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'Cheguei até aqui com composições fortes e atemporais', diz Petrúcio Amorim, que comemora 40 anos de carreira com festival

No Festival São João Sinfônico, cantor se apresenta com a Orquestra de Câmara de Pernambuco; participam ainda Solange Almeida, Joyce Alane e mais

Por Emannuel Bento Publicado em 16/09/2025 às 15:38

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Existe um motivo pelo qual Petrúcio Amorim é chamado de "poeta do forró": foram as composições que salvaram sua carreira, pavimentando o caminho para o estrelato e permitindo que hoje ele viva exclusivamente da música.

O caruaruense do bairro Vassoural completa 40 anos de trajetória em 2025, tendo como marco inicial o disco "Doce Pecado", que mesclava ritmos regionais, como o baião, com o rock - uma ousadia para quem conheceu o artista já consolidado como forrozeiro.

Antes de chegar a esse disco, Petrúcio serviu à Aeronáutica por seis anos, no Recife. "Eu vim do interior direto para a caserna. Do nada, decidi sair para ver o outro lado do universo. Eu tive de fazer tudo novamente: conhecer músicos, intérpretes, compositores, gravadoras, estúdios, aprender a cantar no palco. Eu não tinha nada disso. Foi muito difícil para mim", relembra, em entrevista ao JC.

Festival Sinfônico

Nesta quarta (18) e quinta-feira (19), o artista celebra a marca de quatro décadas de carreira com o Festival São João Sinfônico, em que cantará acompanhado pela Orquestra de Câmara de Pernambuco, sob a regência do maestro José Renato Accioly.

O evento acontece no Instituto Ricardo Brennand, às 20h, com ingressos a R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia).

"Sou acostumado a tocar com a formação junina: sanfona, zabumba, bateria, guitarra. Entre acordes, violinos e trompas, a sensação é como se estivesse cantando em outro século. É algo muito diferente e muito, muito bonito", comenta sobre o show.

Também participam Solange Almeida (ex-Aviões do Forró) e Joyce Alane, na primeira noite, e Flaira Ferro, Letícia Bastos e As Januárias, na segunda. Ambas as apresentações terão o sanfoneiro Beto Hortis como solista e o Balé Cultural de Pernambuco.

'Doce Pecado' e os primeiros desafios

REPRODUÇÃO DA INTERNET
Capa de 'Doce Pecado', disco de Petrúcio Amorim, de 1984 - REPRODUÇÃO DA INTERNET

"Doce Pecado", lançado em 1985 pela Polygram, marcou a abertura da gravadora à música regional. O álbum contou com os melhores músicos da época e arranjos do maestro Edson Rodrigues.

"Eu não tive êxito no primeiro trabalho, nem no segundo. Precisei voltar para as composições. Paralelamente, escrevi para vários intérpretes, como Jorge de Altinho e Novinho da Paraíba, além de gravar alguns discos", lembra Petrúcio.

A carreira como cantor ganhou tração apenas em 1995, quando ele lançou o seu primeiro CD, 15 Anos de Forró, que trouxe o sucesso "Meu Cenário". A canção lhe rendeu mais de 40 regravações.

"Minha carreira não foi fácil. Tive muita dificuldade com as emissoras de rádio. Era muito complicado para mim, apesar de as músicas fazerem sucesso em outras vozes. Eu não tinha acesso às grandes FMs nem às rádios do interior. Quem me fortaleceu foram os programas de TV e o apoio das prefeituras, até chegar onde cheguei."

Na Boléia do Destino

Segundo o cantor, "as composições fortes, atemporais" foram essenciais para sua trajetória. "Não só voltadas para o lado junino, pois tocavam o ano todo e tocam até hoje. Muitas bandas me regravaram."

Um momento especial foi o disco A Festa do Forró, de 2000, que reuniu grandes intérpretes com suas composições. Outro marco foi o DVD "Na Boléia do Destino", de 2006, gravado no Teatro de Santa Isabel. "Até hoje nunca gravei outro DVD, porque acredito que o registro de 2006 é um documentário de toda a minha história."

Mesmo diante da redução de espaço do forró tradicional em programações, Amorim não se sente ameaçado. "O período da lambada foi complicado para todo mundo, depois passou", lembra, sobre o fenômeno vindo do Pará.

"O forró é como o samba. Os ritmos mudam, surgem modismos, mas chega um determinado momento em que todos voltam a ouvir Luiz Gonzaga. As pessoas retornam às origens e percebem que o forró é aquele ali, sempre esteve presente. Então, a gente não perde, principalmente dentro do Nordeste. Terminou o Carnaval, as pessoas já começam a pensar no forró. Eu faço isso há 40 anos, como o nosso grande Luiz Gonzaga, nosso professor maior", conclui.

SERVIÇO
Festival São João Sinfônico em homenagem a Petrúcio Amorim
Quando: 18 e 19 de setembro
Concerto-aula às 15h30, com acesso gratuito
Concerto às 20h, ingressos a R$ 80 e R$ 40 (meia), à venda no Guichê Web
Onde: Instituto Ricardo Brennand (Rua Mário Campelo, 700, Várzea)

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