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Neoenergia aposta em energia limpa para descarbonizar Fernando de Noronha até 2027

Projeto Noronha Verde prevê 85% de energia limpa até 2027 e dialoga com lei que adia para 2029 a entrada de carros a combustão na ilha

Por JC Publicado em 24/09/2025 às 17:29

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O processo de descarbonização de Fernando de Noronha, um dos principais patrimônios naturais do Brasil e do mundo, entrou em nova fase. A Neoenergia Pernambuco, que acaba de ter a concessão de distribuição de energia renovada até 2060, aposta em um projeto que promete transformar a matriz energética da ilha, hoje fortemente dependente do óleo diesel.

Em entrevista à Rádio Jornal nesta quarta-feira (24), o presidente da companhia, Saulo Cabral, destacou que a iniciativa nasceu de um diálogo entre lideranças globais e locais. “Esse é um projeto audacioso, fruto de uma discussão com o presidente global da Iberdrola e com a governadora. Fernando de Noronha é um patrimônio mundial e, por muitos anos, a energia foi gerada a partir de óleo diesel, algo incompatível com os compromissos ambientais e de sustentabilidade que buscamos.”

O projeto prevê a substituição gradual do uso de combustíveis fósseis por geração solar fotovoltaica e armazenamento em baterias de última geração. “Decidimos iniciar um projeto de descarbonização total da ilha, com geração solar fotovoltaica e armazenamento em baterias de última geração. A usina a diesel ficará apenas como backup, permitindo que toda a energia seja limpa e compatível com o programa que já proíbe carros a combustão em Noronha.”

Batizada de Noronha Verde, a iniciativa foi autorizada em 2024 pelo Ministério de Minas e Energia. O objetivo é que o arquipélago alcance ao menos 85% de geração renovável até 2027, tornando-se a primeira ilha habitada da América Latina a chegar a esse patamar.

Segundo Cabral, as obras já começaram. “O investimento será de R$ 350 milhões. Já iniciamos o processo: área definida, licenças ambientais obtidas e obras em andamento. A primeira etapa deve ser concluída no início do próximo ano e a finalização está prevista para 2027.”

Além de reduzir emissões e alinhar o arquipélago a compromissos climáticos globais, a descarbonização trará impacto direto na conta de energia de todos os brasileiros. Isso porque hoje a geração a diesel em Noronha é subsidiada pela Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), custeada por consumidores em todo o país. Com o aumento da produção renovável, esse peso tende a diminuir.

O projeto também dialoga com políticas locais, como a proibição gradual de veículos a combustão na ilha. Nesta semana, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) aprovou em primeira discussão um substitutivo que adia para 10 de agosto de 2029 a data-limite para a entrada de veículos movidos a combustíveis fósseis em Noronha — três anos além do prazo previsto na lei de 2020. A proposta ainda precisa passar por segunda votação no plenário antes de ser sancionada.

Ao lado das metas ambientais, a Neoenergia promete investir em ações de eficiência energética e conscientização da comunidade, buscando um consumo sustentável em um sistema elétrico isolado.

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