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Trump promete taxar chips importados em 100% e amplia tarifa sobre a Índia

"Empresas americanas estão ‘voltando para casa’ e fabricantes de chips buscam entrar no mercado americano", disse o presidente Donald Trump

Por Estadão Conteúdo Publicado em 06/08/2025 às 20:51

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O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou nesta quarta, 6, que irá aplicar uma tarifa de "aproximadamente 100%" sobre chips e semicondutores, mas que haverá isenção se empresas tiverem o compromisso de fabricarem nos EUA.

"Empresas americanas estão ‘voltando para casa’ e fabricantes de chips buscam entrar no mercado americano", disse Trump em entrevista no Salão Oval ao lado do CEO da Apple, Tim Cook.

A fabricante do iPhone anunciou um novo compromisso de US$ 100 bilhões com os EUA, acelerando seu investimento no país para um total de US$ 600 bilhões nos próximos 4 anos. Segundo Trump, a Apple construirá data centers, uma linha de reciclagem de terras raras na Califórnia, além de chips no Texas, Utah, Arizona e Nova York.

IMPACTO SOBRE A ÍNDIA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou, ainda nesta quarta, uma ordem executiva que impõe tarifa adicional de 25% sobre a Índia, informou a Casa Branca na rede social X. A nova ofensiva é uma resposta à contínua compra de petróleo russo pelos indianos, de acordo com o decreto.

Na semana passada, a Casa Branca já havia informado que a Índia ficaria sujeita a uma tarifa recíproca também de 25%. Ou seja, os produtos indianos passarão a pagar uma tarifa de 50% - igual à imposta a boa parte das exportações brasileiras.

A sobretaxa entra em vigor 21 dias após a data da ordem executiva e incide sobre mercadorias que entram para consumo ou são retiradas de armazéns dos EUA após esse período.

No documento, o presidente diz ter recebido novas informações a respeito das ações da Rússia na guerra da Ucrânia, que representa "extraordinária ameaça" à segurança nacional americana. Para lidar com isso, o republicano descreve ser necessário "impor uma taxa ad valorem adicional sobre as importações de artigos da Índia, que está importando direta ou indiretamente petróleo da Federação Russa".

Em 2024, os EUA tiveram déficit comercial de US$ 45,8 bilhões com a Índia, de acordo com estatísticas oficiais americanas. País mais populoso do mundo, com mais de 1,4 bilhão de habitantes, a Índia representava uma forma de os EUA combaterem a influência da China na Ásia. Mas a Índia não apoiou as sanções relacionadas à Ucrânia impostas pelos EUA e aliados a Moscou.

EUA e a China estão atualmente em negociações comerciais, com Washington impondo tarifa de 30% sobre produtos chineses e enfrentando retaliação de 10% de Pequim sobre produtos americanos.

Apoio chinês

A China manifestou apoio ao Brasil, contra o que chamou de "interferência externa injustificada" nos assuntos internos do Brasil e "imposição intimidatória de medidas tarifárias", pela administração Trump.

A manifestação foi oficializada pelo chanceler Wang Yi, durante telefonema ao assessor especial da Presidência, Celso Amorim.

Este foi o gesto mais explícito da China em suporte ao Brasil, na reação ao tarifaço e às medidas de sanção anunciadas por Washington com fundo político. O governo de Xi Jinping disse que aprofundar laços com o Brasil poderá "compensar incertezas externas".

"A China apoia firmemente o Brasil na salvaguarda de sua soberania e dignidade nacionais e se opõe à interferência externa injustificada nos assuntos internos do Brasil", diz um comunicado atribuído a Wang Yi, divulgado pela chancelaria chinesa.

Conforme o governo chinês, o ministro afirmou na chamada com Amorim que "usar tarifas como arma para reprimir outros países viola a Carta da ONU, enfraquece as regras da OMC e é impopular e insustentável".

O chanceler afirmou ainda que a China dará suporte ao Brasil no "fortalecimento da solidariedade e cooperação" entre os países do Sul Global. "A união faz a força", escreveu a Embaixada da China em Brasília, também no X.

 

 

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