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Ceará sai na frente e assina ordem de serviço para porto seco da Transnordestina. Pernambuco espera investimentos

Na ocasião, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste e a prefeitura do município Quixeramobim assinaram um protocolo de intenções

Por Lucas Moraes Publicado em 07/07/2025 às 19:50 | Atualizado em 07/07/2025 às 19:54

*Com colaboração de Adriana Guarda

Com um investimento de R$ 1 bilhão, foi assinada, nesta segunda-feira (7), a ordem de serviço para a construção do Terminal Multimodal e Multipropósito de Cargas da Ferrovia Transnordestina em Quixeramobim (CE). Na ocasião, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste e a prefeitura do município do sertão central cearense assinaram um protocolo de intenções para a atração de empreendimentos para a região, transformando-a em um polo estratégico para exportações no Nordeste.

O evento contou com a presença do diretor de Gestão de Fundos, Incentivos e de Atração de Investimentos da Sudene, Heitor Freire, do prefeito Cirilo Pimenta e do governador Elmano de Freitas. Também estiveram presentes Ricardo Azevedo, CEO do Value Global Group – empresa responsável pela instalação do empreendimento, além de lideranças locais e representantes da sociedade.

De acordo com o gestor da Sudene, o objetivo da parceria é apoiar empresas nacionais ou estrangeiras que desejem se implantar no município para desfrutarem das atividades do complexo logístico multimodal com área alfandegada, ligado à Transnordestina. "Nós estamos colocando nossos instrumentos de financiamento, como o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e os incentivos fiscais, à disposição dos investidores. Queremos atrair empreendimentos, negócios, gerando oportunidades e renda para a população da região", afirmou.

PORTO SECO NO CEARÁ

O projeto do Porto Seco José Dias de Macêdo contempla uma área de mais de 1,3 mil hectares destinada à instalação de indústrias, centros de distribuição e infraestrutura alfandegária, tornando Quixeramobim apta a realizar o desembaraço fiscal de mercadorias ainda no interior do estado. Com isso, cargas poderão sair diretamente de lá em contêineres prontos para exportação, sem necessidade de novos trâmites no Porto do Pecém ou em outros portos.

A primeira fase das obras receberá um aporte de R$ 350 milhões e gerará 1.300 empregos. A previsão é que a conclusão e o início da operação ocorram em agosto de 2026. A segunda fase, que inclui o processo de alfandegamento junto à Receita Federal, tem previsão de conclusão para 2027.

A iniciativa integra a estratégia do Governo Federal de fortalecer a indústria no Nordeste a partir da infraestrutura ferroviária da Transnordestina. A obra conta com R$ 7,4 bilhões do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste – administrado pela Sudene, dos quais R$ 4,2 bilhões já foram liberados. Os recursos têm como objetivo acelerar as obras da ferrovia e permitir sua conexão a polos produtivos emergentes como o de Quixeramobim. Na última sexta (04), o Governo Federal anunciou aporte extra à ferrovia no valor de R$ 816,6 milhões.

PERNAMBUCO AINDA BUSCA INVESTIMENTOS

Mesmo após o trecho Salgueiro-Suape ter ficado de fora, em 2022, do traçado inicial da Ferrovia Transnordestina, Pernambuco segue na briga para garantir a instalação de ao menos um porto seco ao longo do traçado da ferrovia, que atravessa os estados do Piauí, Ceará e Pernambuco. A Transnordestina Logística S.A. (TLSA), empresa responsável pelo projeto, estuda a criação de pelo menos cinco dessas estruturas como parte da sua estratégia de logística integrada, voltada ao escoamento de cargas e ao fortalecimento do desenvolvimento regional.

Além de Quixeramobim, a TLSA avalia terminais em Eliseu Martins (PI), onde será instalado um porto seco próprio da empresa, em Trindade (PE), por conta da força do polo gesseiro, e ainda entre os municípios de Missão Velha (CE) e Salgueiro (PE). Outro ponto estratégico em análise fica entre o Porto do Pecém e a cidade de Iguatu, ambos no Ceará.

Paralelamente aos grandes terminais alfandegados, a TLSA também planeja dar início à operação da ferrovia ainda em 2025, por meio da chamada "operação assistida". A fase inicial contará com terminais intermodais — instalações menores, sem função alfandegária, mas com capacidade de integração entre transporte ferroviário e rodoviário.

Dois desses terminais já estão definidos: um em Bela Vista do Piauí, que será operado pela própria TLSA, e outro em Iguatu (CE), sob gestão da iniciativa privada. Segundo o presidente da TLSA, Tufi Daher Filho, em entrevista ao Diário do Nordeste, a meta é que a Transnordestina comece a operar comercialmente até o fim de 2025, conectando o interior da região ao Porto do Pecém, no litoral cearense.

 

 
 

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