Gustavo Henrique de Brito Alves Freire: Para Sophia, nos seus 14 anos. Com amor, seu pai
Sophia é uma descoberta diária. Sua liderança, seu atletismo, sua sinceridade, sua gargalhada, tudo isso a faz única. Não se conforma com injustiça...

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Em um piscar de olhos, ela completa 14 estações. O tempo, como sempre, não se fez de rogado. Passou rápido como os trens-bala. No universo das metáforas, é como que 14 rosas perfumadas em um vaso de Murano, habitando juntas aquele microcosmos, em uma humanidade à procura de si mesma. Puxou a beleza tão impactante, quanto elegante da mãe, só superada pela inteligência, assim como o temperamento do pai, que, resignado, aceita o veredito. Na loteria genética, ganhou bem mais que eventualmente possa ter perdido.
Sophia é uma descoberta diária. Sua liderança, seu atletismo, sua sinceridade, sua gargalhada, tudo isso a faz única. Não se conforma com a injustiça, insurge-se sem hesitar contra ela. Reivindica, não desiste fácil. É competitiva. Expõe seus argumentos e fala o que pensa. Assim como pensa no que fala. Escreve textos que têm coração. É um anjo da guarda na acepção mais poética da palavra.
Victor Hugo, autor de “Os Miseráveis”, afirmou que a suprema felicidade consiste em ter a convicção de que somos amados. Assim como o escritor francês, Sophia possui a consciência dessa premissa, tanto quanto eu e a mãe dela somos sabedores de que a energia que flui dela para nós é tão transformadora quanto. Completamo-nos porque somos um time que joga junto, que amadurece junto, que usufrui das calmarias e dribla as tempestades junto, onde cada um sempre conta com os outros. Se erramos, corrigimos. Se acertamos, seguimos.
Preparamos Sophia para que seja, acima de tudo, uma pessoa independente. Para que ame primeiro a si mesma e busque ter a própria história para contar depois. Para que nunca abdique da sua dignidade essencial e confie na ética e na solidariedade como eixos das suas decisões. Para que seja uma cidadã plena, que compreenda que qualquer liberdade só faz sentido quando exercida com responsabilidade. Para que nunca faça em detrimento do próximo o que não gostaria que fosse feito a ela. Para que seja, citando Gandhi, a luz que deseja ver brilhar no planeta.
Que valorize o conhecimento. Que seja sempre um papo agradável onde estiver. Que tenha discernimento e respeito pelos mais velhos e, quando necessário, que discorde do seu interlocutor, mas o faça com urbanidade. A verdade não grita. Que jamais cultive o rancor, pois ele a nada leva. Que prestigie o esforço dos que se doam ao seu crescimento. Que seja grata por tudo o que tem.
A obra do aprendizado de um filho não vem com manual de instruções. É um processo e nesse processo entramos de um jeito e nunca saímos, mesmo depois que os filhos se tornam senhores do próprio rumo. Filhos e pais ensinam-se entre si. Aprendem, nessa jornada épica, que ninguém é infalível, nem à prova de falhas, assim como que não é fraqueza pedir perdão ou admitir que errou.
Em Mateus (21:28 e 25:46), a Bíblia narra como parábola a vivência de dois filhos e um pai. O pai aproxima-se do primeiro filho e lhe diz: “Filho, vá trabalhar hoje na vinha”. O filho responde: “Não quero!”. Só que depois muda de ideia e vai. O pai então se aproxima do segundo filho e enuncia a mesma coisa. O segundo filho responde: “Sim, senhor!”. No entanto, não foi. O arrependimento denota boa-fé, e, portanto, o correto exemplo. Filhos são plantas. Regados propriamente, prosperam.
Já nas parábolas do joio e do trigo (Mateus 13:24-30), da ovelha perdida (Lucas 15:4-7) e do jovem rico (Mateus 19:16-22), outras lições valiosas se abrigam, com o mesmo fim. Não importa seu credo ou se o credo é nenhum. Importam os textos, as ideias, a reflexão. A primeira: ser capaz de separar as coisas ruins em meio às boas. A segunda: a acolhida aos desprezados, mesmo que nos tenham feito mal, pois também são dignos de compaixão. A terceira: a verdadeira dimensão de alguém não está nas suas posses, está nas suas qualidades.
É no contemplar de tão linda aquarela imaginária, com as cores do arco-íris, que, com o rosto lavado de lágrimas de alegria, agradeço aos céus, minha filha adorada, por você existir. Desejo que você voe, brilhe e espalhe felicidade. Que faça sempre a diferença para si e os outros. Que revolucione. E acredite que nunca vai estar só. Parabéns! Assinado com todo amor, seu pai.
Gustavo Henrique de Brito Alves Freire, advogado