Religião | Notícia

Agir com Jesus

O Espiritismo propõe a reflexão de que "Fora da caridade não há salvação", ou seja, fora da compreensão profunda da prática da caridade

Por JC Publicado em 19/10/2025 às 0:00

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GUSTAVO MACHADO


A religião, em sua expressão mais genuína, tem o poder de transformar o ser humano — não apenas pela doutrina que anuncia, mas sobretudo pelo caminho de conexão com Deus que oferece.
Nessa perspectiva, seja qual for a tradição, o templo religioso se apresenta como espaço de aprendizado, de pertencimento e de exercício vivo da fé, ajudando cada um a enfrentar, tanto quanto seja possível, os obstáculos cotidianos com serenidade e esperança. Mais do que rito ou costume, a igreja é ponto de encontro para a prática da espiritualidade.


Mas é preciso lembrar que o sagrado não está restrito a paredes, templos ou instituições. Ele se faz presente em todos os lugares, em todos os ambientes, em todos os corações. Enquanto cristão, aproximamo-nos quando nos dispomos a exercitar os Seus ensinamentos em gestos concretos.
 

Assim, o Espiritismo nos propõe a reflexão de “Fora da caridade não há salvação”. Isso significa dizer queão é fora da igreja ou fora da religião, mas fora da compreensão profunda e da prática da caridade.

Em O Livro dos Espíritos, na questão 886, temos: “Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus? Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”. Esse é o exercício diário que nos conecta verdadeiramente ao Cristo.
A religião é, nesse sentido, uma estrada aberta para quem decide caminhar. Ela nos ajuda a encontrar sentido, a levantar os olhos para o alto quando o peso da vida insiste em nos curvar. É o meio que nos (re) conecta, de (re)encontro. Mas não é não o único.


Porque Jesus não está apenas no altar. Ele está no silêncio da madrugada, na rua, na natureza, está no abraço demorado. Está no olhar de quem pede e também no gesto de quem dá. Está em você e está no outro…Aproximamo-nos Dele quando nos dispomos a viver os seus ensinamentos. É nesse instante que a fé se transforma em vida.
Não por acaso, Divaldo Franco já

alertava: “eu respeito mais um ateu digno do que um religioso hipócrita”. A frase traduz o essencial da fé cristã: não é a aparência de religiosidade que salva, mas a vivência sincera da caridade. A espiritualidade autêntica se revela no agir compassivo, e não em meras declarações de crença.


E se queremos nos aproximar de Jesus e deixá-Lo acessar nos nossos corações, acalentar a saudade que sentimos Dele a tal ponto de guiar nossos passos, um exercício que nos parece salutar é praticar uma recomendação de Emmanuel “a disciplina antecede a espontaneidade”. Primeiro, nos disciplinemos a praticar as lições de Jesus. Nos obriguemos mesmo, como um compromisso, uma meta a ser alcançada. Depois, no tempo de cada um, o gesto se torna natural, o coração se torna livre. O exercício da caridade pode brotar em cada ser humano a partir dessa estratégia: disciplinar-se na fé que se materializa em benevolência, indulgência e perdão. Dessa “obrigação”, nasce a espontaneidade — e dela floresce a vivência plena dos ensinamentos de Cristo. Agiremos, então, espontaneamente com caridade.


E é nesse caminho que a fé deixa de ser palavra e se torna passo — se torna caridade. E, quando o cansaço vier — porque pode vir — é a fé que nos sustenta, essa fé que, como canta Gilberto Gil, “andar com fé eu vou, que a fé não costuma faiá”.


Agir com Jesus é, portanto, andar com fé: fé que vê o outro, que se faz caridade, que transforma o dever em amor e o amor em vida. Porque quem anda com fé em ação anda com o sagrado, e quem anda com o sagrado caminha em direção a Deus. Afinal, Jesus nos disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (João 14:6). O caminho para Deus. A verdade sobre Deus. A vida com Deus.


Gustavo Machado – trabalhador da Fraternidade Espírita Franscisco Peixoto Lins (Peixotinho).

 

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