Kleber Mendonça Filho recebe honraria do governo francês: 'Nossa conexão é o amor pelo cinema'
Cineasta recebeu a medalha da Ordem das Artes e Letras das mãos do embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, na Aliança Francesa do Recife

O cineasta Kleber Mendonça Filho recebeu das mãos do embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, a medalha francesa de Artes e Letras, em uma cerimônia realizada na Aliança Francesa do Recife, na noite da terça-feira (17).
A Ordem das Artes e Letras é uma condecoração concedida pelo Ministério da Cultura da França que visa recompensar "as pessoas que se distinguem pela sua criação no domínio artístico ou literário ou pela sua contribuição ao desenvolvimento das artes e das letras na França".
O evento contou com a presença do cônsul-geral da França no Recife, Serge Gas; da secretária de Cultura do Estado de Pernambuco, Cacau de Paula; da secretária de Cultura da cidade do Recife, Milu Megale; e do secretário executivo de Relações Internacionais do Recife, Marcos Toscano.
Também participaram a vice-cônsul da França no Recife, Elsa Sobral Noura; o adido de Cooperação Cultural, Sébastien Dahyot; o presidente da Aliança Francesa, Arnoldo José de Siqueira, e seu diretor, Stéphane Garin.
Esteve presente ainda a produtora Émilie Lescaux, companheira de Kleber Mendonça, que é francesa e figura essencial em sua trajetória e em seu universo cinematográfico.
'Amor dos franceses pelo cinema'
Em seu discurso, Kleber Mendonça ressaltou que viveu na Inglaterra durante a adolescência, nos anos 1980, por conta de uma pesquisa de sua mãe, a historiadora Joselice Jucá.
Contudo, na vida adulta, aproximou-se mais da França, onde passou a cobrir o Festival de Cannes para o Jornal do Commercio, a partir de um convite da Aliança Francesa. Na época, apenas jornais do Sudeste cobriam o evento. "Minha conexão mais forte com a França - e que continua cada vez mais forte - é o amor dos franceses pelo cinema", afirmou.



"Foi na França que encontrei percepções do cinema com as quais eu já me identificava: as possibilidades de ver o cinema como poesia, como documentação, como instrumento para a educação, como ferramenta de identidade - para mim mesmo ou para todo um povo."
"O cinema como prova de um romantismo destemido e também de experimentação; como discurso político; o cinema como elemento catalisador de convívio em lugares públicos; o cinema como espetáculo popular ou como a expressão radical de uma ideia que talvez não alcance multidões, mas que irá promover mudanças importantes em algumas poucas pessoas", completou Kleber.
Embaixador
O embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, destacou que o cineasta conseguiu criar uma obra coerente, mesclando crítica social, memória, resistência e emoção. "Você transformou o cinema em um espaço de reflexão política, com um olhar inteligente, empático e bem-humorado", disse.
"Seu vínculo com a França é profundo e vivo. Assim como para muitos profissionais do setor, o cinema francês inspirou seus primeiros passos como coordenador do cinema da Fundação Joaquim Nabuco e diretor do festival Janela Internacional de Cinema do Recife. Desde o início de sua trajetória internacional, a França reconheceu a força do seu cinema", afirmou, mencionando exibições como a de Aquarius (2016) em Cannes.
Prêmio
Recentemente, Kleber foi consagrado Melhor Diretor no Festival de Cannes 2025 por Filho, o Agente Secreto. O ator principal, Wagner Moura, recebeu o prêmio de Melhor Atuação Masculina.
Em 5 de junho, Mendonça recebeu a Ordem do Mérito Guararapes, maior honraria do Estado de Pernambuco, da gestão Raquel Lyra (PSD), junto ao cineasta Gabriel Mascaro.
Na Aliança Francesa, o momento simbólico também reforçou os laços entre França e Brasil no campo do cinema e da cultura, em um ano especial que celebra os 200 anos de relações diplomáticas e a Temporada Cruzada França-Brasil 2025.