Xi Jinping reúne autocratas para desfile e exibição de poder e reforça laços com a Rússia
A convergência de tantos países antidemocráticos ressalta a influência da China sobre os autocratas como a principal potência autoritária do mundo

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O líder chinês, Xi Jinping, reuniu nesta terça-feira (2) um clube de autocratas para fazer uma demonstração de força militar, desfilando mísseis hipersônicos avançados, drones subaquáticos e veículos blindados pelo centro de Pequim, em evento também pensado para exibir o peso diplomático da China.
Cerca de 30 líderes, a maioria autoritária, foram convidados. Xi reuniu o presidente russo, Vladimir Putin, o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian - no primeiro encontro dos quatro líderes em um mesmo local.
Pequim usou o desfile de celebração do 80.º aniversário do fim da 2.ª Guerra para exibir algumas das armas mais recentes e chamar a atenção para o que o Partido Comunista alega serem contribuições não reconhecidas da China para a derrota do Japão Imperial.
Outros convidados para o evento incluíram Min Aung Hlaing, chefe da junta militar de Mianmar, e o presidente Denis Sassou Nguesso, da República do Congo, líderes de países com péssimos históricos de direitos humanos. Apenas 7 dos 25 países convidados são considerados livres ou parcialmente livres pela Freedom House, um grupo de defesa da democracia, com sede nos EUA.
A convergência de tantos países antidemocráticos ressalta a influência da China sobre os autocratas como a principal potência autoritária do mundo, segundo o analista Neil Thomas, membro do Centro de Análise da China, da Asia Society.
Também revelador, segundo ele, foi o fato de líderes de 11 dos 14 países que fazem fronteira com a China estarem representados, incluindo Mongólia, Laos e Nepal, oferecendo "uma demonstração de que a China é uma superpotência regional".
Taiwan
Foi o primeiro grande desfile militar no país desde 2019, quando comemorou o 70.º aniversário da fundação da China comunista. Grande parte do armamento e equipamento foi exibida ao público pela primeira vez, segundo autoridades militares chinesas.
Muitas das novas armas parecem ter sido projetadas para aumentar a capacidade da China de invadir Taiwan, ilha autônoma reivindicada por Pequim. Entre elas, mísseis antinavio hipersônicos, que poderiam frustrar uma defesa da marinha dos EUA aos taiwaneses, e drones de combate, que podem ajudar as forças armadas chinesas a navegar melhor pelo terreno montanhoso de Taiwan.
Unidade
O desfile em Pequim foi realizado um dia após líderes de China, Rússia e Índia darem as mãos em uma cúpula regional na cidade de Tianjin, na qual prometeram cooperar, enviando uma mensagem de unidade a Donald Trump e suas políticas imprevisíveis.
Já em Pequim, Putin e Xi assinaram ontem um memorando "legalmente vinculante" para avançar os planos de construção do gasoduto Poder da Sibéria 2. O projeto deve consolidar o papel da China como o cliente de energia mais importante de Moscou - que busca substituir os mercados europeus perdidos com a imposição de sanções por sua invasão da Ucrânia. Na presença de Putin e Xi, ocorreu uma cerimônia entre as empresas estatais Gazprom, da Rússia, e a China National Petroleum Corporation.
Putin chamou Xi de "querido amigo" e disse que os laços de Moscou com Pequim estão "em um nível sem precedentes". As relações entre China e Rússia se aprofundaram nos últimos anos, especialmente após a invasão da Ucrânia em 2022. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)