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Recife se consolida no mapa da economia preta no Brasil com a 4ª edição da Expo Preta RioMar, que começa nesta quinta-feira (14)

Expo Preta valoriza afroempreendedores e mulheres negras, conectando tradição, criatividade e oportunidades de negócios, durante quatro dias de evento

Por Adriana Guarda Publicado em 13/08/2025 às 20:30

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Recife se consolidou no mapa da economia preta com a realização da Expo Preta RioMar, que chega à sua 4ª edição de 14 a 17 de agosto em novo espaço, a Praça de Eventos 1, no Piso L1 do RioMar Recife, em frente à escada rolante da entrada principal. A abertura da feira acontece nesta quinta-feira (14), às 17h, com show da cantora Sandra Sá, no Teatro RioMar Recife, na Zona Sul da capital pernambucana. Com quatro dias de programação, o evento se confirma como vitrine estratégica de produtos, marcas e expressões do afroempreendedorismo na Região Metropolitana do Recife.

A mudança de local amplia a circulação de público e potencializa as conexões comerciais, abrigando cerca de 20 marcas autorais nos segmentos de moda, beleza, arte e decoração. Araras, vitrines, biojoias, peças de arte e produtos de cuidado pessoal traduzem a identidade e a ancestralidade das pessoas afroempreendedoras.

Thayara Paschoal, gerente de Sustentabilidade do Grupo JCPM, destaca que a Expo Preta RioMar fortalece ano a ano o compromisso com a equidade racial, valorizando talento, criatividade e potência dos empreendedores negros. “É uma construção coletiva, que conecta propósito, território e oportunidade”, afirma.

Protagonismo feminino

Divulgação
Mulheres negras lideram marcas autorais na Expo Preta RioMar, mostrando talento, criatividade e força do afroempreendedorismo feminino - Divulgação

O protagonismo feminino se destaca nesta edição, com a maioria das marcas idealizadas e conduzidas por mulheres negras. É o caso de Marly Soares, 64 anos, criadora da Marly Joias Artesanais, que empreende há seis anos. Ela diz que estar no RioMar vai além de vender: “É ter visibilidade, apoio e formar uma rede de sustentação. Quero inspirar outras mulheres para que digam: ‘Eu também posso estar ali’”.

A longevidade dos negócios também chama atenção. Mais de 80% das marcas participantes existem há mais de cinco anos, índice acima da média nacional de sobrevivência empresarial. Entre elas está a estilista Marta da Silva, da marca Zalika, que há uma década une identidade e moda autoral voltada à autoestima da mulher negra. Marta lembra os desafios enfrentados, do acesso a recursos à superação de preconceitos estruturais, e reforça a importância da feira. “Mais do que expor produtos, é celebrar a cultura negra e a coletividade que se constrói a partir dela”, afirma.

Afroempreendedorismo como vetor de transformação
O Brasil conta com cerca de 16 milhões de empreendedores negros, segundo a PNAD Contínua, que movimentam quase R$ 2 trilhões por ano, levantamento do Sebrae. Esses números ganham forma na Expo Preta RioMar, por meio de iniciativas que combinam criatividade, engajamento social e valorização da cultura afro.

Se destacam trajetórias como a da artista visual Yane Mendes, da marca Olho de Rata, que transforma cenas da favela em arte estampada, e da produção coletiva das mulheres marisqueiras Quilombolas de São Lourenço, que cria acessórios com insumos naturais sustentáveis. Marcas como Du.ife, Moda Mangue Biojoias e Marinho Laces resgatam a ancestralidade afro-brasileira e promovem moda e beleza com consciência ambiental e cultural.

O repertório da feira se completa com a diversidade de estilos e linguagens: Escama Fina, Negra Rosa, Noda.PE, Nuvem de Prata, Odara Designer, Odara Feito por Elas, Lassana Moda, Pano Amostrado, Timóteo e Salamandra, reunindo moda autoral, biojoias, acessórios, arte e design com raízes africanas e nordestinas.

A pluralidade de experiências inclui a artista e arquiteta Magdala, fundadora da Entre Pontes, que começou sua marca durante a pandemia com materiais doados e talento autodidata. “Participar da Expo Preta é a chance de furar a bolha, planejar, vender e crescer de forma sustentável”, afirma.

Expectativas

Arnaldo Carvalho/Divulgação
Visitantes conferem a diversidade de produtos e expressões culturais na 4ª Expo Preta RioMar, que movimenta o comércio e a cultura loca - Arnaldo Carvalho/Divulgação

Para quem estreia na feira, o sentimento é de entusiasmo, como a estilista Jessica Zarina, fundadora da Zarina Moda Afro. “A iniciativa fortalece, impulsiona e exalta marcas e a cultura preta”, destaca. Para os veteranos, como o artesão Robson OMaia, que apresenta sua nova coleção Cobogó, a experiência vem acompanhada de reconhecimento e amadurecimento.

Premiada com o Troféu Ouro no Prêmio Abrasce, na categoria Sustentabilidade, a Expo Preta RioMar reafirma seu papel como plataforma estratégica de fortalecimento de negócios de impacto social, conectando o talento de afroempreendedores ao mercado e à sociedade.

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