Felicidade com JESUS
Nesse silêncio perturbador, ressoa a reflexão sempre atual de Jesus: "Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?"

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GUSTAVO MACHADO
Vivemos em uma época em que a palavra felicidade parece ter sido confundida com consumo ou desejos efêmeros e transitórios. Para muitos de nós – e todos estamos sujeitos –, ser feliz significa acumular, conquistar, exibir números de seguidores, buscar fama ou provar algo ao mundo. Muitas vezes, o preço dessa busca é o vazio e a solidão, mesmo estando rodeado de bens materiais e cercado de bajuladores travestidos de amigos.
Nesse silêncio perturbador, ressoa a reflexão sempre atual de Jesus: “Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mc 8:36). A vida, sobretudo em nossos dias intensos e frenéticos, nos desafia a perguntar: o que realmente vale conservar?
Essa ponderação, em nossa compreensão religiosa, guarda relação com a pergunta 922 de O Livro dos Espíritos: “A felicidade terrestre é relativa à posição de cada um. O que basta para a felicidade de um constitui a desgraça de outro. Haverá, contudo, alguma soma de felicidade comum a todos os homens? Com relação à vida material, é a posse do necessário. Com relação à vida moral, a consciência tranquila e a fé no futuro”. Três elementos simples e, ao mesmo tempo, profundos: posse do necessário, consciência tranquila e fé no futuro.
Sem adentrar em campos maiores de reflexão – considerando que o que é necessário dependerá de cada indivíduo e de sua subjetividade– o “necessário” não é a abundância, mas o suficiente para viver com dignidade: o mínimo existencial que assegura uma vida material equilibrada. Quando corremos atrás de conquistar tudo, de “ganhar o mundo inteiro”, a qualquer custo e sem limites éticos, arriscamo-nos seriamente a nos perder.
A “consciência tranquila” é o tesouro de quem age no bem. Não se trata de perfeição, pois somos humanos e a imperfectibilidade é inerente à nossa condição evolutiva e a forma como lidamos com nossos equívocos — passando da culpa ao arrependimento, à responsabilidade e à reparação — define quem somos. Os recomeços são portas abertas para a paz da consciência. Nossas intencionalidades falam mais alto que os atos propriamente ditos.
Já a “fé no futuro” é a luz que sustenta o coração nas horas difíceis. Ela nos lembra que nenhuma dor é definitiva, nenhuma tormenta é permanente e que o amanhã sempre traz a promessa da renovação. O sol nasce todos os dias e para todas as pessoas. Tudo passa.
É nesse ponto que a poesia da música nos ajuda a compreender a sabedoria da vida. Como canta Almir Sater em ‘Tocando em Frente”: “Ando devagar porque já tive pressa, e levo esse sorriso porque já chorei demais. Cada um de nós compõe a sua história, E cada ser em si carrega o dom de ser capaz, e ser feliz...”
O verso traduz a mesma lição espiritual: a pressa de acumular nos cansa, mas a serenidade de aprender com as dores nos fortalece. Na cadência mais lenta e consciente, descobre-se a felicidade — não no excesso, mas no que basta; não na ilusão, mas na esperança; não no ter, mas no ser.
O Evangelho de Jesus nos ensina, assim, que a verdadeira felicidade não está em possuir o que o tempo corrói, mas em cultivar aquilo que permanece: a retidão da consciência, a simplicidade do necessário e a confiança em dias melhores.
A felicidade não é um prêmio distante, mas um caminho diário, feito de sobriedade, bondade e fé. E aqui reverbera novamente a lição de Jesus: de que adianta ganhar o mundo e perder a si próprio? Como nos lembra a poesia de Almir Sater, a vida floresce quando aprendemos a andar devagar e a confiar sempre no futuro que se renova.
Estamos todos com muitas saudades de Jesus...e Ele está em todos os ambientes e acessíveis para todas as pessoas, indistintamente. E se temos saudades de Jesus, é porque nossa alma intui que a felicidade duradoura só floresce em Sua presença — presença que nos acompanha, consola e renova a esperança a cada novo dia.
Gustavo Machado – trabalhador da Fraternidade Espírita Franscisco Peixoto Lins (Peixotinho).