SUSTENTABILIDADE | Notícia

Ranking do atraso brasileiro

Enquanto muito se espera do país que vai sediar a COP30 este ano, nenhuma cidade do Brasil é classificada como sustentável pela Oxford Economics

Por JC Publicado em 18/06/2025 às 0:00

Do berço esplêndido natural poderia se esperar formações urbanas mais equilibradas, em sintonia com o meio ambiente, sem abdicar das demandas do desenvolvimento para a população. Mas o Brasil inchou mais do que cresceu, em cidades mal povoadas, onde a sustentabilidade não foi pensada nem planejada junto com o crescimento – na maioria dos casos. Ou se foi planejada, a realidade não acompanhou os ideais preconizados nos anos e décadas que se seguiram. O resultado em nossos dias é um país onde as cidades são insustentáveis, nas quais a atualidade é precária do ponto de vista ambiental – e consequentemente da qualidade de vida. E o futuro é incerto e de pouca esperança para a sustentabilidade, se as condições estruturais não forem alteradas rapidamente, em virtude dos cenários previstos de mudanças climáticas sobre o mundo inteiro nas próximas décadas.
O ranking 2025 da Oxford Economics traz 63 cidades no mundo avaliadas como sustentáveis. Nenhuma é brasileira. Na lista das 10 mais sustentáveis, cinco são dos Estados Unidos, duas da Austrália, uma da Inglaterra, uma da França e uma do Japão. Entre elas, grandes cidades, como Nova York, Londres, Tóquio, Paris e Melbourne. Portanto, não é o tamanho que inviabiliza a sustentabilidade. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belém ou o Recife poderiam estar entre os destaques. A capital pernambucana só aparece na 756ª posição, bem atrás da capital paulista, que ocupa o 303º lugar.
E a pesquisa da Oxford analisou apenas mil cidades de todo o mundo. Em outro levantamento, divulgado no ano passado, o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC-BR), o Recife está na 2.154ª posição entre os 5.570 municípios do país, destacando-se negativamente nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que dizem respeito a inovação e infraestrutura, redução das desigualdades, igualdade de gênero, comunidades sustentáveis e parcerias para a implantação dos objetivos. No cômputo geral, os recifenses apresentam um nível de desenvolvimento sustentável baixo.
Também na perspectiva da Oxford, o Recife vai mal em qualidade de vida e economia. O que ilustra um problema de maior profundidade para o desenvolvimento sustentável no Brasil, e não só em Pernambuco ou no Nordeste. A ampla e duradoura desigualdade é reproduzida no território nacional, sobretudo nas grandes cidades, que não foram preparadas para crescer. E agora terão mais dificuldades para lidar com os efeitos das mudanças climáticas, assim como para colaborar na prevenção ao agravamento desses efeitos no planeta.
A transição para o uso de energia limpa é um dos critérios para a sustentabilidade, na análise da Oxford. O Brasil não está fora desse esforço, mas na perspectiva local, as cidades não trazem evidências de que participam do processo. Falta muito para o país chegar a um patamar de desenvolvimento que agregue a componente ambiental ao aproveitamento de potenciais econômicos com benefícios sociais para a maioria.

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