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Poesia de Deborah Brennand e pintura de amorí se encontram em nova exposição da Oficina

"Noites de Sol" surge com o propósito de reapresentar a obra de Deborah Brennand, no ano em que se completa uma década de seu falecimento

Por Emannuel Bento Publicado em 07/11/2025 às 14:41

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A poesia de Deborah Brennand (1927–2015), influenciada pelas relações entre claridade e sombra, encontra as pinturas da artista plástica pernambucana amorí na exposição "Noites de Sol", em cartaz na Oficina Brennand, na Zona Oeste do Recife.

A abertura ocorre neste sábado (8), quando a Oficina terá entrada gratuita. A mostra fica em cartaz na entressala do Cineteatro, com curadoria de Rita Vênus, também responsável pelo Núcleo Saturno da instituição.

A principal inspiração para a mostra é o poema "Noites de Sol ou As Viagens do Sonho" (1966), de Deborah, no qual imagens intensas de luz e temas como o tempo e o sonho se fazem presentes.

A exposição também inclui o desenho "O Sonho" (1950), de Francisco Brennand, que dialoga diretamente com o poema que inspira o projeto.

Diálogos entre Deborah e amorí

Inspirada pelo livro publicado em 1966, amorí desenvolveu a obra inédita tudo aceso no profundo azul da noite, conectada aos principais aspectos da poesia de Deborah.

Apesar de pertencerem a gerações e linguagens distintas, as artistas compartilham pontos em comum na criação de suas obras, como as paisagens atravessadas pela luz e os seres disfarçados de estrelas.

Ambas partem, ainda, de um imaginário rural predominante nas localidades onde nasceram: são de origem pernambucana, especificamente das Zonas da Mata Norte e Sul.

Raízes e percursos artísticos

Deborah Brennand nasceu em Nazaré da Mata, em 12 de fevereiro de 1927, e foi companheira de Francisco Brennand.

Nascida em 1995, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, amorí desenvolve pesquisas baseadas na repetição incessante de formas que atravessam paisagens da memória e universos oníricos ficcionais. Suas obras são criadas com látex, ferro, cerâmica e materiais residuais.

A mostra surge com o propósito de reapresentar a obra de Deborah Brennand, no ano em que se completa uma década de seu falecimento.

O espaço da exposição, projetado pelo arquiteto Alberto Rheingantz, responsável pelo último Panorama da Arte Brasileira no MAM —, convida os visitantes a uma apreciação lenta e atenta das obras.

Entre dois jardins: o olhar da curadora

Para a curadora Rita Vênus, a obra de amorí cria conexões diretas e tangenciais com o texto poético de Deborah.

"As paisagens de nuvens são imagens presentes na obra das duas artistas, muitas vezes ligadas à passagem do tempo. Eu costumo dizer que, com Deborah, viajamos a um primeiro jardim — ela faz muitas referências ao Éden e à presença das folhas e frutos vermelhos, por exemplo. E com amorí, é como se fôssemos levadas a um último jardim, de uma terra mais arrasada, porém cheia de matéria luminosa e brincante", observa Rita.

Ela comenta que, na Oficina Francisco Brennand, a literatura — especialmente a poesia — encontra um terreno fértil para se desenvolver.

"A presença de trechos literários em todo o museu-ateliê revela a íntima relação do artista com a palavra. Noites de Sol é um projeto voltado a estabelecer conexões entre a Oficina e a arte contemporânea, enaltecendo o talento das artistas e reafirmando a importância da Oficina como um dos grandes polos culturais do Brasil", finaliza.

Som, poesia e presença

A exposição também inclui uma faixa sonora com onze poemas selecionados de Noites de Sol ou As Viagens do Sonho, recitados por Rita Vênus e pela artista Aura do Nascimento.

"A Oficina é um lugar de diálogos que recebe novas linguagens e possibilidades artísticas. Estrear uma exposição inédita que nasce a partir dessa interseção fortalece nosso propósito de manter a Oficina em sintonia com o presente", diz Marcos Baptista, presidente da Oficina Francisco Brennand.

SERVIÇO
Abertura da exposição "Noites de Sol"
Onde: Entressala do Cineteatro Deborah Brennand, na Oficina Francisco Brennand (Propriedade Santos Cosme e Damião – Rua Diogo de Vasconcelos, s/n, Várzea)
Quando: 8 de novembro (sábado), às 10h
Quanto: gratuita no dia da estreia. Após a data, acesso mediante ingresso à Oficina (informações no Instagram @oficinafranciscobrennand)

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