Michelle Bolsonaro pede para Lula 'abaixar armas', após repercussão negativa do 'tarifaço' de Trump
Ex-primeira-dama também acusa Lula de "vingança" e "ditadura disfarçada" em carta lida publicamente após desgaste com o tarifaço de Trump

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Em carta pública direcionada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a ex-primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro - esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) -, fez uma série de críticas contundentes a Lula, acusando-o de ser guiado por um "desejo de vingança" e por "ideologias doentias".
A carta foi lida publicamente no sábado (12/7), durante um evento no Acre. No documento, Michelle Bolsonaro afirm que o Brasil vive um "período muito difícil com relação aos direitos fundamentais" e que há uma "ditadura disfarçada de democracia", comparando a ação dos "ditadores" a uma cobra traiçoeira que sufoca sua vítima.
Michelle Bolsonaro instigou Lula a "baixar as armas da provocação", "abandonar as perseguições" e cessar os "discursos cheios de raiva", pedindo que ele trabalhe pela "unidade e pela verdadeira liberdade do nosso povo". Ela ainda alertou o presidente sobre o risco de imitar países como Cuba e Venezuela, cujos povos "sofrem", e pediu para que ele abandonasse uma "tendência ditatorial". Para a ex-primeira-dama, é a "hora de hastear a bandeira do diálogo e da paz", enfatizando que o Brasil precisa de "cuidado e de um governo responsável". A carta foi concluída com uma citação religiosa.
As ações da ex-primeira-dama se inserem em um contexto de intensa escalada de tensões políticas envolvendo a família Bolsonaro. No campo político, o "tarifaço" de Trump gerou críticas, inclusive de setores simpáticos a Bolsonaro, como a Frente Parlamentar da Agricultura, que alertou para os impactos negativos no agronegócio nacional, no câmbio, no aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras.
O Cenário de "tarifaço" de Trump e as tensões políticas


A manifestação de Michelle Bolsonaro surgiu como uma resposta a discursos irônicos do presidente Lula sobre a família Bolsonaro e suas tentativas de buscar sanções contra o Brasil. No dia 11 de julho, Lula fez provocações em um evento no Espírito Santo, ironizando a atuação da família Bolsonaro na busca por sanções e a tentativa de Donald Trump de sobretaxar produtos brasileiros.
Lula chegou a imitar jocosamente o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, que afirma estar em "autoexílio" nos EUA para fugir de uma suposta "perseguição política" do STF, zombando da ideia de Eduardo pedir a Trump para "salvar meu pai".
No dia 9 de julho, Donald Trump anunciou em suas redes sociais que produtos brasileiros seriam submetidos a uma tarifa extra de 50% a partir de agosto, justificando a medida como resposta a uma "pretensa perseguição judicial contra Bolsonaro", que ele descreveu como uma "vergonha internacional" e uma "caça às bruxas". No Supremo Tribunal Federal (STF), contudo, a ofensiva de Trump não alterou a disposição de julgar Jair Bolsonaro entre o final de agosto e o início de setembro.
Donald Trump justificou as tarifas como resposta a uma "perseguição judicial contra Bolsonaro", e que Eduardo Bolsonaro está sob investigação por articular sanções junto aos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes.
No mesmo dia em que Trump postou sobre o apoio a Bolsonaro, o ministro Alexandre de Moraes prorrogou por 60 dias o inquérito em que Eduardo Bolsonaro é investigado por crimes como coação e obstrução de justiça, por supostamente articular sanções contra o ministro. Moraes também avançou no processo da trama golpista, marcando depoimento de testemunhas de réus acusados de planejar o assassinato de Lula e do próprio Moraes.