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Do Semiárido à COP30: O Protagonismo Invisível da Fruticultura Exportadora

No Vale do São Francisco, a agricultura 4.0 já caminha a passos largos. Produtores aplicam tecnologias, sensores de solo e irrigação de precisão

Por Zacarias Ribeiro Filho Publicado em 24/06/2025 às 7:00

O Brasil se prepara para um dos momentos mais importantes da sua história recente: sediar a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. O mundo estará olhando para nós, esperando soluções que conciliem pessoas, planeta e lucro — os três grandes eixos que guiam a agenda climática global.
Entretanto há um território brasileiro que já entrega, de forma prática, as respostas que a COP30 busca. Trata-se do Vale do São Francisco, no coração do semiárido, onde a fruticultura irrigada e exportadora floresce como um modelo de sustentabilidade, inovação e responsabilidade social. O curioso é que, mesmo com tanta contribuição, este protagonismo ainda é invisível para o mundo.
O DNA ESG da Fruticultura do Vale

No Vale do São Francisco, a agricultura 4.0 já caminha a passos largos. Os produtores aplicam tecnologias digitais, sensores de solo, irrigação de precisão e manejo integrado com foco em sustentabilidade. Além disso, a agricultura regenerativa começa a ganhar força com práticas de recuperação de solos, uso eficiente da água e redução de insumos químicos.

O Vale do São Francisco representa 37% das exportações brasileiras; e, nos casos específicos da uva 98% e da manga 92%.

Mais do que atender exigências internacionais, a fruticultura exportadora da região integra as boas práticas ESG de forma natural e contínua. Está no DNA das cadeias produtivas que alimentam o mercado global com frutas brasileiras de alta qualidade

Por que invisível?

Apesar de ser um exemplo real de sustentabilidade, a fruticultura do semiárido ainda não ocupa o espaço que merece nas narrativas nacionais e internacionais. O semiárido brasileiro continua, muitas vezes, associado à seca e à escassez, sem que o mundo perceba que aqui pulsa um ecossistema moderno, regenerativo e competitivo.

Essa falta de visibilidade limita o potencial de reconhecimento e valorização que poderia posicionar o Vale como uma vitrine global na COP30.

Contribuições para os Objetivos da COP30

Os desafios da COP30 incluem: Implementação Concreta dos Compromissos; Financiamento Climático; Justiça Climática; Desmatamento Zero e preservação das Florestas; Transição Energética Justa; Adaptação às Mudanças Climáticas; Engajamento e Inclusão Global. Com foco em garantir segurança alimentar e hídrica; promover justiça climática para regiões vulneráveis e fortalecer a agricultura regenerativa.
O Vale do São Francisco já contribui diretamente para todos esses desafios. Aqui, produção, inclusão social e conservação ambiental caminham juntas.

Pessoas, Planeta e Lucro: o Tripé da SustentabilidadeA fruticultura do semiárido brasileiro é um caso de sucesso que conecta:

Pessoas: geração de empregos, inclusão social e capacitação.

Planeta: agricultura regenerativa, uso racional da água e preservação
ambiental.

Lucro: competitividade internacional, sustentabilidade financeira e
acesso a mercados exigentes.

É hora de dar visibilidade

A ABRAFRUTAS – Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados, com a força do protagonismo dos seus associados, vem liderando a abertura de mercado em parceria com a ApexBrasil e atenta as tendencias dos mercados, criou o programa integração das práticas ESG, produziu um Diagnóstico de Maturidade ESG dos seus associados. Agora, avança para um passo ainda mais robusto iniciando a criação de um Protocolo ESG exclusivo para a fruticultura brasileira envolvendo as questões antes, dentro e depois da porteira; que integrará requisitos convencionais das certificadoras internacionais e exigências específicas dos mercados europeus como o ESRS ( European Sustentability Reporting Standard) Norma Europeia de Relatórios de Sustentabilidade. São critérios adicionais que orientarão a obtenção do Selo Frutas do Brasil ESG. Este selo será uma poderosa ferramenta de posicionamento internacional.

É fundamental medir, divulgar e valorizar os indicadores ESG da região para que esse protagonismo alcance as mesas de negociação da COP30. O semiárido brasileiro tem muito a ensinar ao mundo. Não podemos mais permitir que essa liderança continue invisível.

Zacarias Ribeiro Filho, Engenheiro Agrônomo, Mestre em Dinâmica de Desenvolvimento do Semiárido; MBA em ESG, Consultor ESG da ABRAFRUTAS, e Empresário- ESG Planning Consultoria.

 



 
 

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