Temor de guerra mundial
Líderes de países e o secretário-geral da ONU dão voz ao medo que atravessa todo o planeta: o de uma escalada que envolva as potências

Enquanto o presidente dos Estados Unidos declara que “pode ir ou não ir” em apoio ativo a Israel nos ataques contra o Irã, como tem pressionado Benjamin Netanyahu, depois de Donald Trump falar que “ninguém sabe o que irei fazer” nas próximas duas semanas, a guerra no Oriente Médio está prestes a envolver atores de fora da região. O temor de que isso aconteça, levando norte-americanos e, numa hipótese possível, até os russos para um campo de batalha onde a temperatura bélica já se encontra elevada, ganhou força depois da afirmação de Vladimir Putin: “É preocupante. Estou falando sem ironia, sem brincadeiras. Claro que há muito potencial de conflito, ele está crescendo, e está bem diante de nossos olhos – e nos afeta diretamente”, disse, sem rodeios. Vale recordar que cientistas e técnicos russos trabalham em conjunto com os iranianos na pesquisa e construção de reatores nucleares, processo considerado por Israel e pelos EUA como sinal de desenvolvimento da bomba atômica.
Diplomatas de várias nacionalidades buscam frear o ímpeto da agressão mútua pelos ares riscados por mísseis que deixam rastros de ruínas e sangue no chão, no Irã e em Israel. Mas se Netanyahu não mudar de ideia, investindo na estratégia da força total contra os iranianos, e os líderes do Irã, por sua vez, não cogitarem conversa sem um cessar-fogo, as negociações não terão muita chance de prosperar no prazo sugerido por Trump – prazo esse que talvez não seja nada além de cortina de fumaça, antes de os EUA entregarem a Israel as armas para a continuidade e o aprofundamento da guerra.
Em reunião de emergência sobre o avanço dos fatos no Oriente Médio, a Organização das Nações Unidas (ONU) foi palco da confirmação dos ataques por Israel, cujo embaixador presente apenas disse que seu país não vai parar até que “a ameaça nuclear seja desmantelada”. O tom é o mesmo de Netanyahu e seus comandados em relação ao grupo terrorista Hamas em Gaza: enquanto houver indícios de presença, os ataques não vão cessar. Num caso como no outro, tais indícios são determinantes de ações de violência inclemente contra os palestinos e os iranianos. A comunidade internacional e a própria ONU já tentaram dissuadir Netanyahu, sem sucesso. Mas no G7 o primeiro-ministro israelense recebeu carta branca, há poucos dias, em relação aos objetivos no Irã – o que de certa maneira também corrobora a ansiedade de uma guerra ampliada com apoio dos países mais ricos do Ocidente.
O embaixador iraniano na ONU não escondeu o espanto pela notícia da preparação dos EUA: “Estamos alarmados com relatos confiáveis de que os Estados Unidos podem estar se juntando a esta guerra”, afirmou Amir Saeid Iravani, pedindo a improvável intervenção dos diplomatas para impedir essa expansão do conflito. Secretário-geral da ONU, António Guterres foi enfático em suas palavras. “Há momentos em que as escolhas diante de nós não são apenas importantes, são decisivas. Momentos em que a direção que tomarmos determinará não apenas o destino das nações, mas o futuro da humanidade. Estamos em um momento assim”. Qual será a decisão dos senhores da guerra?