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Registro histórico: cometa vindo de outro Sistema Solar é detectado por sondas que orbitam em Marte

Pesquisadores analisam a luz refletida pelo 3I/ATLAS para identificar sua composição e entender como cometas interestelares reagem ao calor do Sol

Por Eduardo Scofi Publicado em 09/10/2025 às 10:59

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A Agência Espacial Europeia (ESA) registrou, no início de outubro, um cometa vindo de fora do Sistema Solar. O feito, considerado histórico para a astronomia moderna, foi registrado por duas sondas que orbitam Marte. 

Chamado de 3I/ATLAS, o corpo celeste foi detectado pelas lentes no início de outubro pelas missões Mars Express e Trace Gas Orbiter, da ESA, enquanto cruzava a vizinhança do planeta marciano.

Ele foi captado por sondas que foram programadas para estudar o objeto, registrando um ponto difuso comparado aos demais, resultado da luminosidade da chamada coma (uma nuvem de poeira e gás que envolve o núcleo congelado do cometa). 

 

Reprodução/ Agência Espacial Europeia (ESA)
O 3I/ATLAS visto a partir da órbita de Marte - Reprodução/ Agência Espacial Europeia (ESA)

Com um brilho bastante sutil, o 3I/ATLAS passou a cerca de 30 milhões de quilômetros de Marte que, apesar de aparentar ser muito distante, é considerada pequena para padrões planetários. 

Os pesquisadores esperam que, conforme o 3I/ATLAS se aqueça ao se aproximar do Sol, comece a exibir a clássica cauda que caracteriza os cometas. Formada por poeira e fragmentos de gelo que se desprendem do núcleo e são empurrados pelo vento solar, essa estrutura pode se tornar visível nas próximas semanas.

Um visitante interestelar raro

O 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto interestelar já registrado atravessando o Sistema Solar. Ele recebeu essa designação porque sua trajetória tem formato hiperbólico, ou seja, não está preso pela gravidade do Sol. Diferente dos cometas comuns, ele não orbita a estrela, apenas passa por ela antes de continuar sua rota.

O cometa foi detectado pela primeira vez em 1º de julho de 2025, pelo telescópio ATLAS, localizado em Rio Hurtado, no Chile. Observações posteriores confirmaram que o objeto vinha da direção da constelação de Sagitário. Desde então, sua passagem tem sido acompanhada por diversos observatórios e instrumentos espaciais.

Atualmente, o 3I/ATLAS está a cerca de 670 milhões de quilômetros do Sol e deve atingir sua máxima aproximação em 30 de outubro, quando ficará a pouco mais de 210 milhões de quilômetros, dentro da órbita de Marte.

Reprodução/ NASA
Trajetória do 3I/ATLAS pelo Sistema Solar - Reprodução/ NASA

A NASA afirma que ele não representa nenhum risco para a Terra, já que sua distância mínima do planeta será de aproximadamente 270 milhões de quilômetros.

Formato de gota 

O Telescópio Espacial Hubble também capturou uma imagem detalhada do cometa em julho, revelando uma estrutura em forma de gota de poeira e gelo que se desprende do núcleo sólido. As estimativas apontam que esse núcleo pode medir até 5,6 quilômetros de diâmetro, embora possa ser muito menor, com cerca de 440 metros.

Reprodução/ NASA
Captura do cometa pelo Telescópio Espacial Hubble em julho - Reprodução/ NASA

A passagem do cometa oferece aos astrônomos uma chance rara de estudar um viajante interestelar e entender melhor como esses corpos se formam e se comportam ao cruzar os limites do nosso Sistema Solar.

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