Economia | Notícia

Pernambuco tem 3,6 milhões na força de trabalho, com alta desocupação e concentração de renda

Entre os municípios, as maiores proporções da Força de Trabalho em relação à população total foram observadas em Noronha (84,3%) e Toritama (65,3%)

Por JC Publicado em 09/10/2025 às 20:04

Clique aqui e escute a matéria

*Com Estadão Conteúdo

O estado de Pernambuco registrou uma Força de Trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas) de 3.644.318 pessoas com 14 anos ou mais, de acordo com o Censo 2022. Deste total, 91,59% estava ocupada e 8,41% desocupada na data de referência. Por outro lado, o número de pessoas consideradas fora da Força de Trabalho foi ligeiramente superior, somando 3.653.865.

A definição de Força de Trabalho inclui o total de pessoas ocupadas e desocupadas, sendo que a desocupação se refere a indivíduos que não estão trabalhando, mas que estão à procura de algum trabalho.

DESTAQUES E INSTRUÇÃO

Entre os municípios de Pernambuco, as maiores proporções da Força de Trabalho em relação à população total foram observadas em Fernando de Noronha (84,3%), Toritama (65,3%) e Santa Cruz do Capibaribe (65%). As menores proporções, por sua vez, ficaram em Betânia (25,8%), Quixaba (24,3%) e Manari (19,9%).

A análise da Força de Trabalho revela uma grande heterogeneidade, especialmente no nível de instrução. Cerca de 27,5% da Força de Trabalho era sem instrução alguma ou com fundamental incompleto.

A maior ocorrência dessa classificação foi em Pedra, onde 53,1% da Força de Trabalho se enquadrava sem instrução ou com fundamental incompleto. Apenas 18% tinha nível superior completo, com prevalência no Recife (32,4%). A maior parte da Força de Trabalho em Pernambuco, 40,6%, tinha ensino médio completo.

Precarização e desigualdade

O Censo 2022 também mapeou a realização de trabalho por pessoas entre 10 e 13 anos de idade. Foram registrados 5.941 casos de ocupação nesta faixa etária em Pernambuco. As maiores proporções foram em Capoeiras (16%), Alagoinha (5,5%) e Toritama (5,4%).

No que tange aos rendimentos, o valor nominal mediano mensal para pessoas de 10 anos aos 13 anos ocupadas e remuneradas era de R$ 250,00. Em municípios como Águas Belas e Limoeiro, esse valor pôde ser de apenas R$ 10,00.

Esses dados contribuem para a alta concentração de rendimentos no estado. Pernambuco obteve o 2º pior Índice de Gini da distribuição do rendimento nominal mensal de todos os trabalhos das pessoas ocupadas na semana de referência, com 0,536, ficando empatado.

CENÁRIO NACIONAL

Sete em cada dez trabalhadores brasileiros recebiam, no máximo, dois salários mínimos no ano de 2022, segundo os resultados preliminares do Censo Demográfico 2022 sobre Trabalho e Rendimento.

Se somados todos da base com menores rendimentos, 68% dos brasileiros que trabalhavam em 2022 recebiam, no máximo, entre nada a até dois salários mínimos mensais. Por outro lado, uma pequena fatia de apenas 0,7% dos trabalhadores recebia uma renda mensal que superava 20 salários mínimos.

Em 2022, 11,2% dos trabalhadores trabalhavam por uma remuneração que chegava, no máximo, a R$ 606 mensais, a metade do salário mínimo de R$ 1.212,00 mensais. Mais de um terço (35,3%) dos que trabalhavam tinham remuneração aquém ou até o salário mínimo vigente.

Desigualdade de gênero e raça

O rendimento médio mensal nominal dos trabalhadores homens foi de R$ 3.115 em 2022, superando em 24,3% o das mulheres, que ficou em R$ 2.506.

A escolaridade das mulheres ocupadas permanecia maior que a dos homens ocupados: 28,9% delas tinham nível superior completo, contra uma fatia de 17,3% dos homens. No entanto, os trabalhadores homens recebiam rendimentos médios mensais superiores aos das mulheres ocupadas em qualquer nível de instrução. A maior diferença estava no ensino superior completo: os homens com essa formação recebiam R$ 7.347 mensais, 60% a mais que os R$ 4.591 recebidos pelas mulheres com essa mesma escolaridade.

Quanto ao recorte por cor ou raça, os menores rendimentos médios do trabalho foram recebidos por pardos (R$2.186), pretos (R$ 2 061) e indígenas (R$ 1.683), sendo maiores para amarelos (R$ 5 942) e brancos (R$ 3.659).

As desigualdades de raça persistiam em qualquer nível de instrução analisado, sendo a maior discrepância presente entre os trabalhadores com nível superior completo: amarelos (R$ 8 411), brancos (R$ 6.547), pardos (R$ 4.559), pretos (R$ 4.175) e indígenas (R$ 3.799).

O nível da ocupação - que mostra a proporção de pessoas trabalhando dentro da população em idade de trabalhar - também revelou desigualdades no mercado de trabalho. No ano de 2022, 50 municípios tinham nível de ocupação igual ou maior que 70%, ou seja, sete de cada 10 pessoas de 14 anos ou mais de idade estavam ocupadas.

Por outro lado, 330 municípios tinham resultado menor ou igual a 30%, "o que significa que a cada 10 pessoas de 14 anos ou mais residentes, sete foram classificadas como desocupadas ou fora da força de trabalho", explicou o IBGE.

Os três municípios com os maiores níveis de ocupação do País foram Fernando de Noronha (PE), 82,9%; Vila Maria (RS), 78,4%; e Serra Nova Dourada (MT), 78,2%. Na média do Brasil, o nível de ocupação foi de 53,5%.

 

 
 

Compartilhe

Tags