OPINIÃO | Notícia

Roberto Pereira: Casos e causos em movimento (4)

Coube-me, à condição de assessor especial do vice-presidente Marco Maciel, a missão de recepcionar e ciceronear o então presidente da Argentina...

Por ROBERTO PEREIRA Publicado em 02/06/2025 às 7:00

CID SAMPAIO: - Corria o ano de 1978 quando, numa roda de conversa, na Academia Pernambucana de Letras, estávamos à espera do início de uma solenidade, quando se aproxima Cid Sampaio, ensejando ao jornalista Maviael Pontes, irmão de Joel Pontes, parabenizar Cid pela eleição ao Senado Federal.
O ex-governador, surpreso, retrucou, mas eu perdi a eleição, cabendo a Maviael replicar: perdeu, mas poderia ter ganho!

CARLOS MENEM: - No ano de 2002, coube-me, à condição de assessor especial do vice-presidente Marco Maciel, a missão de recepcionar e ciceronear o então presidente da Argentina, Carlos Menem, no Recife.
O Governo do Estado, como de praxe, colocou um carro à disposição do insigne “hermano.” Mostrei a agenda de compromissos ao presidente, bem como os horários, registrando a dificuldade de locomoção em face do trânsito.

Menem, num lindo blazer, avisou-me: às 16 horas, preciso estar no hotel, à época o Recife Palace, para tomar o meu habitual banho e trocar de roupa. Vou precisar de 60 minutos para cumprir este meu hábito, externou o chefe de Estado da Argentina.

Ele retornou vestido com um outro blazer, igualmente bonito, exalando um perfume dos melhores. Sempre elegante, cumpriu à risca o resto da agenda.

As autoridades pernambucanas, que aguardavam Carlos Menen para uma reunião pré-agendada, apenas soltaram um riso amarelo e irônico, quando souberam do verdadeiro motivo do cancelamento do encontro.

PRÍNCIPE DA HOLANDA: - O príncipe da Holanda, Guilherme Alexandre, em 2004, esteve em missão no Recife. A mim, a honrosa tarefa de acompanhá-lo. No amanhecer do dia, fui ao Mar Hotel, apanhá-lo para as reuniões. Chegando à recepção daquele espaço, uma jovem me pediu para aguardá-lo, porque somente naquele instante os dois valetes haviam subido para vestir o príncipe, que, depois, em 2013, tornou-se o rei da Holanda, com o nome de Willem-Alexander, quando havia me dito que, assumindo a coroa, tomaria o nome de Willem IV.

A primeira e grande reunião se passou no Museu da Cidade do Recife, quando o ilustre “sangue azul” quis saber de todos os detalhes da ocupação holandesa.

Encerramos a nossa agenda na visita feita ao Forte Orange, em Itamaracá, em momentos descontraídos com o herdeiro do trono holandês, que recebeu um vasto material iconográfico, além de preciosa coleção de mapas, todos do período holandês em nosso Estado.

Importante registrar que ele esteve no Recife, acompanhado de uma reduzida comitiva, viajando em voo comercial. Aplausos, ao invés dos risos marotos.

ADHEMAR DE BARROS: - Quando governava São Paulo, Adhemar de Barros, o então governador de Pernambuco, Barbosa Lima Sobrinho, designou o seu secretário de Governo (hoje, passou a ser secretário chefe da Casa Civil), Nilo Pereira, para recepcioná-lo, desde a sua chegada no aeroporto, ao hotel e demais visitas do programa oficial.

Ao chegar no apartamento a ele reservado, Adhemar, acompanhado de Nilo, foi desocupando a sua mala de mão, quando, retirando uma bruxa de pano, tirou também um porta-retratos com a foto da esposa. Virou-se para Nilo e disse: eu só viajo com essas duas bruxas. Risos de meia-boca.

AINDA ADHEMAR: - Adhemar adorava disputar eleições, mesmo quando tinha poucas chances de ganhar. Foi alvo constante de caricaturistas e humoristas e do bom humor do povo, que chamava um pequeno túnel por ele construído, no centro da cidade de São Paulo, de Buraco do Adhemar. A dupla caipira Alvarenga e Ranchinho, parodiando um anúncio radiofônico do remédio Melhoral, cantava:
“Ademá, Ademá, é mió e num faz má.”

Também provocava risos, quando, já nos tempos do Palácio dos Bandeirantes, uma suposta amante telefonava para ele e Adhemar atendia: "Como vai, Doutor Rui? Um beijo, Dr. Rui!", segundo depoimento do jornalista Percival de Souza.

AGAMENON: - Agamenon Magalhães e o jornalista Anibal Fernandes tinham uma rixa. Ambos ensinavam no tradicional Ginásio Pernambucano. Agamenon, professor de geografia; Anibal, de francês. As salas de aula tinham as portas abertas.

Um belo dia, passando por uma das salas, Anibal Fernandes estava ministrando os seus saberes, quando Agamenon adentra o recinto e diz: meus alunos, com o francês que o professor Anibal ensina, se vocês chegarem na França, vão se perder. Anibal, de pronto, retrucou: não se preocupem, porque com a geografia de Agamenon, vocês sequer saberão sair do Recife. Risos a bem sorrir!

VESTIBULAR - Na Bahia, um diálogo travado durante vestibular à época ainda dos exames orais: - Servente: traga um feixe de capim. O aluno: - Para mim, basta uma coca-cola. A inteligência promoveu o riso.

AINDA NA BAHIA: - Existia na velha Faculdade de Direito um aluno não muito afeito aos estudos, mas perspicaz e inteligente, pouco ligando, todavia, para as aulas do catedrático Dr. Sabóia. No exame oral, o mestre, sentindo a incapacidade intelectual do aluno, ensaiou uma espécie de vingança, a ponto de, na frente da classe, indagar: - e agora, onde está a sua inteligência? – Mestre, no grande mar da sabedoria, muitas vezes a inteligência afunda. O mestre insistiu: - e a ignorância? – Ah! Professor, essa boia! Risos!
Esta história corre a Bahia por inteiro, mas me foi contada por Paulo Gaudenzi, ex-secretário de Turismo e Cultura daquele Estado, hoje uma eterna saudade.

Casos e causos, o riso em movimento, a vida num carrossel de alegria!

Roberto Pereira, ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco e membro da Academia Brasileira de Eventos e Turismo (Abevt).

 

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