Tarifaço dos EUA e sanções à Rússia podem afetar economia e inflação no Brasil, diz economista
André Magalhães destacou que, embora cerca de 700 produtos tenham sido excluídos da medida, restaram aproximadamente 3.800 itens afetados

O economista André Magalhães analisou, nesta quarta-feira (6), os desdobramentos do recente tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil, além de comentar possíveis sanções que podem ser aplicadas a países que mantêm relações comerciais com a Rússia. André participou do programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal.
Magalhães destacou que, embora cerca de 700 produtos tenham sido excluídos da medida, restaram aproximadamente 3.800 itens afetados — o que representa quase metade da pauta de exportações brasileiras para os EUA.
Segundo ele, o impacto da decisão vai além da aplicação de tarifas. “Basicamente, a gente não vai conseguir vender para os Estados Unidos. É barrar o produto brasileiro”, afirmou.
Ele explicou que metade da medida adotada não é apenas tarifária, mas uma sanção que inviabiliza completamente a exportação de certos produtos.
Brasil e Rússia
Além disso, André Magalhães chamou atenção para um segundo risco que se desenha no cenário internacional: a relação comercial do Brasil com a Rússia. O economista ressaltou que, embora o Brasil tenha optado por manter a importação de produtos russos, os Estados Unidos — principalmente por meio do Congresso — vêm sinalizando que novas medidas podem ser impostas contra países que mantêm vínculos comerciais com Moscou.
“Essa nova sanção com relação à Rússia tem um impacto direto na inflação brasileira, mais até do que esse tarifaço inicial”, alertou.
Durante a entrevista, também foi esclarecido que essa movimentação não é atribuída diretamente ao ex-presidente Donald Trump, nem ao deputado Eduardo Bolsonaro. Segundo Magalhães, trata-se de uma pauta que já vem sendo discutida há algum tempo no Congresso norte-americano. “Senadores americanos avisaram que medidas contra países que compram da Rússia estão sendo preparadas. Provavelmente, essa decisão virá diretamente do Congresso americano”, destacou.
O economista também abordou o contexto político e suas implicações econômicas. Ele afirmou que a tensão entre os governos de Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva torna improvável um entendimento diplomático no curto prazo. “Não vejo como o presidente Lula vai recuar dessa discussão, nem o presidente Trump”, afirmou, sugerindo que o caminho mais viável para amenizar o cenário seria por meio da atuação direta de empresários nos diálogos comerciais.
Impacto em Pernambuco
Em relação aos impactos locais, especialmente no Nordeste, Magalhães foi enfático. “Petrolina, por exemplo, vai ser afetada sem nada acontecer”, disse.
Ele lembrou que o presidente Lula e o vice-presidente Alckmin se reuniram com governadores nordestinos, que esperavam uma resposta mais concreta sobre medidas emergenciais para produtores locais, especialmente da fruticultura. Porém, segundo o economista, o governo federal demonstrou prudência ao decidir aguardar os desdobramentos para agir.
Apesar de reconhecer a importância de apoio governamental, Magalhães acredita que a solução passa, prioritariamente, pela diplomacia econômica.
“O que o Estado brasileiro poderia fazer é emprestar a diplomacia e tentar abrir caminho para os empresários”, afirmou, destacando que medidas como subsídios ou compras diretas pelo governo são complicadas e podem gerar consequências fiscais de longo prazo.
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