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Novo presidente da Stellantis para a América do Sul aponta planos para fábrica de Goiana e impacto da chegada de marca chinesa

Herlander Zola acredita que o DNA voltado para a eletrificação da Leapmotor representará um novo capítulo para a Stellantis na região

Por JC Publicado em 04/11/2025 às 22:43 | Atualizado em 04/11/2025 às 22:43

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Com um brasileiro à frente da presidência para a América do Sul, Herlander Zola, a Stellantis começa a traçar planos para desbravar novos caminhos e realizar investimentos pontuais para se manter na liderança do mercado em 2026. A principal delas é a chegada de mais uma marca no portfólio, a Leapmotor.

A montadora chinesa desembarca no Brasil para fortalecer e acelerar o processo de transição energética, oferecendo uma gama de veículos eletrificados. As operações serão iniciadas ainda neste mês de novembro.

“Esse é um movimento do ponto de vista estratégico muito relevante, mas temos de ter muito cuidado, dando passos gradativos de crescimento. Sem dúvida que a introdução de uma nova marca em nosso portfólio representa um modelo de negócios inédito na região, onde uma marca de alto nível tecnológico e com um DNA voltado para a eletrificação será impulsionada diretamente pela Stellantis”, destacou Herlander Zola.

Apesar de ainda não ter sido confirmado oficialmente, a expectativa é que a Leapmotor se instale na fábrica de Goiana, em Pernambuco, para iniciar o processo de produção e montagem dos veículos. Recife, inclusive, é uma das 29 cidades do Brasil a contar com uma concessionária da marca chinesa para atender os clientes tanto na venda, quanto no pós-venda.

“A fábrica de Goiana é uma daquelas que vai receber uma boa parte do investimento que a Stellantis vai fazer nos próximos anos, algo próximo a R$ 13 bilhões (dos R$ 32 bilhões previstos entre 2025 e 2030, que a empresa prometeu aqui no Brasil), e esse investimento de alguma forma vai gerar mais empregos no município e no estado. Eu não posso ainda adiantar que marca nova é essa que chegará em Goiana, mas o que posso garantir é que o nosso olhar é sempre muito cuidadoso, pois ela é uma fábrica que funciona em três turnos e todos os modelos que são produzidos lá têm uma participação no mercado muito interessante, com volume grande. Então, todos os movimentos que fazemos na fábrica de Goiana, do ponto de vista tecnológico e de buscar uma expansão, são muito bem pensados para seguir avançando”, garantiu o presidente da Stellantis para a América do Sul.

Incertezas da indústria em ano eleitoral no Brasil

Com o Brasil ainda convivendo com a polarização política que foi instalada no País desde 2018, a indústria automobilística vive um período de incertezas para o ano de 2026 diante da eleição presidencial.

Apesar disso, Herlander Zola acredita que conseguirá um crescimento no próximo ano, ainda que timidamente.

“Ano eleitoral no Brasil é sempre de difícil leitura. Estamos vendo todas as movimentações que hoje influenciam o mercado, especialmente, a taxa de juros que está em um nível altíssimo – maior dos últimos 10 anos. Hoje, a perspectiva de os juros caírem de maneira rápida é muito baixa; então, a nossa expectativa no ano que vem não é de um crescimento muito ostensivo. A nossa perspectiva é que, sim, haverá um crescimento… É provável que o mercado cresça esse ano algo de 3% a 4%, mais perto de 3% em 2025. Já em 2026, acredito que o crescimento fique entre 2% a 3%, isso olhando para o cenário atual”, apontou.

O prognóstico, entretanto, pode mudar consideravelmente, a depender de fatores que ultrapassam as fronteiras do Brasil.

“Essa avaliação de mercado pode mudar muito. Já vivemos esse tipo de situação por vezes aqui no Brasil… Um ano eleitoral pode ter oscilações grandes e procuramos nos desprender dessas situações traçando cenários que nos deem possibilidades para estarmos preparados para tudo o que possa acontecer. Sabemos que quando se trata de mercado global estamos suscetíveis a diversas movimentações que ocorrem no mundo, como o tarifaço dos EUA e as decisões de Trump, a guerra entre Ucrânia e Rússia, os conflitos em Israel… Tudo isso pode, de alguma forma, afetar a geografia e a geopolítica do nosso negócio de uma maneira intensa. Por isso, é importante estarmos preparados tanto para o cenário otimista, quanto para o pessimista”, concluiu Herlander Zola.

 
 

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