Vacina contra a Chikungunya, uma esperança social
No dia 14 de abril de 2025, foi aprovado pela ANVISA o registro da vacina Chikungunya IXCHIQ com base em estudos clínicos com adultos e adolescentes

A Chikungunya é uma arbovirose transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o qual pode disseminar mais de 20 tipos diferentes de vírus, entre os quais os da dengue e da Zika. A doença causada pelo Chikungunya produz febre alta e dores intensas nas articulações, podendo evoluir para dor crônica em alguns casos, resultando no afastamento de pessoas de suas tarefas diárias, às vezes por semanas. Os afastamentos de trabalho provocados por essa moléstia geram perdas de bilhões de dólares em todo o mundo.
Entre dezembro de 2013 e junho de 2023, as autoridades de saúde pública relataram 3,7 milhões de casos suspeitos e confirmados por testes diagnósticos da doença causada pelo vírus Chikungunya nas Américas, mas o número total de casos é provavelmente muito maior do que essa estimativa devido à infraestrutura de notificação precária.
O vírus foi introduzido no Brasil em 2014 e, atualmente, todos os estados registram casos. Até 14 de abril deste ano, o Brasil registrou 68,1 mil casos da doença, com 56 óbitos confirmados. Atualmente o vírus foi detectado em 110 países até o momento e está se espalhando à medida que o habitat dos mosquitos — responsáveis pela maior parte da transmissão do vírus — se expande para novas regiões.
Em novembro de 2023, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA concedeu aprovação acelerada para a IXCHIQ, uma vacina de vírus atenuado recombinante contra Chikungunya, com a exigência de conduzir estudos pós-comercialização adicionais, incluindo avaliações posteriores de segurança e eficácia em áreas endêmicas e pesquisas em populações de alto risco. A Valneva e o Instituto Butantan conduziram um estudo clínico com apoio da Coalition for Epidemic Preparedness Innovations (CEPI) e do programa EU Horizon 2020 em várias regiões do Brasil.
No Recife, o estudo foi conduzido em parceria com a Plátano e o Instituto Aggeu Magalhães, em uma população com idades entre 12 à 18 anos. Esse trabalho demonstrou que a vacina é segura e imunogênica nesta população. A IXCHIQ hoje tem aprovação das agências regulatórias Norte Americanas e europeias para uso em pessoas com mais de 12 anos. As vacinas de vírus atenuado como a IXCHIQ estão entre os tipos de imunizantes mais eficazes e têm um bom perfil de segurança, mas podem não ser recomendadas para certos grupos, como indivíduos imunocomprometidos ou pessoas muito idosas que o sistema imunológico pode não ser capazes de controlar a replicação do vírus atenuado.
No dia 14 de abril de 2025, foi aprovado pela ANVISA o registro da vacina Chikungunya IXCHIQ com base nos estudos clínicos com adultos e adolescentes realizados no Brasil e no EUA. A produção inicial da vacina será feita na Alemanha, pela empresa IDT Biologika GmbH, com previsão de transferência de tecnologia para fabricação futura pelo Instituto Butantan.
Um imunizante seguro e eficaz configura um alento para a sociedade e o fato dessa vacina ser futuramente incorporada ao SUS é uma esperança inigualável de enfrentamento à doença.
José Luiz de Lima Filho. Médico. Membro da Academia Pernambucana de Ciências e Diretor do Instituto Keizo Asami – UFPE
Ernesto Torres Marques Junior. Médico. Universidade de Pittsburgh.