ÍNDIA X PAQUISTÃO | Notícia

Conflito assusta o mundo

Questão regional com décadas de história e desconfiança mútua se torna um problema global ao envolver dois países com arsenais nucleares

Por JC Publicado em 11/05/2025 às 0:00

A rivalidade entre indianos e paquistaneses tem raízes na primeira metade do século passado, quando o território foi repartido de maneira não consensual entre os dois países, na região da Caxemira. A estabilidade regional é incerta desde então, agregada a um componente perigoso que ameaça ganhar escala mundial, devido aos arsenais nucleares que ambos guardam. O conflito em curso, portanto, pode transcender as fronteiras nacionais, ampliando as tensões de um planeta cada vez mais armado para a autodestruição.
Não é por acaso que Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, busca desempenhar papel relevante num cessar-fogo que ainda não está sendo inteiramente respeitado, nem pelo Paquistão e nem pela Índia. Um conflito de largas proporções na Ásia iria colocar em risco o mundo inteiro, tanto do ponto de vista da insegurança de uma guerra imprevisível, quanto das consequências econômicas, por tudo que é produzido no continente, inclusive nos dois países, e distribuído para a humanidade.
As diferenças religiosas – de hindus como a maioria na Índia, e de muçulmanos no Paquistão – acentuam divergências que se alimentam desde a divisão provocada pela independência dos britânicos, em 1947. Milhares de pessoas saíram de um país para o outro, cruzando fronteiras devido à identidade religiosa. E foi já em 1947 que a Caxemira, localizada na parte indiana, virou região de conflito. Nas décadas de 1960 e 1970, novos conflitos de grande porte eclodiram, matando milhares de cada lado, sem que a questão fosse solucionada. E desde 1989, separatistas na Caxemira lutam para não pertencer mais à Índia, com dezenas de milhares de mortos.
A violência na Caxemira não é novidade. Mas a retomada de um conflito mais amplo assusta o mundo, em 2025, em virtude de uma história que não cicatriza, enquanto os arsenais militares que incluem bombas atômicas foram aumentando e se modernizando.
Para evitar que as raízes históricas do conflito entre a Índia e o Paquistão se tornem ainda mais inflamadas, é essencial promover um diálogo contínuo e aberto entre os dois países, com a intermediação de representantes neutros das potências ocidentais e orientais. A paz que não se obteve até agora depende de um arranjo local que leve em consideração a importância global dos dois países, parceiros comerciais e culturais de várias nações espalhadas pelo globo.
Para reduzir as hostilidades, e impedir a destruição mútua resultante de ataques sem controle, uma solução territorial na Caxemira precisa ser negociada com a urgência com que não foi tratada até agora. O cessar-fogo é estratégico para uma solução definitiva, ou ao menos para apaziguar o clima de guerra sem retorno. O diálogo pode ser conduzido pela comunidade internacional, sem intromissões sobre a soberania da Índia e do Paquistão. O desafio extrapola a dimensão regional, em um ponto passível de explosão global.

Compartilhe