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Orquestra Criança Cidadã se apresenta em Hiroshima com jovens de países em conflito

Excursão de músicos termina com concerto para o Papa Leão XIV, no Vaticano, após passar por Seul, na Coréia do Sul, e em Osaka, no Japão

Por Emannuel Bento Publicado em 24/09/2025 às 17:51

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A Orquestra Criança Cidadã, projeto recifense que promove acesso à cidadania por meio da arte, se une a jovens de países em conflito armado para enviar uma mensagem de paz ao mundo.

Nesta quinta-feira (25), 11 alunos selecionados entre centenas do projeto embarcaram para uma turnê de concertos na Ásia e no Vaticano. Ao lado deles, estarão jovens da Rússia, Ucrânia, Irã, Palestina, Israel e das Coreias do Sul e do Norte.

A turnê inclui apresentações no Youngsan Art Hall, em Seul, Coreia do Sul; no Parque Memorial da Paz, em Hiroshima, Japão - a primeira cidade devastada por uma bomba nuclear na história; e na Expo 2025, em Osaka, também no Japão.

O encerramento será um concerto para o novo papa, Leão XIV, no Vaticano, em 8 de outubro. No repertório do concerto de 70 minutos estão "Último Dia", de Levino Ferreira, em um medley final - que também terá "Tico-Tico no Fubá", de Zequinha de Abreu, entre outras obras.

Experiência internacional e expansão da iniciativa

Augusto Cataldi/Divulgação
Jovens selecionados da Orquestra Criança Cidadã ensaiam para concertos internacionais - Augusto Cataldi/Divulgação

Em 2023, a Orquestra já havia realizado uma incursão pacifista com parceiros russos e ucranianos, incluindo apresentação no Vaticano para o Papa Francisco, que faleceu em abril do ano passado.

"Essa ideia de concertos pela paz está sendo expandida para mais países. Temos um ex-membro da Orquestra, Antônio Tertuliano, que atualmente mora na Alemanha, e nos ajuda a estabelecer essas conexões, pois já viveu em Israel e conhece sul-coreanos e russos. Ele articula essa turnê junto conosco", explica José Renato Accioly, coordenador artístico do projeto e maestro titular da Orquestra Sinfônica Jovem.

"Ver jovens de países historicamente em conflito dividindo o mesmo palco, tocando lado a lado, é algo que emociona profundamente. Acreditamos, com todas as forças, que a música ainda é uma das poucas linguagens capazes de unir corações distantes" afirma José Targino, fundador da OCC e idealizador dos concertos.

Seleção e formação da comitiva

Augusto Cataldi/Divulgação
Jovens selecionados da Orquestra Criança Cidadã ensaiam para concertos internacionais - Augusto Cataldi/Divulgação
Augusto Cataldi/Divulgação
Jovens selecionados da Orquestra Criança Cidadã ensaiam para concertos internacionais - Augusto Cataldi/Divulgação

A orquestra brasileira selecionou os 11 alunos por meio de audições às cegas, método que avalia os músicos separadamente da banca examinadora por uma cortina, garantindo imparcialidade e ausência de favorecimento.

A faixa etária da comitiva nacional, sob regência do maestro José Renato Accioly, varia entre 16 e 22 anos, todos com mais de uma década de experiência no projeto.

Os escolhidos são: Pedro Henrique da Silva (violino), Maria Eduarda da Silva (viola), Cleybson Oliveira (cello), Ana Clara de Souza (viola), Lucas Gabriel Pereira (percussão), Lídia da Silva (percussão), Callyandra Batista (cello), André Ribeiro (violino), Geyphane Pereira (violino), Jéssica do Monte (violino) e João Victor de Araújo (percussão).

Aos alunos se juntam o professor de violoncelo Davi Cristian de Andrade e o contrabaixista Antonino Tertuliano, ex-aluno do projeto.

Músicos estrangeiros

A formação final inclui também músicos internacionais: os iranianos Amirmahziar Ghazemi (violino) Alavijeh e Naeim Hatami (viola); os israelenses Ori Shauel Wissner Levy (violino) e Simon Lemberski (viola); os ucranianos Petro Kuzma (violoncelo) e Oleksandr Puzankov (violino); os russos Nikita Shkuratov (violino) e Zlata Synkova (violino); as sul-coreanas Lee Youbg Kim (violino) e Youngseo Oh (contrabaixo); e as norte-coreanas Rina Choi (violino) e Soo Young Kim (haegeum).

José Targino reforça que a escolha dos músicos também é um gesto de esperança. "São vozes que, juntas, desafiam o barulho da guerra com o som da convivência fraternal e da harmonia. Mostram que todos somos irmãos, e são um símbolo vivo de que a paz não é utopia — ela pode ser ensaiada, tocada, sentida e vivida".

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