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Gustavo Henrique de Brito Alves Freire: João Carlos, o perseverante

Midas que é o doutor João Carlos, como é afetuosamente chamado, constitui uma força da natureza. Devia ser verbete de dicionário. Leia o artigo

Por Gustavo Henrique de Brito Alves Freire Publicado em 14/05/2025 às 0:02 | Atualizado em 14/05/2025 às 8:10

Na antiguidade grega, Esopo narrou, entre tantas, a parábola do corvo e o jarro. É uma historinha curta, mas profunda porque dá o que pensar. Sucumbindo à sede, em dia de forte calor, um corvo avistou o jarro. Supondo que contivesse água, voou até o alvo, exultante de alegria. No entanto, ao colocar o bico no bocal do objeto, percebeu que este trazia tão pouca água que era impossível retirá-la. Coletou então diversas pedras pequenas e as jogou lá dentro, elevando o nível da água até ser capaz de bebê-la.

A mesma virtude, a da perseverança, se consegue com facilidade distinguir em determinadas figuras. É o caso do sergipano de alma pernambucana João Carlos Paes Mendonça, cujo Grupo empresarial acaba de completar noventa primaveras. O sangue perseverante corre nas suas artérias.

Da rede de Supermercados Bompreço (até hoje, por sinal, "fazer Bompreço" é sinônimo de sair de casa para realizar a feira da semana ou do mês), aos Shoppings (que não se confinam à Região Metropolitana do Recife), alcançando, igualmente, o Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, o tirocínio do Rei Midas que é o doutor João Carlos, como é afetuosamente chamado, constitui uma força da natureza. Devia ser verbete de dicionário. Tudo o que faz é de uma intensidade de inspiração ela mesma perseverante.

Quando o Jornal do Commercio completou 105 anos, ele escreveu em tom autobiográfico: "Sempre fui movido a desafios". O que é a mais nua e crua verdade. Basta acompanhá-lo com algum interesse. O homem é um motor de jato movido a plutônio. Seu espírito não fica velho. Deixou Sergipe aos 27 anos para aventurar-se no varejo. Fez sucesso. Adquiriu o Jornal quando o mesmo atravessava uma crise brutal. Voltou a fazer sucesso. Nunca esperou a dificuldade apaziguar.

É a versão live action dos faróis de navegação assentados sobre rochas cercadas por mares agitados. Nada o leva a ser apagado ou a apagar-se. Contra os mais impiedosos reveses, inspira diferentes faixas etárias, mormente os capitães de fragata que vão chegando à lida com o mar, neles inoculando o ensinamento inderrotável da perseverança.

Perseverança que não é igual a teimosia. Pode parecer que é, mas não. Perseverança não possui conotação pejorativa. Perseverança é qualidade positiva. Tem a ver com tenacidade, com firmeza de propósitos. Já teimosia remete ao conceito de obstinação birrenta. Perseverança é maturidade. Como não decantar nos capítulos ricos que formam a trajetória de um visionário como o doutor João Carlos o DNA do perseverante? A antítese da síndrome do vira-lata?

Na China dos anos 50 do século passado, Huang Dafa, homem simples, chamou para si a missão de construir um canal de água com dez quilômetros de extensão, atravessando três montanhas, para que a população do vilarejo em que morava, Caowangba, pudesse ter acesso a esse bem precioso e potável. Dafa não conhecia de engenharia, nem de hidráulica. Somente muito tempo mais tarde conseguiu apoio financeiro do governo chinês. Finalmente, em 1995, a obra foi terminada. Hoje, a abundância de água permite a irrigação dos campos de arroz e ninguém mais passa sede em Caowangba. De quebra, o vilarejo ganhou eletricidade e uma nova estrada. De novo: nada supera a perseverança.

Sir Winston Churchill, que é seguramente um dos maiores estadistas da história, ex premiê britânico, com seu senso de humor incomparável, afirmou certa ocasião que não se deve nunca desistir de nada nessa vida, seja o objetivo algo grande ou pequeno.

Jamais deve o indivíduo se render à força, assim como ao poder aparentemente esmagador do inimigo. O que confere lógica e utilidade ao prazer da bonança, emprestando-lhe sentido, é a tempestade que o precede.

Nos noventa ciclos anuais que em 12/5 completou, a transbordar audácia e destemor, avulta o prognóstico de que o Grupo JCPM é a colheita daquilo que semeou seu precursor Pedro, a ultrapassando o fundador, assim como Brasília transcende Juscelino. É promissor ver uma estrada tão fecunda ser percorrida fazendo valer cada passada. Já vaticinava Disraeli: "O segredo do sucesso é a constância do propósito". Parabéns e alvíssaras ao Grupo JCPM. Que seja sempre farol. E que chegue o centenário.

Gustavo Henrique de Brito Alves Freire, advogado

 

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