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Roberto Pereira: Educação, ética e cidadania

A escola, somente pela criatividade, inovação e pelos avanços das suas práticas pedagógicas e dos seus instrumentos, poderá robustecer a sua vértebra

Por ROBERTO PEREIRA Publicado em 11/08/2025 às 5:00

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A ética é um dos pilares da cidadania. Rumo e prumo às relações humanas e às conquistas sociais. Ela situa no epicentro dos debates, por exemplo, o meio ambiente e a sua preservação, o desenvolvimento sustentável, trabalho e oportunidades, distribuição de rendas e a busca da justiça social, temas que emolduram o painel básico à consecução da cidadania.

Uma distribuição de rendas mais equânime e mais justa promove a humanização do desenvolvimento. Aqui, o desejo do mundo inteiro diante do social. O atual sistema, independentemente do matiz ideológico, está esgarçado pela miséria e fissuras pela falta de emprego e oportunidades.
À escola incumbe chamar a si a árdua, mas necessária, tarefa de aguçar o pensamento crítico, promover o debate das ideias e levantar assuntos da atualidade, discutindo-os sempre com o senso democrático da liberdade de expressão.

Se a escola não capacitar os seus educandos ao exercício da reflexão, criando uma simetria entre o conhecimento e a interpretação desse saber, ela não cumprirá o papel que lhe cabe no contexto da sociedade.
Ler e escrever são básicos à formação plena; o mundo da leitura é o caminho à leitura do mundo. Fomentar o questionamento abre aos estudantes as fronteiras das ideias.

A ética e a justiça social precisam entrar na agenda dos estudantes. Levar a juventude à rota do conhecimento, do crescimento intelectual e humano, esta, a estrada do desenvolvimento social.
A educação, quando universal e de qualidade, prepara os adolescentes aos desafios das questões sociais. A excludência social, tratada nas lides escolares, posicionará o adulto do futuro. Uma distribuição de rendas mais equânime passa a ser um princípio imutável de justiça.

E qual a fórmula à construção da cidadania? E como conciliar o crescimento econômico com o progresso social? As respostas estão numa educação para todos e apta à solidez da cidadania. A globalização reclama um adensado conhecimento. É na base da pirâmide educacional que se inicia a inclusão social. Daí, se quisermos para as novas e futuras gerações uma trajetória à altura da humana ansiedade, impõe-se uma educação universalizada e de qualidade.

À nossa frente o painel dos avanços tecnológicos, um espocar tecnológico, uma revolução midiática: assim, a escola não pode perder as suas rotas, ficar inerte nessas encruzilhadas.
A comunicação vem se dando predominantemente através do mundo virtual, tendo nascido desde a década de 1960, mediante a criação da internet.

Estamos hoje no contexto das vivências e convivências com os parâmetros da tecnologia, que, neste setor da ciência, caminha a passos largos. A galope, pode-se dizer.

A comunicação digital é feita por meio de canais, a exemplo de e-mail, redes sociais, Podcast, videochamadas, blogs, sites, aplicativos de mensagem instantânea, Youtube, Facebook, WhatsApp e Instagram, entre tantos outros.

De acordo com pesquisa recém-realizada, pelo Instituto Qualibest, as redes sociais mais acessadas pelos brasileiros, atualmente, são Youtube (93%), Facebook (92%) e Instagram (83%).
E reinando, entre estas e inúmeras outras, a Inteligência Artificial (IA), que vem se caracterizando como o fato novo da tecnologia e suscitando preocupações ao modelo educacional, ao humanismo, à ética e à moral.

A IA que se deseja um bem à humanidade, pode também, se mal-usada, servir às maledicências, às artimanhas, aos artifícios e às ameaças às verdades dos atos e fatos que o mundo proporciona nos seus meios de comunicação, nas suas condutas de bem social.

Qual a relação da ética com a Inteligência Artificial?

Esta, a inquietante pergunta, norteando a conduta das pessoas neste momento, que é de brusca transformação, de mudanças de paradigmas e de expectativas que norteiam o presente momento.

O mundo virtual cada vez mais prevalece sobre o real. A mídia social parece se sobrepor à grande mídia, à clássica, que dá sinais de fragilidade diante dos instrumentos que emolduram a comunicação destes dias atuais.

Respondo, mais amiúde, à indagação acima formulada por mim na intenção de criar um espaço à reflexão com você, leitor amigo. Direi: A ética na Inteligência Artificial (IA) refere-se aos princípios morais que devem guiar o desenvolvimento e uso da tecnologia para garantir que ela beneficie a sociedade, respeitando direitos e evitando danos. A IA em si não possui ética, mas a forma como é desenvolvida e utilizada, sim. A ética na IA busca garantir que essa tecnologia seja usada de maneira justa, transparente, responsável e segura, considerando seus impactos sociais e evitando vieses e discriminações.

A escola, somente pela criatividade, pela inovação e pelos avanços das suas práticas pedagógicas e dos seus instrumentos, poderá robustecer a sua vértebra estratégica para saber responder presente ao futuro das gerações que se sucedem neste mundo cada vez mais singular e plural.

Roberto Pereira foi secretário de Educação e Cultura do Estado de Pernambuco, é membro da Academia Pernambucana de Letras e da Academia Brasileira de Eventos e Turismo.

 

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