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Turismo bate recorde e reafirma o Brasil como destino global

Se os últimos meses mostraram um país capaz de bater metas com antecedência e de estabelecer novos recordes, os próximos podem ser melhores

Por ROBERTO PEREIRA Publicado em 30/11/2025 às 0:00 | Atualizado em 30/11/2025 às 10:37

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O turismo brasileiro vive um dos períodos mais expressivos de sua história recente. Impulsionado pela retomada da circulação internacional, pelo fortalecimento do mercado interno e pelo avanço dos segmentos corporativos e de lazer, o setor consolida um ciclo de crescimento sustentado e ultrapassa metas consideradas ambiciosas até poucos anos atrás.

FLUXO INTERNACIONAL E RECEITA GERADA

Um dia após o Brasil atingir a marca de 8 milhões de turistas internacionais em menos de 11 meses, o Banco Central divulgou os valores deixados no país por esses visitantes. De janeiro a outubro de 2025, viajantes de outros países injetaram nos destinos brasileiros a soma de US$ 6,617 bilhões. O número representa um crescimento de 10,19% em relação ao mesmo período de 2024, quando o montante foi de US$ 6,005 bilhões.

Mais de 8 milhões de turistas estrangeiros desembarcaram no Brasil neste ano. Um alumbramento, portanto!

Desempenho não apenas surpreendeu o setor, como permitiu ao país superar, ainda no início do final do ano, a meta prevista para todo o ano de 2025 no Plano Nacional do Turismo 2024-2027. O objetivo - 8 milhões de turistas internacionais - indicando que o fluxo tende a seguir em expansão.

RECORDE DE RECEITA INJETA US$ 6,6 BILHÕES NO BRASIL

Montante é 10,19% superior ao registrado de janeiro a outubro de 2024 e reforça a importância do setor na geração de emprego e renda para as mais diversas regiões do Brasil

PAÍSES EMISSORES

A Argentina manteve a liderança entre os países que mais enviaram turistas ao Brasil no acumulado do ano, com mais de 2,7 milhões de visitantes. Em seguida, aparecem Chile (604.786) e Estados Unidos (564.160). No mercado europeu, França, Portugal e Alemanha registraram, juntos, 537.589 visitantes, demonstrando que o interesse por destinos brasileiros permanece forte entre viajantes do continente.

O BRASIL NA GERAÇÃO DE EMPREGOS

O bom momento do setor é confirmado pelos números do Travel & Tourism Economic Impact 2025: global trends, relatório anual do World Travel & Tourism Council (WTTC). De acordo com as projeções, o Brasil é o 7º país do mundo que mais gera empregos no turismo, com expectativa de alcançar 8,21 milhões de postos de trabalho em 2025. O desempenho coloca o país à frente de mercados tradicionais e atrás apenas da China, Índia, EUA, Indonésia, Filipinas e Tailândia.

A projeção para a próxima década reforça a tendência: entre 2025 e 2035, o Brasil deve ser o 9º maior gerador global de novos empregos no setor, com estimativa de criação de 1,536 milhão de vagas.

CONTRIBUIÇÃO AO PIB

O relatório do WTTC ainda coloca o Brasil como o 12º país com maior contribuição econômica do turismo ao PIB, com movimentação prevista de US$ 167,6 bilhões em 2025. Já os investimentos no setor devem atingir US$ 20 bilhões no próximo ano, colocand o país na 13ª posição mundial.

Um dos motores dessa expansão é o turismo doméstico, que mantém ritmo de consumo elevado e deve alcançar US$ 113,2 bilhões em gastos internos em 2025. O número confirma a relevância do viajante brasileiro para a sustentabilidade e para a vitalidade econômica da cadeia turística.

TURISMO DE NEGÓCIOS

O turismo de negócios também vive um período de forte aceleração. Dados da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) mostram que o setor faturou R$ 11,6 bilhões entre janeiro e outubro de 2025. A expectativa é encerrar o ano com R$ 14,3 bilhões, o maior patamar já registrado.

Em outubro, o segmento movimentou R$ 1,34 bilhão, alta de 5,33% em relação ao mesmo mês de 2024. Hotéis e serviços aéreos representaram 88% do total — R$ 785,4 milhões e R$ 423 milhões —, respectivamente. Os demais serviços somaram R$ 85,7 milhões, enquanto a locação de veículos atingiu R$ 35 milhões. O setor de cruzeiros registrou o maior crescimento percentual do levantamento: 535,39%, impulsionado pelo início antecipado da temporada.

AVANÇOS NO TRANSPORTE AÉREO

O crescimento do turismo impulsiona diretamente o setor aéreo. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) registrou mais de 9 milhões de passageiros em voos domésticos em outubro, o maior volume para o mês desde o início da série em janeiro de 2000. Nos voos internacionais, o fluxo chegou a 2,3 milhões de passageiros, recorde para outubro e 9,3% acima do resultado de 2024.

A ampliação da malha aérea, o aumento da competitividade entre companhias e o crescimento da demanda interna e externa ajudam a explicar o desempenho positivo. Para especialistas, os números indicam continuidade do movimento de recuperação e expansão iniciado pós-pandemia

INDICADORES E CRESCIMENTO

Somados, os dados do MTur, da Embratur, da Abracorp, da Anac e do WTTC apontam para um setor que se consolida como um dos principais motores da economia brasileira. O turismo avança como vetor de desenvolvimento regional, com impacto direto na geração de renda, qualificação profissional, investimentos em infraestrutura e diversificação de mercados.

A tendência de crescimento consistente também amplia a competitividade brasileira no cenário internacional, fortalecendo destinos e impulsionando novos polos turísticos.

PROTAGONISMO NO TURISMO

Após anos de oscilações, frustrações e oportunidades perdidas - algumas delas marcadas por expectativas não correspondidas em grandes eventos internacionais -, o Brasil parece finalmente ter encontrado o compasso para transformar potencial em resultado.

Aos poucos, o país organiza seus atrativos, fortalece suas políticas públicas, amplia sua conectividade aérea, profissionaliza seus serviços e expande o alcance de sua imagem no exterior. O movimento não ocorre de forma isolada: é acompanhado por uma reconfiguração global do turismo, que valoriza diversidade, natureza, gastronomia, cultura e autenticidade - elementos que o Brasil oferece com abundância.

E, se os últimos meses mostraram um país capaz de bater metas com antecedência e de estabelecer novos recordes, os próximos anos apontam para um cenário ainda mais promissor.

O turismo brasileiro, enfim, ganha contornos de protagonista. E, pelo ritmo atual, é apenas uma questão de tempo até que o Brasil deixe de ser promessa para se tornar referência mundial.

Roberto Pereira, membro do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano; do Instituto Histórico, Arqueológico e Geográfico de Goiana; da Academia de Artes e Letras de Goiana; da Academia Brasileira de Eventos e Turismo; e da Academia Pernambucana de Letras.

 

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