Guerra entre os Poderes
Sempre que o sapato aperta, o Governo recorre ao aumento da carga fiscal e, como sempre fica mais fácil, prefere penalizar o o contribuinte

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Escrevo esse artigo após o presidente Luis Inácio Lula da Silvan ter resolvido "judicializar" sua inglória briga com o Congresso Nacional, onde nenhum dois sairá ganhando, mas certamente a sociedade brasileira, mais uma vez, sairá perdendo. O presidente Lula, acatando sugestão do ministro da Fazenda,Fernando Haddad, que viu naufragar o seu tão propalado "arcabouço fiscal", tenta agora, desesperadamente, diminuir o buraco sem fundo das contas públicas. Ele não propõe cortar gastos,privatizar estatais deficitárias e não estratégicas, eliminar desperdícios e outras possibilidades.
Certamente por medo da reação dos ministros Rui Costa e Gleisi Hoffmann, nconhecidos "gastadores"que sempre fazem cumprimentos com o chapéu alheio. Ou com o bolso do contribuinte. Ambos de olho na Presidência, se portam hoje como se as contas públicas não estivessem próximas de alcançar cem por cento do PIB e ameaça de total descontrole.Ou da falência do Estado.
Também não se escuta "um pio" sobre corte nas verbas dos Fundos Partidários, que recebem bilhões de reais, para gastarem como querem e entendem. O ex-presidente Jair Bolsonaro - por exemplo - recebe um salário mensal do PL, cujo dirigente, Valdemar Costa Neto, carrega o Partido como se fosse seu. Assim como Waldemar, os demais presidentes de outras siglas se comportam da mesma maneira, gastam como querem - e a sociedade paga a conta.
Pois bem, sempre que o sapato aperta, o Governo recorre ao aumento da carga fiscal e, como sempre fica mais fácil, prefere penalizar o o contribuinte. Sempre indefeso, o trabalhador é obrigado a aceitar novos impostos, num país que gasta demais e investe de menos. E uma pergunta para o ministro Haddad: de que serviu essa Reforma Tributária, pela qual a sociedade brasileira esperou mais de 30 anos? Para continuar recebendo penduricalhos? Para nunca diminuir a sede de arrecadar impostos, mas sempre para ampliar a sede insaciável do Governo? Num dos sistemas mais desiguais do Planeta?
É bem verdade que a Câmara dos Deputados carrega seus defeitos e a grande maioria dos parlamentares pensa mais nas suas emendas do que nos interesses da sociedade. Que o atual presidente, Hugo Mota, jovem,simpático, sempre bem vestido e melhor penteado, é "cria" fiel do deputado Artur Lira - e nada fará na presidência da Câmara sem ouvir o seu criador. Aliás, um fiel "bolsonarista" que não simpatiza nem nunca simpatizou com o PT do presidente Lula. No meio disso, sofre indefesa e impotente a sociedade brasileira. Pela votação da Câmara ou por decisão da Justiça o aumento do percentual hoje cobrado nas operações financeiras vai prosperar?
O Governo Lula vai permanecer com seu discurso "mofado" de governo voltado para "os mais pobres"? Que, em três anos, não viu nem ouviu nada sobre os desvios bilionários dos aposentados de salário mínimo, que não sabem quando e nem como serão ressarcidos? Quando as pesquisas mostram que a aprovação ao Governo Lula continua derretendo, como manteiga na areia quente, essa rejeição não é de graça: o povo cansou.A grande maioria das promessas de campanha foi para a cesta de lixo. A sociedade cultiva silenciosa a sua desesperança.
Assim como o Governo não muda seu discurso fôfo e demagógico; o ministro Haddad, que parecia ter começado bem, se afoga no mar das contradições, inventa novos tributos e, junto com o Presidente, desafiam o Congresso. Enquanto isso, o povo brasileiro, como um cordeiro no pasto, apenas balança a cabeça e se contenta com a ração de cada dia. Que um dia vai acabar.
Ivanildo Sampaio, jornalista