Grupo JCPM 90 anos: portas abertas para a comunidade e apoio a pequenos negócios
O desenvolvimento integrado à comunidade é um dos temas mais relevantes no modelo de negócios do Grupo JCPM, gerando impacto positivo

A influência que o Grupo JCPM exerce no Nordeste não se limita aos slogans ou à liderança de seus shoppings na região. Os sete centros comerciais administrados diretamente pela companhia em Aracaju, Fortaleza, Recife e Salvador também transformam os territórios onde estão instalados. Da construção à operação, os empreendimentos geram empregos, estimulam a criação de pequenos negócios e fortalecem projetos colaborativos.
Atualmente, o Grupo tem 3,1 mil colaboradores diretos nos estados onde opera, além de estimular a contratação de outros 40 mil indiretos. O desenvolvimento integrado à comunidade é um dos temas mais relevantes no modelo de negócios do Grupo, gerando impacto positivo.
“O shopping é muito mais do que um centro comercial. É uma engrenagem de desenvolvimento econômico e social”, resume Lúcia Pontes, diretora de Desenvolvimento Social e Relações Institucionais do Grupo JCPM.
“Nas comunidades vizinhas aos shoppings descobrimos talentos incríveis, como costureiras, doceiras e artesãos. Reforçamos com os empreendedores que o negócio da periferia não precisa ser só para a periferia. Deve ser feito com tanta qualidade que também alcance as classes média e alta, assim como fez Dona Coxa”. (Lanchonete no bairro do Pina, no Recife, vizinha ao RioMar).
O Grupo JCPM também mantém uma política ativa de compras sustentáveis e valorização da produção local. Hoje, mais de 80% da cadeia de fornecedores é ocupada por empresas com sede nos estados onde a companhia atua.
“Usamos fornecedores da comunidade nos eventos e contratamos jovens do entorno para trabalhar no shopping e na administração, porque não podemos exigir que os lojistas façam isso se nós mesmos não fizermos”, avalia.
Desde a criação do RioMar Recife, mais de 3.500 jovens trabalharam no shopping com carteira assinada. “E temos jovens que começaram conosco, passaram pelo Instituto JCPM e hoje trabalham em empresas de tecnologia fora de Pernambuco, alguns até morando em outros estados”, complementa.
O RioMar Recife é um exemplo da diretriz do Grupo de que, antes mesmo da construção física, o social deve entrar em ação. A comunidade local foi prioridade na ocupação das primeiras vagas de emprego, com 80% dos postos.
“Hoje, temos clareza de que o shopping não pode ser apenas um local de compras: ele precisa promover inclusão. Essa relação é boa para o negócio, ótima para os lojistas — que ganham um colaborador que mora perto, conhece o território e quer trabalhar — e transformadora para o jovem, que agora tem crachá, contracheque, e começa a construir uma nova perspectiva de vida”, ressalta Lúcia.
Conheça a seguir algumas histórias de pequenos negócios que se desenvolveram no entorno dos shoppings do Grupo JCPM.
Beach bag: Moda praia com identidade
Herlandeson Porfírio começou a costurar em uma máquina compacta, tão pequena que parecia ser feita para vestir bonecas. Sem tradição de costureiras na família, aprendeu tudo sozinho, fazendo cursos online. A primeira tentativa de empreender foi criando peças para pets, mas não deu certo e voltou a trabalhar como CLT.
Depois de perder o emprego como vendedor em uma loja de calçados, voltou a pensar em ter o próprio negócio. Sua cunhada lhe encomendou uma ‘roupa’ para um carrinho de compras e, junto com a peça, ele fez uma bolsa de praia. O produto vendeu rapidamente e virou uma febre entre a clientela.
Foi assim, quase por acaso, que nasceu a Beach Bag, em 2022. A marca é especializada em bolsas de praia, utilizando materiais como palha forrada, tecidos de algodão e plástico.
O ateliê funciona no Pina, na Zona Sul do Recife, em um dos quartos da casa onde Herlandeson, 31 anos, vive com seu companheiro, Maykon Marques. Além de ajudar na comercialização das peças, ele é um incentivador do trabalho do pequeno empreendedor.
Alagoano de Messias, na Região Metropolitana de Maceió, Herlandeson vinha migrando pelo Brasil em busca de trabalho. A família ficou em Porto Calvo (AL), enquanto ele passou 6 anos em Cuiabá (MT), antes de fazer pouso no Recife há 4 anos. Aqui, encontrou apoio no Instituto JCPM para empreender.
“Conheci o IJCPM pelas redes sociais. Sempre passava pelo shopping, mas não sabia exatamente o que era. Conhecia várias pessoas que fizeram cursos lá e conseguiram emprego por meio do instituto. Resolvi me inscrever junto com meu esposo para o curso de assistente administrativo. Passamos na triagem e iniciamos o curso em 2023”, conta.
O pequeno empreendedor lembra que o trabalho de conclusão de curso era uma loja/marca, com criação de um desfile de peças criadas pelos alunos. “Foi sensacional. A apresentação aconteceu no próprio Instituto para a equipe do JCPM e do Sebrae, que é parceiro do projeto. Assim nasceu a Beach Bag”, comemora.
O curso foi um marco na história da microempresa, que se formalizou como MEI em 2024, passou a participar de feiras e a fornecer para o próprio IJCPM. “Antes do Instituto eu nem me reconhecia como um empreendedor, nem entendia o real sentido dessa expressão. Só depois do curso é que essa palavra começou a fazer parte da minha vida”, diz.
No ano passado, a Beach Bag participou da sua primeira grande feira: a Transforma Pride. O festival estimula o empreendedorismo de pessoas LGBTQIAPN+ e contou com mais de 100 expositores de vários estados do Nordeste e um público de 10 mil pessoas.
“O Instituto sempre entra em contato e participo de eventos gratuitos promovidos por eles. Agora no dia 9, por exemplo, expus na feira do Dia das Mães, realizada no Trade Center. Já participei da edição de Natal, que foi no mesmo formato — e foi um sucesso de vendas”, alegra-se.
O sonho de Herlandeson é conseguir viver do faturamento da Beach Bag. Atualmente ele ainda
trabalha durante o dia como atendente de chat e se dedica à produção das bolsas à noite, nas folgas e no tempo disponível.
“A produção está a todo vapor e a expectativa é alta, porque vendemos muito nas feiras. Uma hora vai dar”, acredita. Ah, hoje ele tem uma máquina de costura industrial. A compacta está guardada na mesma caixa em que chegou, como parte da memória da empresa.
Dona Coxa: A vizinha do RioMar
Maria Ilza é vizinha do RioMar Recife, no Pina. Da porta de sua lanchonete, vê a lateral do empreendimento. Basta atravessar uma ruazinha estreita para alcançar o gigante. Antes da construção do shopping, aquele pedaço do bairro era um lugar esquecido. Hoje, pequenos negócios orbitam em torno do centro de compras, a exemplo da Dona Coxa, criada por Ilza.
No final de 2010, quando viu a movimentação de operários na obra do shopping, intuiu que era a
oportunidade de criar um negócio. Ilza já era conhecida nos bairros do Pina e de Brasília Teimosa pelos doces e salgados que aprendeu a fazer com a mãe adotiva, dona Neide.
“Quando vi que a construção do RioMar era uma realidade, armei dois cavaletes com um tampo de vidro na frente da minha casa e coloquei uns tabuleiros de alumínio com coxinhas, risoles e empadas para vender. Os operários compravam por cima do muro do canteiro de obras ou aproveitavam qualquer buraquinho na parede para pedir os salgados”, recorda.
Prevendo o aumento da clientela quando o shopping estivesse pronto, a empreendedora pediu ao pai para transformar a casa que ele tinha no Pina em uma lanchonete. Iniciou o negócio, formalizou, contratou funcionárias e foi crescendo à medida que o RioMar surgia na Bacia do Pina, onde um dia funcionou a fábrica da Bacardi, fechada desde 1995.
No início, a lanchonete só tinha dois colaboradores. Hoje são 20, todas mulheres. “O RioMar me permitiu sair da condição de pobreza para uma vida de oportunidade. Com a minha melhora pude garantir emprego para outras pessoas”, comemora.
O nome Dona Coxa foi inspirado na sobrinha de Ilza, a pequena Evelyn (na época com 5 anos). A menina sempre pedia: “Tia Il vamos fazer coxa?” Na região, a empreendedora ficou conhecida como Dona Coxa. “No começo, eu tentava explicar que Dona Coxa é o nome do negócio, mas que me chamo Maria Ilza da Conceição. Depois desisti. Não teve jeito, o nome pegou”, resigna-se.
“O shopping me ajuda demais. Eu brinco que seu João Carlos (Paes Mendonça) é meu sócio e não sabe”, gargalhaMaria Ilza
Expansão
Nos 12 anos de inauguração do RioMar, a lanchonete de Ilza não parou de crescer. Adquiriu imóveis para ampliar o espaço, fez melhorias na infraestrutura, investiu em um novo letreiro e instalou paineis solares. Ela diz que o custo com energia elétrica caiu em média 50%.
Com o tempo, a lanchonete foi aumentando a oferta de produtos para atender a clientela. Dos salgados e kits festa passou a oferecer café da manhã, almoço e jantar a preços acessíveis para atrair os funcionários do shopping. Mantendo sua casa em cima do negócio, às 4h30 já está de pé na cozinha preparando o cardápio do café: pão na chapa, cuscuz, inhame e macaxeira para abrir as portas às 7h.
Na hora do almoço, fica clara a relação do shopping com o pequeno negócio de Ilza: as mesas ficam lotadas de clientes vestindo uniformes de várias lojas do RioMar. “Se o shopping não existisse, talvez meu negócio não fosse realidade ou demorasse a crescer. O Instituto (IJCPM) também tem um papel fundamental, apoiando os pequenos com cursos e buscando fornecedores para seus projetos e eventos nas comunidades”, afirma, contando que costuma fornecer salgados e doces para os eventos do grupo.
Afroempreendedorismo na periferia
Quando o Salvador Norte Shopping foi inaugurado, em 2010, as irmãs Alaine e Andreia da Conceição dos Santos, moradoras do bairro periférico de Mussurunga, vizinho ao empreendimento, comemoraram. “Ficamos felizes pelas perspectivas de geração de emprego, melhoria da infraestrutura e de ampliação das opções de lazer”, lembra Alaine. Elas só não imaginavam que um dia fariam parte dessa história.
Mais de dez anos depois, enquanto trabalhavam como jornalista e enfermeira, respectivamente, pensaram em investir em um “plano B” que garantisse mais estabilidade. Decidiram empreender. Apostaram na venda online de bolsas e acessórios, feitos principalmente em palha e crochê – atividade inicialmente conciliada com os trabalhos formais de ambas. Assim nasceu a Insight Fashion (@useinsightfashion).
Enquanto tentavam superar questões como a desconfiança dos clientes com a compra online e o preconceito racial, um passeio despretensioso no shopping, em 2024, mudou tudo. Se depararam com o Espaço Empreender, loja colaborativa que reúne produtos de empreendedores das comunidades próximas ao centro de compras. Interessadas, perguntaram como poderiam expor seus produtos no local e foram direcionadas ao Instituto JCPM.
“No Instituto passamos por uma seleção, depois por uma série de capacitações, até aula de inglês! Recebemos todo o suporte para crescer como empreendedoras e nos preparar para lidar presencialmente com o cliente, experiência que ainda não tínhamos. Nos ajudaram a nos posicionar enquanto afroempreendedores, enquanto mulheres empoderadas”, orgulha-se Alaine. Para retribuir todo o aprendizado, as irmãs realizam oficinas de crochê no Instituto para mulheres das comunidades vizinhas.
Depois de passarem sete meses com os produtos na loja colaborativa, o volume de vendas cresceu oito vezes e a dupla conseguiu abrir o primeiro ponto físico só delas, em uma área de comércio popular. Hoje, vivendo exclusivamente da marca e vendo o quanto o negócio cresceu, as irmãs sonham mais alto: retornar ao Salvador Norte Shopping como lojistas.
“O shopping me ajuda demais. Eu brinco que seu João Carlos (Paes Mendonça) é meu sócio e não sabe”, gargalha
Maria Ilza