Endividamento das famílias recifenses tem leve recuo em outubro, mas inadimplência volta a crescer
Famílias com renda de até dez salários mínimos têm os maiores índices de inadimplência. A o todo, 36,4% estão com contas em atraso
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O número de famílias endividadas em Recife registrou leve redução em outubro de 2025, alcançando 78,5% do total de lares, ante 79,8% em setembro. Trata-se do menor percentual desde setembro de 2021 e do quarto mês consecutivo de recuo no endividamento das famílias recifenses.
Entre os endividados, 26,7% estão com contas em atraso, proporção superior à registrada no mês anterior (25,7%). Já o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar as dívidas atrasadas subiu para 14,7%, após estabilidade nos últimos meses.
O cartão de crédito continua sendo o principal meio de endividamento, mencionado por 89,2% das famílias, seguido pelos carnês (26,5%) e pelo financiamento de veículos (7,4%). Entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos, quase todas (98,7%) possuem dívidas com o cartão de crédito, enquanto o financiamento de automóveis representa 38,1% das dívidas desse grupo.
De acordo com o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), Bernardo Peixoto, o cenário mostra um comportamento mais cauteloso do consumidor. “Houve queda no endividamento das famílias em outubro, mas essa redução não necessariamente se sustentará, principalmente em razão dos estímulos das datas comemorativas de fim de ano. A diminuição do endividamento foi acompanhada por uma redução no comprometimento da renda das famílias, o que pode favorecer o consumo no período das festas”, afirmou o presidente.
MAIOR RENDA
As famílias com renda de até dez salários mínimos concentram os maiores índices de inadimplência: 36,4% possuem contas em atraso e 17,4% afirmaram não ter condições de pagar no próximo mês. Entre os endividados dessa faixa, 48,5% estão com dívidas vencidas há mais de 90 dias.
O tempo médio de comprometimento com dívidas é de 8 meses, sendo que 28,9% das famílias mantêm débitos por mais de um ano. Em média, 29,5% da renda familiar está comprometida com o pagamento de dívidas.
Para o economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, os resultados de outubro mostram uma tendência de estabilização do endividamento, mas com inadimplência persistente. “Ocorreu um aumento no número de famílias inadimplentes, ainda que de forma moderada e dentro de um comportamento praticamente linear ao longo do último mês. A expectativa é que o pagamento do 13º salário proporcione algum alívio temporário, tanto para o consumo quanto para o pagamento de dívidas”, explica.