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Fazedor de paz

Construir a paz é uma pauta que se faz urgente na vida dos seres humanos onde os homens são desafiados cotidianamente a viverem essa paz

Por JC Publicado em 31/08/2025 às 0:00

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VALTEMIR RAMOS GUIMARÃES


Guerra, violência, desamor, conflitos, antipatia, antagonismo, desprezo, desrespeito, intrigas sem fim, são os terríveis males que abalam os relacionamentos, e tornam a vida da humanidade um viver amargo e odioso no mundo.


Construir a paz, é o assunto em pauta aqui. É uma urgência, e sempre foi urgente na vida dos seres humanos. Sabe-se que os homens são desafiados a viverem em paz, mas não é fácil viver em paz, e isso, é devido a muitos fatores no contexto em geral, que acarreta a falta de paz entre os homens. Ao que sabemos, a paz mundial é marcada por guerras, tensões e desigualdades sociais.


O que impera, infelizmente, no decorrer dos tempos, são os conflitos históricos, interesses políticos e econômicos, a falta de diálogo e compreensão, enfim, a falta substancial de “respeito” e “amor”. Entretanto, mesmo sabendo de todos esses fatores negativos mencionados, iremos conduzir nosso tema no viés do ensino de muitos mestres da humanidade, e em especial, no ensino de Jesus. De início vamos a algumas definições e etimologia do termo ‘pacificador”, ou seja, “o fazedor de paz”.


A palavra no hebraico shalom que conforme o léxico hebraico-português, indica paz, boa saúde, bem-estar (Kirst et al., 2008, p.303), e o léxico grego-português, o termo eirénês, que traduz paz, harmonia, tranquilidade (Mt 10:34; Lc 11:21; At 9:31), e essa paz, tem o sentido comumente ligado ao relacionamento de pessoas com Deus (Mc 5:34; Rm 1:7) (Gingrich, 1983, p.64). No latim, temos a palavra latina “pacificare”, da qual é derivada “pacificus”, é composta de dois radicais: pax e facere, isto é, “paz” e “fazer”. Pacificador (em latim: pacificus) é, pois “aquele que faz a paz”, é um “fazedor de paz”, um homem que possui em si a força criadora de estabelecer ou restabelecer um estado ou uma atitude permanente de paz diante das lutas (Rohden, 2000, p.57).


Na humanidade surgiram alguns mestres que ensinaram sobre a paz, e podemos citar alguns exemplos, tais como: Sidarta Gautama (Buda), ensinou sobre o ascetismo, que pontua o autocontrole do corpo e do espírito como forma de encontro com Deus e a busca do controle da raiva, e a prática da compaixão, tolerância e paciência, os quais redundam na paz; outro exemplo, seria Mahatma Gandhi (1869-1948), ele dizia: “Não existe um caminho para a paz. A paz é o caminho” (Vasconcelos, 2010, p.49,59,161). Bem, assim, como esses líderes e mestres da humanidade, bem como outros, cada um tem ensinos sobre a paz, mas, certamente o que Jesus Cristo ensinou sobre a paz, foi realmente muito convidativo e transformador para todos nós. O Mestre ensinou, no grande Sermão da Montanha: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5:9).


O apóstolo Paulo também ensinou sobre a paz: “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens (Rm 12:18). O grande tratado de paz tem de ser assinado no foro interno do eu individual antes de poder ser ratificado no foro externo das relações sociais. Paz social, segura e estável, supõe paz individual, firme e sólida. “Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz” – disse o Mestre, em véspera de sua morte -; não a dou assim como o mundo a dá; dou-vos a minha paz para que a minha alegria esteja em vós, e seja perfeita a vossa alegria, e ninguém mais vos tire a vossa alegria.

A paz de que fala o divino Mestre, Jesus, e que ele prometeu a seus discípulos não é algo inerte e passivo, como a não-resistência de uma ovelha em face do lobo. O amor é uma “violência” espiritual, disse Gandhi, que derrota todos aqueles que recorrem à violência material do ódio. Por isso, vemos ainda o Mestre divino, Jesus, dizendo sobre a resposta não violenta aos violentos: “Ao que bate em uma face, oferece-lhe a outra / e a quem te quer levar a julgamento para tomar tua capa, deixa-lhe também o (teu) manto” (Lc 6:29; Mt 5:39-40)(Barbalho, 2011, p.456).


Em vez de revidar ao violento, é preciso evitar o mal; vencer o mal com o bem; em vez de brigar por causa da capa que alguém lhe roubou, esse milionário do “ser” oferece, tranquilamente, também a túnica, porque nem a capa nem a túnica fazem parte do seu verdadeiro ser. Conforme Jesus, é preciso uma estratégia não violenta para conquistar o violento (Ibidem, p.457). Que possamos seguir os ensinos do Mestre, Jesus!


Pastor Valtemir Ramos Guimarães da IPAD – Igreja Pentecostal Assembleia de Deus – Cabo-PE. Graduado em Física pela UFRPE

 

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