CRÉDITO CONSIGNADO | Notícia

Novo consignado para CLT pode aliviar endividamento de idosos, mas requer cautela

Aposentados costumam fazer dívidas para ajudar familiares, pressão que agora pode ser dividida com outras pessoas da família com acesso ao programa

Por Thiago Freire Publicado em 26/03/2025 às 11:07

O governo federal lançou recentemente o programa Crédito do Trabalhador, que oferece crédito consignado para trabalhadores em regime CLT. Assim como as opções de consignado já existentes para aposentados e servidores públicos, a nova modalidade para o setor privado permite que os trabalhadores tenham acesso a empréstimos com parcelas descontadas diretamente na folha de pagamento.

Com juros mais baixos que os oferecidos por bancos em empréstimos pessoais, o novo programa pode ajudar a reduzir o endividamento entre idosos, grupo que com frequência recorre ao crédito consignado para auxiliar familiares.

Em janeiro de 2025, 19,2% dos idosos estavam em situação de inadimplência, segundo o Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas da Serasa Experian. Dados da instituição apontam também que a inadimplência entre pessoas com mais de 60 anos cresceu cerca de 25% entre 2019 e 2023.

Com a possibilidade de trabalhadores formais contratarem o consignado privado, parte da pressão sobre os aposentados pode diminuir. "Esse novo modelo de crédito pode trazer um certo alívio, permitindo que outras pessoas da família acessem empréstimos diretamente, sem sobrecarregar os idosos", afirma Gleisson Rubin, diretor do Instituto de Longevidade MAG.

O executivo ressalta que, em muitos casos, os aposentados são a única pessoa da família com acesso facilitado ao crédito devido à receita garantida. "Há muitos casos, inclusive, em que eles acabam sendo pressionados a contrair empréstimos, configurando abuso financeiro e comprometendo sua estabilidade financeira", alerta Rubin.

 

Cuidados ao contratar crédito consignado

A nova linha de crédito está disponível para trabalhadores do regime CLT, incluindo empregados domésticos e rurais, e pode ser acessada de forma totalmente online, por meio do aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, o que facilita o acesso, mas também pede mais cautela, como evitar contratar um empréstimo por impulsividade.

O crédito consignado para os trabalhadores da rede privada está limitado a parcelas de até 35% do salário do empregado, pela chamada margem de consignação. No entanto, ao contrário do consignado para aposentados e servidores públicos, o consignado privado não possui um teto de juros, o que pode elevar o custo da dívida para os tomadores.

Além disso, é preciso ficar atento às garantias exigidas pelo programa, que incluem o até 10% do FGTS e o valor integral da multa rescisória, em caso de desligamento do funcionário sem justa causa.

"É essencial que os trabalhadores avaliem muito bem as condições antes de contratar um empréstimo desse tipo, evitando comprometer uma parcela excessiva da renda mensal e até mesmo sua segurança financeira em caso de um desligamento inesperado", reforça Rubin.

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