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Em dia de protesto, iFood inaugura novo ponto de apoio no Recife e comenta concorrência com a 99Food na capital

Abertura do espaço coincide com manifestação contra a modalidade "sub praça"; enquanto disputa no mercado se intensifica com a chegada da 99Food

Por Ryann Albuquerque Publicado em 25/11/2025 às 13:10 | Atualizado em 25/11/2025 às 16:47

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Em meio a um protesto de entregadores por melhores condições de trabalho, a plataforma iFood inaugurou nesta terça-feira (25) seu segundo ponto de apoio no Recife, no bairro do Pina, Zona Sul da capital pernambucana.

Localizado na Rua Estudante Jeremias Bastos, 442, o ponto oferece copa equipada, área de descanso, TV, espaço para refeições, banheiros, estacionamento e pontos de recarga – tudo gratuitamente, inclusive para entregadores de outras plataformas.

O primeiro espaço da empresa no Recife foi inaugurado em 2024, no Espinheiro. Segundo Johnny Borges, diretor de Impacto Social do iFood, o local foi pensado como um espaço prático e de passagem, adaptado à rotina dos trabalhadores. “É aqui onde ele pode recarregar as energias, carregar o celular, fazer uma pausa. Estamos implementando cada vez mais ações dentro dos pontos, como campanhas de vacinação e aulas dos nossos projetos de educação.”

O diretor afirma que a escolha do Pina se deve à concentração de pedidos na região. “A densidade de pedidos do Recife está aqui perto, então a expectativa é que quase toda a base de entregadores passe por este ponto.” 

Inauguração foi marcada por protesto

Mas o momento que era para ser festa foi marcado, também, por uma manifestação contra o iFood. Do lado de fora da inauguração, entregadores utilizando equipamentos de plataformas concorrentes, protestavam contra a modalidade “sub praça” e por melhores condições de trabalho.

O ato foi puxado pela Seambape – Sindicato Estadual dos Motociclistas, Mototaxistas, Motoboys e Entregadores por Aplicativos de Pernambuco.

O presidente da entidade, Rodrigo Lopes, criticou o modelo de sub praça. "É uma modalidade que tira a autonomia. Eles prometem mais demanda, mas é falso. Toca mais corrida, mas por dois e cinquenta, três e cinquenta. Quem está fora recebe seis, sete reais, mas sem prioridade. A autonomia que dizem que existe, não existe.”

Ele afirma que o próprio aplicativo estimula o entregador a aderir. “O aplicativo diz: ‘quer mais corrida? Então aceita isso’. Mas o valor é esse. A gente está falando de uma autonomia de verdade, que não existe hoje.”

Um entregador, falando com raiva e voz embargada, puxou o coro afirmando que os trabalhadores estão cansados de serem ignorados enquanto exigiam melhores condições.

“Hoje não é dia de festa! A gente passou quatro anos sendo humilhado, rodando na chuva, ganhando corrida de três reais, de dois e cinquenta na bicicleta. Hoje é dia de indignação! A gente quer respeito e igualdade!”

Em nota enviada ao JC, o iFood informou que respeita o direito à manifestação pacífica e à livre expressão dos entregadores e entregadoras e destacou as iniciativas voltadas para os trabalhadores. Confira:

"Como empresa brasileira e ciente do seu papel na geração de oportunidades, desde 2021, nos dedicamos à criação de uma agenda sólida e permanente de diálogo com os entregadores e representantes da categoria, para o aprimoramento de iniciativas que garantam mais dignidade, ganhos e transparência para estes profissionais.

O +Entrega (agendamento por sub-praça) é mais uma alternativa para os entregadores do iFood, oferecendo maior previsibilidade e segurança nos ganhos. No novo modelo, o entregador recebe de duas formas que se somam: um valor fixo por hora disponível, com ganho mínimo garantido, mais o valor por cada entrega realizada.

Trata-se de um modelo operacional que está sendo implementado gradualmente em diferentes regiões do país, e a adesão é totalmente opcional. Quem preferir, pode continuar operando no modelo tradicional (Nuvem), sem que isso impacte negativamente a saúde da conta.

O objetivo da iniciativa é oferecer mais ganhos, maior estabilidade e previsibilidade, permitindo que os entregadores planejem melhor suas metas e tenham rentabilidade no fim do dia, mesmo em períodos de menor demanda. O iFood segue monitorando os resultados e ouvindo as análises para garantir que o modelo continue competitivo, eficiente e vantajoso para todos."

Qualidade de vida e programas sociais do iFood

Durante a inauguração, Johnny Borges destacou iniciativas da empresa voltadas ao bem-estar dos trabalhadores, reforçando que a plataforma defende a regulamentação da categoria.

“A gente é muito a favor de uma regulação. Todo entregador que faz entrega pelo iFood tem seguro de até R$ 120 mil. Eles também têm acesso ao plano de saúde APOS, com consultas online, e recebem mensagens de segurança para evitar correr riscos desnecessários.”

Ele afirmou que a maior parte da base utiliza o aplicativo como complemento de renda. “Temos mais de 450 mil entregadores no Brasil. Mais de 70% trabalham menos de quatro horas por semana. Para muitos, é uma renda extra.”

Entre as ações citadas por ele estão:

  • parcerias de bicicletas subsidiadas com a TemVista;
  • chip de telefonia com custo reduzido;
  • kits de proteção e equipamentos;
  • o projeto Anjo de Capacete, com treinamento de primeiros socorros;
  • campanhas de vacinação em parceria com o Ministério da Saúde, a serem realizadas nos próprios Pontos de Apoio.

Cabe destacar que durante a reportagem o protesto foi amenizando. Inclusive, os entregadores receberam equipamentos e acessaram as instalações do Ponto de Apoio, utilizando de algumas de suas comodidades. 

Estratégia diante da concorrência: manter investimentos e programas

A data também marca o início da nova operação da 99Food no Recife, que vai circular na cidade com investimento anunciado superior a R$100 milhões e com planos de usar a capital como centro estratégico para o Norte e Nordeste.

Com a chegada da 99Food – cuja operação foi lançada nesta terça com anúncio do prefeito João Campos e do CEO da empresa, Simeng Wang, com promessa de gerar 6 mil empregos diretos, instalar pontos de apoio, avançar em eletromobilidade e investir mais de R$ 100 milhões – o clima no mercado deve esquentar.

Questionado sobre a concorrência e sobre como o iFood pretende manter entregadores e estabelecimentos na plataforma, Johnny Borges disse que a estratégia é fortalecer o que já vem sendo feito:

“Nossa estratégia é continuar mantendo os investimentos e os programas de impacto na vida dos trabalhadores. Os pontos de apoio, os benefícios, as parcerias, tudo isso faz parte de um plano contínuo do iFood para melhorar a rotina do entregador.”

Segundo ele, a empresa está chegando ao 27º ponto de apoio próprio no país e deve alcançar pelo menos 30 até o fim do ano, sempre priorizando regiões com maior densidade de pedidos.

Segundo ele, o novo espaço marca o 27º ponto de apoio próprio do iFood no país, e a expectativa é chegar a pelo menos 30 unidades até o fim do ano, priorizando áreas com maior concentração de pedidos.

O executivo também afirmou que, em 2024, a operação do iFood movimentou R$ 1,6 bilhão no PIB de Pernambuco, um crescimento de 29,5% em relação ao ano anterior, e gerou cerca de 37 mil postos de trabalho no estado.

Recife, Caruaru, Jaboatão dos Guararapes, Petrolina e Paulista lideraram o volume de pedidos.

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