Fé que atravessa fronteiras
Tive a graça de encontrar três pontífices antes deste momento com o Papa Leão XIV e cada encontro trouxe um sentido e chamado diferente de renovação
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Gilberto Gomes Barbosa
Ao longo da minha jornada, tive a graça de encontrar três pontífices antes deste momento com o Papa Leão XIV. Cada encontro, no entanto, traz um sentido novo, um chamado diferente e a renovação do desejo de servir a um Deus de propósito em uma Igreja que continua viva e próxima dos que mais precisam.
Estive com autoridades pernambucanas no Vaticano, ao lado de membros da Fraternité Monseigneur Courtney, muitos deles irmãos da Comunidade Obra de Maria, para uma audiência privada que foi, antes de tudo, um gesto de comunhão. Vivemos um momento que se tornou um testemunho. O Santo Padre nos recebeu com a simplicidade dos que sabem ouvir. Em seu olhar, pudemos perceber uma Igreja que continua próxima das pessoas, especialmente dos que sofrem. A fé nos move e a unidade nos sustenta.
Nosso convite veio de Dom Dieudonné Datonou, Núncio Apostólico de Burundi, um amigo que conhece de perto o trabalho missionário que realizamos há mais de três décadas. Ele já acompanhou a Obra de Maria em comemorações e em ações na África, continente onde estamos presentes em mais de 30 países, dentre os 63 que hoje acolhem nossa missão. O Papa Leão XIV nos falou sobre esperança, por meio da citação “Spes non confundit”,da Carta aos Romanos, e foi impossível não pensar nas milhares de pessoas que encontramos ao longo desses 35 anos de caminhada.
A Comunidade Católica Obra de Maria nasceu em Recife, da experiência com a Renovação Carismática Católica, mas nunca se limitou a um movimento. Nosso compromisso é com a vida, com o ser humano, com a transformação silenciosa que acontece quando alguém é escutado, amparado e amado. A esperança, para nós, é uma vivência diária na prática. Ela está nas missões realizadas em cidades e aldeias africanas, nas casas simples do interior do Brasil, nas peregrinações que conduzem tantos de volta à fé. Não há fronteira para a caridade, e talvez esse seja o maior ensinamento que a Igreja pode oferecer hoje.
Quando saímos da audiência, o que levamos foi o reforço de um propósito. Nosso tempo pede testemunhos, e não discursos. Pede coerência nas palavras. Estar diante de um Papa, a autoridade máxima da nossa Igreja na Terra, e pela quarta vez, me recordou que a verdadeira evangelização acontece quando o Evangelho se torna gesto e quando o serviço se torna a linguagem mais clara da fé.
Gilberto Gomes Barbosa é fundador da Comunidade Católica Obra de Maria