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Arthur Carvalho: Uma Rosa perfumada, bonita e guerreira

Quando vim morar aqui, em 1952, Recife era considerada terceira cidade do Brasil. Hoje, se não me engano, é a oitava. Leia o artigo

Por ARTHUR CARVALHO Publicado em 14/05/2025 às 8:12

A ideia foi de Antônio Jayme da Fonte, cidadão de sensibilidade, preocupado com a história e os problemas de Pernambuco e do Recife, cidade de seu nascimento e de coração: visitar o lendário famoso e tradicional Hotel Central, estabelecido na Rua Manoel Borba, bairro da Boa Vista. E convidou o jornalista e escritor Mario Helio e a mim para fazermos uma visita a Rosa atual arrendatária e administradora e nós fomos almoçar com ela, sábado, no Hotel.

Rosa Maria, é bonita, simpática, educada, charmosa e ... divorciada. Nos recebeu fidalgamente (gostou Mario Helio?) ainda se usa o advérbio? no seu restaurante, com deliciosa peixada ao molho de tomate e começamos a conversar. Conversa simples, ela contando a luta incessante e complicada para recuperar e reformar o secular imóvel, seus móveis (muitos de jacarandá) e utensílios, o antigo elevador, ainda de grade de ferro, em perfeito funcionamento, que queriam substituir por um "moderno" (ou modernoso) e ela não permitiu. O piano antigo, onde tocaram grandes pianistas, inclusive hóspedes ilustres como Capiba e Mariano.

Com o tempo e entre um gole de loura suada e um molho de pimenta malagueta, Rosa vai contando fatos pitorescos acontecidos no hotel, dizendo que nele se hospedaram, entre outros, Orson Welles, Carmem Miranda, Dalva de Oliveira, Orlando Silva e Nelson Gonçalves. E começa a cantar o repertório de Nelson com voz suave e sentimento. Mas de quem ela gosta mais é de Nubia Lafayete. E deu um show, cantando Nubia.

Depois do almoço, nos levou para correr e conhecer os 58 apartamentos até a suíte do oitavo andar onde eu levei um choque elétrico na banheira de mármore, faz uns 20 anos. Rosa eliminou esse tipo de banheira, não tem mais. Mas ela não pode resolver todos os problemas do imóvel sozinha. Precisa da compreensão e contribuição dos Poderes Públicos, pois é dever deles zelar pelo patrimônio material e imaterial dos Estados e Municípios, principalmente de cidades bonitas, históricas e de extraordinário potencial turístico feito Recife.

Quando vim morar aqui, em 1952, Recife era considerada terceira cidade do Brasil. Hoje, se não me engano, é a oitava e a rede hoteleira conta muito nessa classificação. O clima é ótimo, as praias belíssimas, a população pacata e cordial, as mulheres lindas, importante malha hospitalar, tradição cultural das mais reconhecidas, no romance, na prosa, nos contos, na universidade, na saúde, nos cultos religiosos, notadamente na Igreja Católica, evangélicas, no candomblé, resultando em sincretismo.

O Hotel Central prescinde do apoio da Imprensa, das Rádios e televisões pernambucanas, pela sua grandeza histórica na vida do nosso Estado.

Arthur Carvalho, da Associação Brasileira de Imprensa - ABI

 

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