxtil e de confecções, na região do Agreste, com uma ligação direta, rápida e confortável, por trilhos com a capital pernambucana. E o dinamismo que pode proporcionar à região inteira, ao longo do trecho de 120 quilômetros, facilitando o ir e vir de passageiros até Caruaru. Além disso, uma consequência esperada seria a melhoria do tráfego da BR-232 no trajeto, descongestionando o mais utilizado trajeto por terra até lá. O eixo de desenvolvimento no rumo do interior ganharia, certamente, uma nova escala.
Vale dizer que a Sudene não avalia apenas o trecho estratégico em Pernambuco, mas também os casos de Salvador a Feira de Santana (BA), Fortaleza a Sobral (CE) e São Luís a Itapecuru Mirim (MA). Em todos, a convergência da necessidade para a expansão econômica e a melhoria da qualidade de vida no Nordeste, muito atrás, no aspecto logístico, do Sudeste, por exemplo. A desigualdade regional no país também se apresenta nas dificuldades de transporte e mobilidade, que dificultam o desenvolvimento.
A estagnação do transporte sobre trilhos no Brasil, especialmente no Nordeste, reduz a competitividade das empresas e dos estados, e sobretudo, influencia negativamente na vida das populações. O potencial é enorme, e a urgência, inegável, para que as viagens de trem na região passem a fazer parte da rotina. Seja na expansão de linhas urbanas que contribuam para um ambiente mais sustentável, seja na diminuição do tempo e no aumento de segurança e conforto no deslocamento entre as cidades, estabelecendo rotas turísticas e de negócios atrativas em vários estados. Ao governo de Pernambuco, e aos prefeitos do Recife a Caruaru, cabe o incentivo possível para que o plano se torne logo realidade.

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