Pernambuco publica edital de concessão parcial da Compesa, com previsão de atrair R$ 19 bilhões em investimentos em saneamento
Empresas interessadas já podem ter acesso ao edital completo. No dia 11 de dezembro será a abertura das propostas e o leilão ocorre em 18 de dezembro
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O Governo de Pernambuco publicou, em edição extra do Diário Oficial do Estado nesta sexta-feira (12), o edital para a concessão parcial dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário da Compesa para a iniciativa privada. A opção pelo modelo de concorrência pública internacional, permite que empresas estrangeiras também disputem o direito de assumir a operação.
O lançamento do edital aconteceu durante coletiva de imprensa nesta sexta para detalhar os próximos passos da concessão. Segundo o Estado, a empresa vencedora terá o compromisso de investir R$ 19 bilhões durante os 35 anos de concessão, com garantia de aplicação exclusiva dos recursos em saneamento básico.
Em termos práticos, a concessão repassa à iniciativa privada a distribuição de água e a coleta e tratamento de esgoto, enquanto a Compesa seguirá responsável pela produção e pelo tratamento em grande escala (estações de tratamento de água e esgoto e grandes sistemas), além de ações estratégicas de segurança hídrica.
A iniciativa privada ficará responsável pelo serviço de distribuição de água tratada em 174 municípios atendidos atualmente pela Compesa. Já no esgotamento sanitário, a concessionária vai operar nos municípios fora da abrangência da Cidade Saneada (PPP responsável pelo serviço na Região Metropolitana do Recife e em Goiana (Mata Norte).
A partir deste sábado (13), o edital e seus anexos estarão diponíveis nos sites www.peintegrado.pe.gov.br ; https://pncp.gov.br/app/editais/ e
https://www.sad.pe.gov.br/editais. A abertura das propostas está prevista para acontecer no dia 11 de dezembro e o leilão em 18 de dezembro, na B3, em São Paulo.
Universalizar é meta distante
O secretário de Recursos Hídricos e Saneamento de Pernambuco, Almir Cirilo, explica que são necessários altos investimentos para acompanhar o crescimento do consumo, o déficit de acesso a água e esgoto nos municípios e as mudanças climáticas. "Recentemente, a prefeita de Paudalho (Paula Frassinette Marinho) nos disse que 100% do esgoto da cidade vai parar no Rio Capibaribe. O Estado não consegue, sozinho, dar conta de tudo isso", reconhece.
O governo do Estado também conta com a iniciativa privada para alcançar a distante meta de universalização determinada pelo Marco Regulatório do Saneamento Básico. A exigência é que os serviços de abastecimento de água alcancem uma cobertura de 99% da população e de 90% para o esgotamento sanitário até 2033.
Pelas contas dos gestores, a universalização vai custar R$ 35 bilhões. Desse total, R$ 19 bilhões virão da iniciativa privada e o governo tem recorrido a financiamentos, PPPs e outras negociações para se aproximar do restante.
Hoje, os índices em Pernambuco estão longe da previsão: 87% para água e apenas 34% para esgoto. A meta também inclui a redução das perdas de água no sistema para 25%, enquanto no Estado o indicador está perto de 50% (48%).
Dois blocos de municípios
A concessão foi dividida em dois blocos: um formado pela Microrregião do Sertão, com 24 municípios; e o outro pela Microrregião RMR-Pajeú, integrado por 150 municípios mais o Distrito de Fernando de Noronha. Além dessas cidades atendidas pela Compesa, outras dez não têm contrato com a Compesa e possuem sistemas municipais de operação. A outorga mínima estabelecida para a Microrregião RMR-Pajeú será de R$ 2,2 billhões e a do Sertão ficará em R$ 87 milhões.
"Esses municípios podem aderir à concessão, respeitando um prazo que vai até o momento da homologação da licitação", observa o secretário estadual de Projetos Estatégicos, Rodrigo Ribeiro. Os municípios que precisam se decidir são Água Preta, Amaraji, Carnaubeira da Penha, Catende, Cortês, Gameleira, Iati, Inajá, Palmares e Xexéu.
No leilão, cada lote pode ser arrematado por uma empresa/consórcio, mas uma mesma empresa também poderá adquir os dois blocos.
O projeto técnico projeta um investimento em obras e redes (CAPEX, na linguagem da concessão) de R$ 18,92 bilhões, distribuído entre água e esgoto para os dois blocos. O contrato com a empresa vencedora do leilão terá prazo de 35 anos, a partir da emissão do termo de transferência do sistema. "Só após seis meses operando junto conosco, num processo de transição, a empresa assume a operação sozinha", adianta Cirilo.
Como será escolhida a empresa vencedora
O critério de julgamento é duplo. Vence a proposta que combine menor tarifa (os licitantes podem oferecer até 5% de desconto sobre a tarifa-base) e maior oferta de outorga (valor pago ao Estado).
Segundo a modelagem, o pagamento da outorga seguirá um cronograma, sendo 60% como condição para assinatura do contrato; 20% em até 2 dias úteis após a emissão do termo de transferência; e os últimos 20% até o fim do 3º ano de vigência do contrato.
O Governo já anunciou que renunciará ao uso imediato desses recursos como receita corrente e destinará integralmente os valores para novos investimentos em saneamento.
Entenda a concessão parcial dos serviços da Compesa:
O que é esse edital?
É um aviso de concorrência pública internacional. Isso significa que empresas, inclusive estrangeiras, podem disputar o direito de assumir parte da operação de água tratada e esgoto da Compesa, em algumas regiões de Pernambuco.
Qual o objeto da licitação?
O edital trata da concessão da prestação regionalizada dos serviços públicos de água e esgoto. Ou seja: o governo vai repassar a gestão e operação desses serviços a empresas privadas (ou consórcios), por meio de contrato.
As áreas envolvidas são duas microrregiões:
Bloco 01 – Microrregião do Sertão - 24 municípios
Bloco 02 – Microrregião (RMR-Pajeú - 150 municípios + Noronha
Critério de julgamento
As propostas serão avaliadas por um critério duplo:
Menor tarifa: a empresa que oferecer a menor tarifa de água/esgoto para o consumidor terá vantagem;
Maior valor de outorga: ao mesmo tempo, também conta quanto a empresa se dispõe a pagar ao Estado para obter a concessão.
Na prática: ganha quem oferecer uma combinação equilibrada entre tarifa baixa para o usuário e maior pagamento ao Estado.