Poetas de São José do Egito (2)
Severino Cordeiro de Souza, Biu de Crisanto, veio ao mundo em 1929, no sítio São Vicente, às margens do rio Pajeú, município de São José.

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Rogaciano Leite, nasceu no sítio Cacimba Nova - na época município de São José do Egito, hoje pertencente à cidade de Itapetim-PE -, em 1920. Em 1948, juntamente com Ariano Suassuna, Rogaciano organizou o segundo Congresso de Catadores de Viola do Nordeste, no teatro Santa Isabel, em Recife, quando o poeta Dimas Batista foi escolhido como o grande vencedor do evento. Autor dos mais notáveis sonetos da história poética brasileira de todos os tempos, Rogaciano encantava os aficionados pela sua veia parnasiana, com seus versos nutridos de amor e de paixão. É dele, o seguinte soneto:
Tudo findo, deixaste-me e seguiste
O primeiro que veio ao teu caminho
Não pensaste sequer que fiquei triste
Preso à desgraça de viver sozinho
Dois longos anos, nunca mais me viste
Foram-se as aves, desmanchou-se o ninho
Hoje me escreves, meu viver consiste
Na mistura de lágrimas e vinho
E me imploras, perdoa-me e consente
Que eu vá viver contigo novamente
Pois só contigo poderei ter paz
Eu te perdoo, mas o empecilho é este
Eu amava aquela alma que perdeste
Alma que nunca reconquistarás
Dimas Batista, irmão de Otacílio e de Lourival, os três maiores repentistas de todos os tempos, nasceu na vila Umburanas, então município de São José do Egito, em 1921. Dimas sempre foi considerado o cantador mais culto da sua época. Sua primeira cantoria deu-se quando ele tinha 15 anos de idade. Além de poeta e repentista de primeira estirpe, Dimas foi professor de latim na antiga Faculdade de Fortaleza, onde foi várias vezes premiado pela pureza dos seus versos. Usando o mote "Eita Brasil de caboclo, de Mãe Preta e Pai João", Dimas improvisou:
Quando eu pego na viola
Para cantar o Brasil
Militar deixa fuzil
Jogador esquece a bola
O aluno gazeia a escola
O judeu sai do balcão
O orador erra a expressão
Pugilista perde o soco
Eita Brasil de caboclo
De Mãe Preta e Pai João
Job Patriota, nascido em 1929, no sítio Cacimbas, na época vinculado a São José do Egito. Foi um dos maiores cantadores do seu tempo. O seu livro "Na senda do lirismo", ainda hoje é parte integrante das prateleiras dos que admiram a poesia popular. Faleceu em 1992, deixando uma lacuna imensa na alma dos amantes da cantoria de viola. Com o mote "Passa tudo na vida, tudo passa, mas nem tudo que passa a gente esquece", o poeta disse:
Passa dia por mês e mês por ano
Passa ano por era, era por fase
Nessa fase tão triste eu vejo a base
Do destino passar de plano em plano
Com a mão da saudade o desengano
Passa dando um adeus fazendo um S
Vem a mágoa o prazer desaparece
Quando chega a velhice, foge a graça
Passa tudo na vida, tudo passa
Mas nem tudo que passa a gente esquece
Severino Cordeiro de Souza, Biu de Crisanto, veio ao mundo em 1929, no sítio São Vicente, às margens do rio Pajeú, município de São José. Sua vinculação com a poesia escrita, deu-se aos 8 anos de idade, quando iniciou seus escritos em decassílabos e em extraordinários soneto. É dele:
Antes fui de caráter abstrato
Fui incógnito, inviso na essência
Fizera-me meu Deus na preexistência
Da parte imaterial do substrato
No princípio fui núcleo do extrato
Substância homogênea, ou quinta-essência
E hoje louvo a Deus por cada ato
Que proferiu com tanta sapiência
O criador me deu no perispírito
A imaterial forma de espírito
Impalpável, invisível e imortal
Da psicogenia incógnita da luz
Na visão fotogênica que induz
A mente de Deus, paz Pai Celestial
Adeildo Nunes, juiz de Direito aposentado, doutor e mestre em Direito de Execução Penal, membro efetivo do Instituto Brasileiro de Execução Penal (IBEP), autor de livros jurídicos