CICLO JUNINO | Notícia

Festa e renda no interior

Início das programações de São João traz dinamismo cultural e econômico para o Nordeste, com mais oportunidades para toda a população

Por JC Publicado em 01/06/2025 às 0:00

Há São João onde o festejam, escreveu o português Fernando Pessoa em um de seus versos. Aproveitamos a chegada de junho para recordar que há mais do que a festa tradicional reunindo famílias, amigos e multidões, no interior nordestino. Há orgulho que se transmite de geração em geração, do amor pela terra de origem, onde se cultiva a afinidade e o bem-querer. Há renovação da cultura nas cantigas e comidas que reprisam o gosto da nordestinidade para quem é daqui, e atraem milhares de turistas de outras regiões, para curtir a alegria típica da estação. E há oportunidades abertas para o fazer artístico, a vocação de cada um, e o espírito empreendedor diante do público que se multiplica no ciclo junino. Sim, há São João, devoção, dança, milho e gente animada, nas cidades onde o festejo está apenas começando.
A capital do Agreste pernambucano terá, este ano, 27 polos para mais de 1.400 atrações, das quais 80% formadas por artistas de forró. No ano passado, segundo estimativas oficiais, 3,7 milhões de pessoas prestigiaram as festas de São João em Caruaru. A estimativa para 2025 é que o público seja ainda maior. Em Campina Grande, na Paraíba, o público oficial divulgado no ano passado foi de quase 3 milhões de pessoas. A festa este ano vai até 6 de julho, ampliando os potenciais de aproveitamento do empuxo junino para que a economia local receba todo o impulsionamento possível. Na disputa bonita entre as duas cidades, a rivalidade faz parte da brincadeira, e quanto mais gente nas duas, melhor para São João, e para o Nordeste.
A celebração da raiz junina é o tema da festa no Recife, que também teve a agenda anunciada na última semana. Serão 14 polos para 1.200 apresentações, a partir de 12 de junho, com homenagens para a Banda de Pau e Corda, Bia Marinho e Novinho da Paraíba. Em todo o estado de Pernambuco, a circulação de turistas é intensificada, proporcionando mais clientela para serviços agregados à festa, especialmente relacionados à gastronomia e hospedagem.
O Nordeste inteiro se aquece no ciclo junino. Na Bahia, em 2024, a receita movimentada em junho por causa do São João foi de cerca de R$ 2 bilhões, um recorde para o estado. O governo estadual contabilizou 1,7 milhão de turistas, num fluxo que tem a capital, Salvador, como principal fonte emissora: 300 mil pessoas saíram da rodoviária da cidade para o interior baiano, nessa época do ano passado, provocando a abertura de 400 viagens extras de ônibus. O mesmo fenômeno pode ser visto em outras partes da região, especialmente ao redor de Caruaru e Campina Grande, tornando Pernambuco e a Paraíba destinos preferenciais para os visitantes de outros estados do país.
Para que o São João continue trazendo bênçãos e graças para os nordestinos, os governos precisam cumprir o seu dever, garantindo a segurança, oferecendo espaços democráticos de festa e contribuindo para que as oportunidades sejam preenchidas, pois também há renda extra nos festejos.

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