GUERRA | Notícia

Israel usa palestinos como escudos humanos em Gaza, relatam soldados e ex-detentos a agência

De acordo com informações, palestinos são equipados com câmeras nos capacetes e usados para verificar se casas, prédios e túneis estão livres

Por Estadão Conteúdo Publicado em 24/05/2025 às 19:18

Soldados israelenses e ex-prisioneiros palestinos ouvidos pela agência de notícias Associated Press (AP) relataram que as Forças Armadas de Israel usam palestinos como escudos humanos na Faixa de Gaza e que a prática é amplamente adotada na guerra contra o grupo terrorista Hamas.

Segundo as informações, publicadas em reportagem neste sábado, 24, palestinos são vestidos com roupas militares, equipados com câmeras nos capacetes e usados para verificar se casas, prédios e túneis estão livres de explosivos ou de terroristas.

Em resposta, o Exército de Israel disse que o uso de civis como escudos humanos é terminantemente proibido e que orientações nesse sentido são transmitidas com frequência aos soldados. Também afirmou que suspeitas isoladas de violações estão sob investigação.

Prática é crime de guerra

Um oficial israelense entrevistado reservadamente pela reportagem da AP narrou que, frequentemente, as ordens vêm dos superiores hierárquicos e que quase todos os pelotões em Gaza usaram palestinos nas varreduras.

A prática é considerada um crime de guerra e proibida por leis internacionais. Comandantes militares israelenses acusam o Hamas de usar a tática e atribuem a isso o grande número de palestinos mortos e feridos desde o início da guerra.

Sete palestinos alegaram ter sido usados como escudos em Gaza e na Cisjordânia. Um deles narrou que foi ameaçado de morte e forçado a inspecionar casas e túneis por 17 dias consecutivos. Outro relatou que foi separado da família e que, em uma das varreduras, encontrou por acaso com o irmão, usado como escudo humano por outro pelotão.

Dois soldados do Exército israelense confirmaram ter se envolvido na prática e afirmaram que seus comandantes estavam cientes e que alguns até davam ordens nesse sentido. Segundo os militares, o codinome para os escudos humanos no Exército é "protocolo mosquito".

Mais relatos

Os soldados disseram que tomaram conhecimento do uso dos escudos humanos logo após o início da guerra, em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas atacou Israel, e que o uso se espalhou em meados de 2024. Os militares ouvidos pela AP afirmaram ainda que a tática acelera operações, economiza munições e evita a morte de cães farejadores.

Um relatório obtido pela Associated Press registrou que um desses escudos humanos foi morto acidentalmente por soldados israelenses de outra unidade que o confundiram com um membro do Hamas. Com informações da AP.

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