Periferia tem palco no REC'n'Play como a resistência que muda o futuro nos 20 anos da Jornada de MC’s
A programação reúne rodas de conversa, oficinas, palestras, cultura popular, danças urbanas, artes visuais, batalhas de rima, poesia, rap e muito mais

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A Jornada de MC's, que potencializou o movimento do hip hop em Pernambuco, celebra 20 anos de existência com participação no REC'n'Play 2025, que acontece de 15 a 18 de outubro (quarta a sábado) no Centro do Recife.
Com o tema “Periferia: A Resistência que Muda o Futuro” e curadoria de Anderson Santos, popularmente conhecido como Dj Big, a programação reúne rodas de conversa, oficinas, palestras, cultura popular, danças urbanas, artes visuais, batalhas de rima, poesia, rap, capoeira, música, performance, conteúdo de formação e uma diversidade de atividades artístico-culturais de fortalecimento às pessoas da periferia.
Sobre a Jornada de MC's
A Jornada de MC’s faz sua 6ª edição no festival, tradicionalmente ocupando a Rua do Bom Jesus, com o apoio da Prefeitura do Recife. Já as mesas de debate estão espalhadas por espaços no Bairro do Recife.
“O conceito estabelece a periferia como o centro de inovação, transformação social e expressão cultural, mostrando sua resistência e coletividade. A linha curatorial ‘Periferia: A Resistência que Muda o Futuro’ é uma presença direta e um aprofundamento do tema principal do festival, que é ‘O Futuro é Feito por Gente’. O que a gente sempre vê é o aprendizado ao realizar a Jornada de MC’s e o diálogo com a equipe do REC’n’Play”, declara Dj Big.
Ele também lembra que as próprias pessoas da comunidade têm a produção cultural e o empreendedorismo como fontes diretas de renda e de autonomia, destacando o compartilhamento e o fortalecimento comunitário. Vale reforçar que a cultura hip hop e diversas expressões periféricas contribuem para a arte autoral, as vendas de produtos e serviços e a produção local.
“É sobre a ‘quebrada’ trazer a economia criativa solidária como pauta dentro do REC’n’Play. As comunidades são reconhecidas como centros de criatividade, resiliência e inovação social, onde o futuro é ativamente transformado por meio de suas expressões culturais e formas de organização. A resistência atua como algo que proporciona mudanças positivas e novas perspectivas para o futuro. Sendo assim, reforça a ideia de um futuro construído com base na colaboração e no valor social, demonstrando o poder da comunidade em gerar dinheiro e se sustentar”, argumenta.
Para a Jornada de MC’s, que existe desde 2005, esse palco da periferia no REC’n’Play mostra que a criatividade desafia limites, saberes da ancestralidade e capacidade de reinvenção. Tudo isso a partir de formas de resistência social, cultural, política e econômica.
“A periferia tem identidade, é original, autêntica e com narrativas e vozes próprias. Ao mesmo tempo, é importante lembrar que o hip hop tem suas raízes na cultura periférica e se espalhou globalmente, chegando para diversas classes sociais e tornando-se uma linguagem universal de expressão. Com a arte, resistimos, criamos, aprendemos e ensinamos que o futuro não se sonha, se constrói”, acrescenta Big.
A Jornada de MC’s também é um espaço de criação artística coletiva e de expressão da identidade, onde as habilidades são desenvolvidas a partir das temáticas racial, social, de gênero, política, cultural e educativa.
“Nossa 6ª edição dentro do Festival REC’n’PLAY é a prova dessa transformação! A jornada sempre está atenta em debater sobre as desigualdades, a evolução das comunidades e outras pautas que favoreçam novas pessoas do movimento e aquelas que começam a entrar nessa história”, comenta.
Personalidades nacionais
A Jornada de MC’s recebe:
- BNegão (rapper, cantor, compositor e tocador de som);
- Nega Gizza (rapper, comunicadora, ativista social e co-fundadora da Cufa);
- Pastor Henrique Vieira (teólogo, sociólogo, historiador, escritor e deputado federal);
- Dj Nino Leal (produtor musical e educador da cena hip hop e eletrônica no Brasil);
- Rosângela Hilário (professora, pesquisadora e pós-doutora em Educação);
- B-Boy Pelezinho (embaixador da Red Bull BC One Brasil e do The Notorious IBE).
“Nesses encontros, que são trocas de saberes entre artistas, pensadoras, pensadores, ativistas, empreendedoras e empreendedores de origem periférica, valorizamos a inteligência coletiva e o potencial de reinvenção das pessoas das ‘quebradas’. A gente tem um espaço de cocriação e debate sobre o futuro, onde também celebramos a inclusão e a diversidade”, pontua Big.
Atividades para as crianças
Entre as atividades do palco está a jornada para a criançada, com rimas, danças, oficinas e vivências de arte urbana. “É transformação e evolução que geram, consequentemente, talentos e descobertas. Essa iniciativa proporciona o crescimento da Jornada de MC’s, espalhando sua ideia para o público infantil”, conclui Dj Big.
Cultura popular
O movimento hip hop tem conexão direta com a cantoria e poesia popular. A oficina “Pedagogia da RIMA - O RAP do Repente!”, por exemplo, é realizada por Maggo MC, o primeiro campeão da Jornada de MC’s. Na programação também tem afoxé, coco, maracatu e capoeira. Oyá Alaxé (Recife) e Maracatu Nação Estrela, do Daruê Malungo (Recife), celebram no palco.
Já a capoeira é instigada pelos mestres pernambucanos Morcego, Caboclo e Didi, com a participação das crianças e adolescentes do Compaz Governador Eduardo Campos (comunidade Alto Santa Terezinha, Recife).
Mulheres no hip hop
Às 14h do dia 16 de outubro (quinta-feira), no auditório do Centro de Artesanato, ocorre a roda de conversa sobre “Empreendedorismo e economia criativa no hip hop feminino”, com a participação de mulheres referências do movimento hip hop de Pernambuco e nacional.
A final do Slam das Minas PE será realizada no palco da Jornada de MC’s, com definição da poeta da Região Metropolitana do Recife (RMR) que vai disputar o título estadual, podendo representar Pernambuco no Campeonato Brasileiro de Poesia Falada 2026 (SLAM BR).
Programação do palco - Rua do Bom Jesus (Bairro do Recife)
15/10 (quarta-feira)
14h30 às 23h - Jornada de MC’s
- Participação: Pedro Stilo, Alado Nascimento, banda Porto Mix, Dicinho, Pacheco, Dj Turbo, Ratoeira Rec, recital Boca no Trombone e Rap de Afoitas
15h30 às 16h30 - Batalha Kids - Breaking
- Dj: Big
16h às 17h30 - Os cinco elementos da cultura hip hop e seu importante papel na sociedade
- Participação: Spider Luna, Pacheco, Maria Dinda, Dicinho, Nadilson - Power76, Nathália Ferreira, Tiger, Marília Ferro, Mylena Silva e Dj Big
17h às 16h - Oficina Breaking Kids – dançando e aprendendo com o hip hop
- Facilitação: Alado Nascimento
16/10 (quinta-feira)
14h30 às 23h - Jornada de MC’s
- Participação: Lenne Ferreira, Maracatu Nação Estrela, Pelezinho, Pajé IB, Afoxé Oyá Alaxé, Lety, Slam das Minas, Aj Rock e Bgirl San
17h às 18h30 - Nossas raízes, nosso futuro: diálogos sobre raça, respeito e a luta por um Brasil justo
- Participação: Rosângela Hilário, Maria Helena Sampaio, Pablo Oxaguiam, Mãe Beth de Oxum, Alice Xukuru, Crislaine Venceslau e Elayne Souza
17/10 (sexta-feira)
14h30 às 23h - Jornada de MC’s
- Participação: Cifrasol, Dj Big, Cyper Camará, Rimocrata, Dj Nino Leal, Ayrton, Lara França, Cosmus, Vitú e Baile Charme Recife
15h30 às 16h30 - Como a cultura hip hop pode induzir mobilidade social, combater a desinformação por meio da educação com qualidade e promover a qualificação profissional e transição de carreira?
- Participação: Rosângela Hilário, Danilo Carias e Junior Baladeira
17h30 às 19h30 - Cypher Camará
- Participação: Ayrton
18/10 (sábado)
14h30 às 23h30 - Jornada de MC’s
- Participação: Felipe Araújo e Pernambuco Arte Cultural
14h às 15h30 - Oficina de dança charme
- Participação: Márcio Fellipe, Rebeka Barbalho e Felipe Araújo
15h30 às 17h - Prestação de contas e acesso a projetos culturais (Lei Paulo Gustavo - LPG e Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura - PNAB)
- Participação: Hugo Fulco
16h às 17h - Roda de capoeira com os mestres Morcego, Caboclo e Didi (participação das crianças e adolescentes do Compaz Governador Eduardo Campos - comunidade Alto Santa Terezinha, Recife)
Programação das mesas de debate
15/10 (quarta-feira)
11h às 16h - Pedagogia da RIMA - O RAP do Repente! (local: ETE Porto Digital - Sala 4)
- Facilitação: Maggo MC
14h15 às 15h45 - A música como ferramenta que muda o futuro e impulsiona a resistência da periferia (local: ETE Porto Digital - Auditório)
- Debate: Zé Brown, BNegão, Nega Gizza e Cida Pedrosa
- Mediação: Gabi Apolônio
16/10 (quinta-feira)
13h30 às 15h15 - À beira do colapso ambiental: arte, resistência e último ato da humanidade (local: Casa Zero - Sala de Descompressão)
- Palestra: Paulo Queiroz
14h às 15h30 - Empreendedorismo e economia criativa no hip hop feminino (local: Centro de Artesanato - Auditório)
- Debate: Luhh Clement, Cifrasol, Fabidonas, Edgleice Barbosa, Najdaty Andrade e Jouse Barata
- Mediação: Nega Gizza
17/10 (sexta-feira)
10h às 11h30 - Educação perinatal antirracista reprogramando futuros e garantindo as vidas das crianças nas preciferias (local: Galeria Arte Plural)
- Debate: Karla Quintino e Edileuza Maria
11h15 às 13h15 - Oficina técnica para DJ’s (local: Muafro)
- Facilitação: Dj Nino Leal
14h às 15h15 - Hip hop, articulação política e estratégias de diálogos (local: Cais do Sertão - Auditório É do Povo)
- Debate: pastor Henrique Vieira, deputado estadual João Paulo, Rosângela Hilário, Dj Big e coletivos do GT Hip Hop PE (Associação Metropolitana de Hip Hop PE, Pão e Tinta, Instituto Iputinga Sociocultural e Cores do Amanhã)
- Mediação: Pedro Stilo
13h às 15h - Pegadas para o futuro (local: ETE. Porto Digital - Sala 3)
- Facilitação: Leo Custom Art
18/10 (sábado)
14h às 15h - Potência da periferia: estruturando projetos de Hip-Hop (local: Livraria Jaqueira - Galeria)
- Palestra: professor Jorge Henrique Soares
Homenagens
Em celebração aos 20 anos de existência, a Jornada de MC’s prepara um cerimonial para homenagear artistas, coletivos, figuras públicas e pessoas que fazem cultura hip hop em Pernambuco e no Brasil. Mais de 50 nomes recebem o reconhecimento.