O Pix é nosso. É inclusivo. É revolucionário.
O Pix, tão brasileiro quanto a jabuticaba, criado por técnicos do Banco Central do Brasil, chegou à luz em 16/11/2020, em plena pandemia Covid-19.
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O Pix, tão brasileiro quanto a jabuticaba, criado por técnicos do Banco Central do Brasil, chegou à luz em 16/11/2020, em plena pandemia Covid-19. Instrumento que permite a transferência de dinheiro entre contas bancárias quase instantaneamente, a qualquer hora do dia ou da noite, todo santo dia. Prático, rápido e seguro para pagamentos e transferências por pessoas físicas e jurídicas. Rapidamente adotado pela sociedade brasileira. Atualmente, o uso de tal instrumento transaciona valores no equivalente a quase metade do Produto Nacional. Trocas que antes envolviam dinheiro em espécie, cheques com fundo (às vezes, sem), ordens de pagamento, TED (transferência eletrônica direta) etc. Não seria exagero especular: um governo ou um político nunca mais seria reeleito, se eventualmente viesse a sustar o Pix, ou contribuir para tal, ou sequer a ser associado a eventual instituição de cobrança do Pix para pessoas físicas (pessoas jurídicas pagam taxa pela transferência via Pix).
O Pix beneficia todo cidadão brasileiro, sem discriminação. Em um país mestre em exclusão social, o Pix é inclusivo. Está ao alcance de todos os agentes econômicos e concorre a fazer sair da clandestinidade o amplo conjunto de micronegócios informais, na multivariada área de produção e comércio, inclusive microempresas. Certamente, muito favorecido pela popularização do celular. Possivelmente, os criadores do Pix – assim como todos nós – não sonhavam com a dimensão que tal invento viria a alcançar.
O Pix é inovação que constitui um retorno à sociedade pelo pagamento de impostos, numa nação que está entre os países de maior carga tributária. É excelência em termos de qualidade de retorno, num país em que o retorno (à população) dos impostos pagos é usualmente de sofrível qualidade. Admirável instrumento de aceleração de transações na economia, é foco de círculo VIRTUOSO em uma economia chegada a círculos VICIOSOS.
O Pix também se revelou um instrumento revolucionário. Veja-se o caso do Banco Santander (Brasil), cujo departamento responsável pelo processo de intermediação de transações com cartões de crédito e débito se destacou na popularização de maquininhas para usuários desses cartões. Daí foi constituída a GetNet, unidade empresarial integrada ao Santander – que veio a ser empresa independente, passando os acionistas do Santander (Brasil) a receber um quarto do número de ações que detinham no Banco. Corria o ano de 2021, quando o Pix ainda era visto com desconfiança por muitos. Sem publicidade, os efeitos dessa nova peça no mundo das trocas suas ainda eram praticamente despercebidos no mundo financeiro.
Pois bem, o espaço de atividade da GetNet viria a sofrer crescente impacto do ainda pouco percebido Pix, que foi se firmando como um garantido, seguro meio de pagamento e de transferências, gratuito para pessoas físicas. Rapidamente, a novidade passou a tomar conta do espaço que era então ocupado por cartões de débito. Para cada pagamento via Pix, a GetNet deixou de abiscoitar o que teria sido o respectivo ganho; em 2022, essa empresa saía da Bolsa de Valores. Cartões de débito passaram a ter o Pix como forte concorrente, estabelecendo-se uma pacífica convivência.
No âmbito mundial, o Pix é uma grande inovação brasileira. Das seis grandes nações continentais do mundo (Brasil, Canadá, China, EUA, Índia e Rússia), só o Brasil e o Canadá não têm exércitos com arsenal completo, incluindo bomba atômica e seus vetores. Mas o Brasil, que há muito fez opção pela Paz, agora tem o Pix, a operar como instrumento de desenvolvimento econômico que traz vantagens relativas aos menos favorecidos, aptos a abrir e manter uma conta bancária. Instrumento cada vez mais sendo percebido – sem dar abrigo a ações ilegais. A Receita Federal recebe das instituições financeiras informações consolidadas sobre movimentações que excedam limites estabelecidos por norma. Havendo indícios de ilicitude, decisões judicias podem quebrar o sigilo bancário – permitindo acesso a detalhes de transações.
Em suma, Pix é um revolucionário instrumento brasileiro de política pública, plenamente aprovado – e legitimado pela quase unanimidade da população brasileira. Dada a importância das transações financeiras na economia, o “queridinho” do Brasil tornou-se indispensável vetor de desenvolvimento do País.
Adriano Batista Dias, engenheiro mecânico pela UFPE, PhD em Economia (Vanderbilt University)
Tarcisio Patricio de Araujo, economista, professor aposentado da UFPE, PhD em Economia (University College London)