Prêmio ao conhecimento aplicado
Estudantes da rede pública estadual de Pernambuco se classificam para a final da Olimpíada de Tecnologia com projetos de inclusão social

Para além do cotidiano de fórmulas e teorias, a educação se desenvolve em suas aplicações para a sociedade, transformando os achados do conhecimento humano sobre a natureza em benefícios que melhoram a qualidade de vida das pessoas, e a nossa relação com o ambiente maior da vida ao nosso redor – da sustentabilidade dos ecossistemas locais até os mecanismos globais que regem as condições para a biodiversidade na Terra. E para que essas aplicações apareçam, o investimento em inovação passa pelo despertar da curiosidade de quem aprende, por quem ensina, e pela insistência da aposta no intelecto para a solução de problemas que parecem difíceis de solucionar.
A fase final da quarta edição da Olimpíada Brasileira de Tecnologia contará com a participação de 37 alunos Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Engenheiro Lauro Diniz, da rede pública estadual de Pernambuco. As equipes da escola irão apresentar, em São José dos Campos (SP), onde será a etapa, dois projetos classificados entre os melhores da competição. Um aplicativo para auxiliar na comunicação de pessoas autistas - com recursos de fonética e linguagem em Libras - e outro para ajudar pessoas idosas no aprendizado de ferramentas digitais. Em ambos, a preocupação com a inclusão é notória, dando ainda mais mérito às pesquisas realizadas e ao esforço coletivo que começa com o incentivo e a orientação de professores e professoras do ensino público pernambucano.
O processo que envolve o aprendizado dos estudantes e o desenvolvimento de aplicações para o que se aprende contém, desde o início, lições importantes que incentivam a superação das desigualdades e a busca de inclusão social. Afinal, os próprios estudantes da rede pública conhecem de perto, em sua maioria, os desafios impostos pela desigualdade. “É muito gratificante ver eles acreditando em si mesmos, acreditando que podem chegar mais longe. A gente sabe que a educação pública ainda enfrenta muitas defasagens, mas, quando colocamos esses estudantes em posição de destaque, eles mostram que podem alcançar grandes conquistas, inclusive medalhas de ouro em competições nacionais”, disse a professora Dinara Souza Leão Lopes à coluna Enem e Educação, do JC, assinada por Mirella Araújo.
Infelizmente, apesar do desempenho de excelência, o governo de Pernambuco não disponibiliza os recursos necessários para que os estudantes cumpram a etapa final em São Paulo. “Estamos falando de jovens da rede pública, de um bairro da periferia do Recife, que estão provando que talento, dedicação e conhecimento podem romper barreiras. Precisamos garantir que eles tenham a oportunidade de representar nossa escola, nosso estado e nossa região no cenário nacional”, conclama a professora. O custo estimado das despesas da viagem, entre os dias 12 e 21 de julho, é de pouco mais de R$ 1 mil por estudante. A escola está angariando contribuições para que o sonho da educação de alto nível seja uma experiência real para esses meninos e meninas que se destacam em criatividade e empatia, levando mais longe a boa fama da educação em nosso estado.