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Minhas 22 viagens à Serra do Machado

Costumo brincar com o presidente João Carlos Paes Mendonça de que eu já tenho o direito de ter o título de Cidadão da Serra, povoado onde ele nasceu.

Por JOÃO ALBERTO MARTINS SOBRAL Publicado em 16/05/2025 às 0:00 | Atualizado em 16/05/2025 às 9:56

O Grupo JCPM comemora 90 anos, com uma presença marcante na área empresarial, nos setores de supermercados, shoppings-centers, edifícios empresariais, vinícola e comunicação, mas também um trabalho fantástico na área social, que são sempre uma prioridade em todos os empreendimentos. Tem o Instituto JCPM, mas quero destacar um trabalho notável na Serra do Machado, num povoado pequeno e pobre do interior de Sergipe, onde João Carlos e os irmãos nasceram. Tive o privilégio de estar inúmeras vezes, em viagens em que, junto com Auxiliadora, levava amigos para conhecer o projeto.

Costumo brincar com o presidente João Carlos Paes Mendonça de que eu já tenho o direito de ter o título de Cidadão da Serra do Machado, povoado onde ele nasceu. Já estive lá 22 vezes, integrando praticamente todos os grupos que ele levou para conhecer o local, no município de Ribeirópolis, em Sergipe. Sempre coincidindo com a Festa de São Sebastião, padroeiro do povoado. Lá, ele criou, em 1988, a Fundação Pedro Paes Mendonça, realizando o sonho do seu pai de ajudar a comunidade da Serra do Machado e de comunidades em torno, Serrinha, Ouricuri, Fazendinha, João Ferreira e Esteios.

Começou com a instalação do Lar Dona Conceição, mãe dele, uma instituição padrão, que funciona até hoje. Fez pesquisas sobre o funcionamento de local de acolhimento de idosos até do exterior para fazer o local. Conseguiu parceria com uma ordem religiosa que enviou freiras holandesas que fizeram um trabalho maravilhoso durante muitos anos. Conheci várias, verdadeiros anjos no atendimento aos idosos, garantindo um final de vida digno para as 400 pessoas que a instituição atendeu nos 36 anos.

No começo, os grupos tinham 30 convidados, entre autoridades e amigos dele, capacidade do ônibus da viagem a partir de Aracaju, aonde chegávamos sempre em voos da Latam e da Gol, que tinham ligação direta. Depois, tivemos voos da Azul, Eram recebidos com coquetel, na sala vip da Agência Casablanca que existia no Aeroporto dos Guararapes. No Aeroporto Santa Maria, em Aracaju, o grupo era sempre recebido por Isaías de Assis Oliveira, uma figura sensacional, ligado a João Carlos desde a bodega de Pedro Paes Mendonça, na Serra do Machado, que será, aliás, homenageado na festa dos 90 anos do Grupo JCPM.

Antes de ir para o hotel, os recifenses participavam de almoço no restaurante "O Miguel", na praia da Atalaia Velha, famoso por sua cozinha sergipana. Recordo da carne de sol com pirão de leite, de comer ajoelhado. Hospedagem era quase sempre no Hotel Celi, cinco estrelas na orla da praia de Atalaia. Uma curiosidade: num dos anos, José Janguiê Diniz decidiu ir no seu avião e acabou tendo problema para encontrar espaço para estacionar no aeroporto e chegou atrasado.

Depois de um período de repouso, todos se preparavam para pegar um micro- Mônibus para ir para o apartamento de Albano Franco. Ele oferecia sempre um jantar maravilhoso, auxiliado por Miriam Ribeiro, sua principal assessora. O jantar tinha como destaque a fritada de "maturi - caju!", que só existe em Sergipe, e fazia o maior sucesso. E os sorvetes da Cinelândia, a mais famosa sorveteria de Aracaju. Em dois anos, o jantar acontecia no mesmo dia do pré-caju, carnaval antecipado de Aracaju, e os convidados puderam assistir ao desfile dos blocos da varanda do apartamento.

No dia seguinte, depois do café da manhã, convidados embarcavam num ônibus de luxo (João Carlos tinha o cuidado de pedir que fosse o mais luxuoso em circulação no Estado), para seguirem os 70km até a Serra do Machado. Num dos anos, teve parada em Itabaiana, que foi suspensa, pois, alucinadas com as muitas joalherias da cidade, muitas mulheres provocaram atraso na saída do ônibus, fazendo compras. Mesmo sem ter uma só mina de ouro, a cidade tem um grande número de joalherias.

Na chegada à Serra do Machado, visita ao Lar Dona Conceição, recebidos pelas freiras. Depois, caminhada até a Igreja de São Sebastião, onde acontecia a missa em homenagem ao padroeiro do vilarejo. Muitas vezes, celebrada pelo arcebispo de Aracaju e por um padre, filho do povoado, que exerce sua função em Minas Gerais. Sempre com a presença do governador de Sergipe e de vários prefeitos da região. Na saída, visita à Bodega que deu origem ao grupo JCPM, e almoço no Lar Dona Conceição. E a volta a Aracaju, quando duas figuras sempre se destacavam no ônibus: Gilberto Marques Paulo e Geralda Farias.

Depois, graças às ações de João Carlos, a comunidade foi ganhando novos equipamentos, como escolas, banda de música, uma pousada e até uma "filial" do RioMar, um conjunto de lojas, com direito a uma sala de cinema, com cadeiras originais Mdo auditório da Rádio Difusora de Caruaru. E até uma fábrica de brinquedos da Estrela, que funcionou por muitos anos. Tinha ônibus para levar alunos da comunidade para estudar em escolas técnicas e faculdades de Aracaju e Itabaiana. Atualmente, a Serra do Machado tem filhos médicos, enfermeiros, engenheiros, advogados, administradores. E o almoço passou a ser das dependências do Centro de Educação Básica Auxiliadora Paes Mendonça. Todo trabalho comandado por Lúcia Pontes, diretora de Desenvolvimento Social e Relações Institucionais do Grupo JCPM.

Algumas vezes, João Carlos me confessou que aquele era um dia muito feliz para ele. Que não abre mão do hábito de ir outras vezes no ano à Serra do Machado, principalmente para reencontrar moradores do Lar Dona Conceição. Conhece todos. Hábito que lamentou ter cancelado durante a pandemia, quando as viagens eram proibidas. Entre meus companheiros nessas viagens, nomes como o vice-presidente Geraldo Alckmin, Nelson Jobim, que era ministro da Defesa, Carlos Ayres Brito, ministro do Supremo Tribunal Federal, os governadores Carlos Wilson Campos, Eduardo Campos, João Lyra Neto, Jarbas Vasconcelos, Paulo Câmara e uma lista enorme de personalidades de todos os setores. Num dos anos, trouxe amigos do Ceará, em dois outros, promoveu shows de Santanna, no centro da Serra do Machado.

As viagens nunca pararam de acontecer, mas diminuiu o número de convidados. Que agora vão para Aracaju, no jatinho de João Carlos, e para Serra do Machado de helicóptero. Claro que é mais confortável, mas confesso que não esqueço o charme do passado, com as viagens de ônibus e o jantar no apartamento de Albano Franco. E para ilustrar este artigo uma foto de um desses jantares, com Albano Franco, um dos maiores amigos de João Carlos Paes Mendonça, recebendo nosso presidente e José Múcio Monteiro.

 

João Alberto Martins Sobral, editor da coluna João Alberto no Social1

 

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