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Amizade é Sentimento Divino

O amigo não inveja o sucesso do outro, pelo contrário, incentiva, ajuda, faz a obra acontecer. e não cobra a presença e muito menos satisfação

Por JC Publicado em 17/08/2025 às 0:00

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PADRE BIU DE ARRUDA


A amizade é um sentimento que vem de Deus, por isso, transcende a realidade humana. É um refrigério para a alma. Acalenta, acalma e conforta o interior de qualquer pessoa. Não é à toa que as Sagradas Escrituras dizem que “um amigo fiel é uma poderosa proteção, quem o achou descobriu um tesouro” (Eclo 6). A amizade é associada a valores altruístas como lealdade, cuidado, respeito. Ademais, a amizade é um cristalino reflexo do amor de Deus; pois Ele nos amou primeiro. Por essa razão, é agradável lembrar que Jesus tinha amigos. Ele ia a Betânia visitar os amigos: Lázaro, Maria e Marta (Jo 11). Com certeza, nessas visitas os diálogos eram maravilhosos.


A amizade é sim, um dom divino. É um presente de Deus. Ter amigos é coisa maravilhosa; e já pensou ter Deus como amigo? É bom demais! A amizade é como se fosse um sal na nossa vida que dá gosto, tempera. Por isso, conserve e cuide das suas. É um bálsamo para a alma. É por causa dela que algumas pessoas compartilham os sentimentos nobres e o sucesso; pois, ninguém esconde de um amigo as conquistas. E mais: o verdadeiro amigo alegra-se com o êxito do outro. Festeja a chegada dele ao pódio. Fica de pé e aplaude com entusiasmo.


O amigo não inveja o sucesso do outro; pelo contrário, incentiva, ajuda, faz a obra acontecer. E mais: não cobra a presença e muito menos satisfação. Alegra-se com o crescimento material, humano e espiritual, uma vez que a amizade é um verdadeiro livro aberto, sem sistema de pontuação, onde não há segredo. É uma ponte que conduz ao aprofundamento dos laços de confiança. Sobre a amizade, cravou Aristóteles: “é como se fossem duas almas e um mesmo corpo”. Foi justamente ele, que na sua obra: A Ética a Nicômoco, no livro oitavo, fez um bravo tratado acerca da amizade, chegando a dizer, “que a amizade não é apenas necessária, mas nobre, por isso, devemos louvar as pessoas que têm muitos amigos”.


O saudoso papa Francisco não pestanejou em falar acerca da amizade em uma dimensão extraordinária. Na sua Carta Encíclica, Fratelli Tutti, no capítulo VI, fala da amizade como Diálogo Social. É um apelo que o Sumo Pontífice faz à cultura do diálogo, deixando cair por terra, as diferenças e levando em conta aquilo que nos une. No texto ora aludido, a pessoa é convidada não apenas a mergulhar, mas a fazer da amizade social um trunfo para dialogar com as nações. Assim era o desejo dele e das pessoas de reta intenção, que o povo de Deus vivesse em uma verdadeira fraternidade. Sem esquecer que, a verdadeira amizade é construída nos pequenos encontros, sem qualquer formalidade.


Não podemos perder de vista que a amizade é um dom gratuito de Deus, como já foi inferido. Por isso, quem tem um amigo não perca nunca. Conserve-o sempre, uma vez que uma sólida amizade é uma verdadeira rocha firme, inquebrantável. A amizade verdadeira não se mede pelo tempo, muito menos pelos momentos perfeitos, mas pela intensidade, pelo abraço que aquece, pela força nos momentos difíceis da vida. E não se constrói sob a condição de interesse. Não, não mesmo! Sem olvidar que, o amigo corrige sem ofender.


Na companhia dos amigos, a travessia se torna mais leve. A dor dói menos. O pranto não incomoda tanto. Contudo, é preciso deixar claro que nenhum amigo é pedaço que completa o outro. E quando isso acontece, é porque o outro procura perfeição no amigo. É verdade também, que amizade pegajosa é perigosa, aliás, esse sentimento nem deve ser chamado de amizade. A amizade ultrapassa qualquer realidade humana. Supera qualquer vínculo de parentesco. Por fim, não há amigo falso. Há falso pousando de amigo. Abra o olho! Viva a amizade!


Padre Biu de Arruda é da Arquidiocese de Olinda e Recife - Pároco da Paróquia de Santa Luzia na Estância

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