Gustavo Krause: A água de "Seu" Pedro
Seu" Pedro regou boas sementes. 90 anos de uma existência de solidez e de esperança. Ele começou tudo. A Inteligência Artificial mostra o homem

A comemoração dos 90 nos do grupo JCPM foi um evento magnífico. Uma história contada e cantada pelos profissionais, artistas, poetas, músicos que foram emancipadas por uma incubadora de compromissos sociais de um grupo empresarial que não apenas cumpre suas obrigações legais: foi muito além, oferece às pessoas oportunidades, abrindo caminhos para realizar sonhos e vocações.
Foi tudo muito bonito. Diria uma beleza indescritível, vista por uma encenação e compreendida como uma trajetória virtuosa que cresce e supera adversidades sem renunciar à prática do bem.
O homem virtuoso não nasce feito. Ele se constrói e nesta construção multiplica exemplos. Virtudes e exemplos marcam noventa anos relatados no primoroso livro de autoria de Saulo Moreira: "JCPM. O grupo e a trajetória e de João Carlos Paes Mendonça, o empresário que gosta de gente, de trabalho e de mudar a vida das pessoas", prefaciado com profundidade e erudição pelo brilhante José Paulo Cavalcanti Filho, em síntese admirável: "Essa é a história improvável de um menino que trocou sua infância pela aventura (quase insensata) de conquistar o mundo".
Depois do que foi descrito como matéria jornalística, do livro e do prefácio, e conhecer a grandeza de uma "aventura quase insensata", nada resta para escrever sobre gestos e feitos coerentes com um homem sem medo, capaz de investir, acreditar e prosperar em momentos históricos e ambientes de negócios completamente adversos à equação econômica que justificassem acreditar no futuro do Brasil, especialmente no Nordeste. Ele respondeu com o imortal "Orgulho de ser nordestino.
No entanto, a minha emoção cedeu diante a um prudente silêncio. E explico: há uma passagem e um registro indelével no qual o Sr. Pedro Paes Mendonça dá água fresquinha ao freguês ou a quem entrasse na mercearia, contaminado pelas muitas sedes que afligem e afligiam os habitantes do semiárido. Os belos gestos são a permanência da nossa fugaz passagem pelo suspiro da vida.
Naquele gesto, se consumava o caráter, natureza e o exemplo do homem virtuoso. A virtude é uma disposição adquirida de fazer o bem. Como comerciante sabia o preço de farinha, do feijão, do charque e de todas as mercadorias. Mas a água não tinha preço, tenha valor. O da solidariedade, da generosidade, da fraternidade. A água dada ao semelhante sedento, certamente recompensava "seu" Pedro com a sensação de frescor na alma. A água fez renascer do incêndio, um casa comercial mais forte e destemida.
Por sua vez, o exemplo é o maior ensinamento que se pode legar ao ser humano. O exemplo se constrói a partir do fazer, segundo a retidão ética que o inspira. O grupo JCPM mantem vivo o exemplo quando atende pessoas ainda não obtiveram a carta de alforria do 13 de maio de 1888. Liberta pela educação; ilumina caminhos e forma cidadãos.
"Seu" Pedro regou boas sementes. 90 anos de uma existência de solidez e de esperança. Ele começou tudo. A Inteligência Artificial mostra o homem. Tudo mais tem raiz no gesto de dar água a quem tem sede. Agora e sempre.
Gustavo Krause, ex-governador de Pernambuco