Religião | Notícia

Mediunidade e aprimoramento

Obstáculo é um impedimento, uma barreira física, emocional, moral e podem ser definidos como barreiras que impedem o acesso, que me impedem de ir além

Por JC Publicado em 03/08/2025 às 0:00

Clique aqui e escute a matéria

WILSON GOMES


Muitos interessados na Doutrina dos Espíritos e em seus conceitos perguntam se a obsessão é um obstáculo à prática edificante da mediunidade. Para que possamos responder a essa questão, é mister conversarmos sobre cada parcela desse questionamento. Entender as partes para compreender o todo é necessário, pois precisamos estar certos de que escrevemos e lemos o mesmo sobre cada parcela dessa equação. São elas: obstáculo, edificante, mediunidade e obsessão.


Obstáculo é um impedimento, uma barreira física, emocional, moral etc. Há vários tipos de obstáculos. Como exemplo, podemos citar as barreiras tecnológicas, que nos impedem de acessar os aplicativos, as tecnologias oriundas do século XXI. Há também os obstáculos financeiros; estes nos impedem de acessar os benefícios da vida temporária. Os obstáculos, portanto, podem ser definidos como barreiras que impedem o acesso, que impedem o progresso, que ficam na passagem, que me impedem de ir além.


Edificante pode-se dizer de algo que constrói, que nos convida à elevação. O termo é muito usado em contexto religioso porque fala de progresso moral. Algo edificante nos concita, nos convida, nos chama para o bem, acima de qualquer coisa. Assim, como exemplo, a prática da caridade é um movimento, é uma atitude que edifica, porque age no aprimoramento moral do homem. E eleva moralmente a criatura; eleva moralmente o Espírito imortal que somos. Então, edifica.


Mediunidade. Manoel Philomeno de Miranda, na obra “Mediunidade: Desafios e Bênçãos”, diz que a faculdade mediúnica é uma possibilidade da alma que, quando encarnada, se utiliza dos implementos corpóreos, das células orgânicas para decodificar a onda-pensamento que parte de uma faixa de frequência para outra. Então, a mediunidade é uma faculdade, é uma possibilidade extracorpórea. É a possibilidade que nós, Espíritos, temos de decodificar a onda-pensamento. A faculdade mediúnica nos possibilita pegar essa onda-pensamento e transformá-la em sinal visível, audível; me capacita a materializá-la em letras. Então, a mediunidade seria uma espécie de decodificador de sinal, à semelhança dos equipamentos que transformam ondas eletromagnéticas em sinais audíveis, visíveis etc.
Obsessão. Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, definiu-a como o domínio que certos Espíritos logram obter em relação a certas pessoas. Divide esse constrangimento em três níveis: simples, fascinação e subjugação. É um obstáculo mental, um incômodo psicológico que dificulta a liberdade de pensar e, às vezes, até de agir.


É um obstáculo à mediunidade, ao decodificador, porque com ela a gente não consegue fazer uso da faculdade de modo edificante. A obsessão e os agentes dela não vão permitir que o seu uso seja para fins de aprimoramento da humanidade, porque, segundo Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, novamente, a obsessão é um escolho de primeira linha, está na primeira prateleira; é um obstáculo, um impedimento, um recife, além de muito frequente.


O questionamento é: se a obsessão seria um obstáculo à prática edificante da mediunidade? Se retirarmos a palavra 'edificante' dessa pergunta, a gente talvez se surpreenda com a resposta. Talvez, se a pergunta fosse: 'A obsessão é obstáculo à prática da mediunidade?', a resposta seria não; a obsessão não é uma barreira, não é um escolho à prática da mediunidade. Ao ato de intercambiar faixas diferentes de frequência na natureza, a obsessão não é um obstáculo. A obsessão impede, contudo, a prática edificante, a prática que nos eleva moralmente; sim, essa ela impede.


A obsessão, que é o obstáculo, impede a decodificação ou pelo menos dificulta. Se a mediunidade é a possibilidade de decodificar a onda-pensamento, de trazê-la de uma esfera para outra, a obsessão não impede esse decodificador de funcionar. Mas impede o seu uso para fins de aprimoramento, de evolução moral do homem.


A mediunidade é uma lei da natureza e, assim como todas as leis da natureza, nos convida ao aprimoramento moral. Mas, dependendo da nossa ignorância, dependendo ainda da nossa rebeldia, a gente pode utilizar as leis da natureza sem a atenção devida, fazendo com que elas não nos edifiquem moralmente e, em alguns casos, até nos denigram moralmente. A prática da mediunidade, para ser edificante, tem que nos convidar ao progresso moral. Por isso, conheçamo-la e aprendamos a utilizá-la para o nosso crescimento espiritual.


Wilson Gomes é trabalhador voluntário da Federação Espírita Pernambucana (FEP)

Compartilhe

Tags